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Bancada da bala diz que porte de arma é solução para evitar novas tragédias; Maia reage

No Congresso, parlamentares usam massacre de Suzano para discutir flexibilização do Estatuto do Desarmamento; Bolsonaro, Moro e Vélez prestam solidariedade às vítimas

13 mar 2019 - 19h22
(atualizado às 20h37)
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BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) reagiu à tentativa de parlamentares da Frente de Segurança Pública de defender a flexibilização do porte de armas como alternativa para evitar tragédias como a de Suzano, que deixou 10 mortos, entre eles os dois atiradores, e 10 feridos. Um pouco antes do massacre, o presidente Jair Bolsonaro disse a jornalistas que dormia com uma arma ao lado da cama no Palácio do Alvorada.

"O que eu espero é que alguns não defendam que, se os professores estivessem armados, teriam resolvido o problema. Pelo amor de Deus. Espero que as pessoas pensem um pouquinho primeiro nas vítimas dessa tragédia e depois compreendam que o monopólio da segurança pública é do Estado. Não é responsabilidade do cidadão. Se o Estado não está dando segurança, é responsabilidade do gestor público da área de segurança", disse Maia, que pediu a suspensão da sessão desta quarta-feira durante a tarde em homenagem às vítimas.

Sem citar nomes, Maia afirmou que a ideia aventada por alguns defensores do porte de armas levaria a uma "barbárie". "Já não basta o debate sobre posse. Um pedido como esse não é sobre posse, é sobre porte em área urbana. Aí passamos para uma proposta de barbárie no Brasil que não deve avançar", afirmou.

As falas de Maia respondem a colocações do senador Major Olímpio (PSL-SP) e do deputado Capitão Augusto (PR-SP), que defenderam a liberação da posse como uma saída para evitar ou minimizar o ataque. Durante reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, Olímpio disse que se algum funcionário da escola portasse arma de fogo, a tragédia que aconteceu nesta manhã em uma escola de Suzano, na Grande São Paulo, seria minimizada.

O senador atacou fortemente o Estatuto do Desarmamento e os críticos do decreto assinado por Bolsonaro que flexibilizou as regras para obtenção da posse de arma. Para o parlamentar, apesar do decreto presidencial, a legislação continua muito restritiva e peca por omissão.

"Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos, vamos discutir a legislação: onde nós estamos sendo omissos?", disse o senador, que argumentou pelo direito do cidadão comum ter maior acesso a armas dizendo que "a população botou Bolsonaro como presidente da República para ser um impulsionador de garantias para o cidadão, para que não tenhamos tragédias desta natureza".

De acordo com o Capitão Augusto, líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como bancada da bala, a tragédia não altera a intenção do grupo de colocar na pauta a discussão sobre o direito ao porte de arma. O parlamentar disse ao Estado que no próximo dia 20 a frente será oficializada com "mais de 300 nomes", que defenderão as mudanças imediatas da atual legislação. "Os desarmamentistas vão tentar usar esse fato para criticar a proposta. Não vamos ceder. O direito à posse e ao porte é o que a população quer".

No Congresso, a oposição criticou o posicionamento da bancada. Parlamentares do PT e o PSOL foram às redes sociais atacar a política de liberação da posse de armaa, sancionada por decreto pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que a política de Bolsonaro de liberação das armas resulta no incentivo "à violência". A deputada Samia Bomfim (PSOL-SP) atacou as falas do senador Major Olímpio. "Armas servem para matar. Quanto mais armas de fogo, mais violência e mais mortes.", afirmou pelas redes sociais.

Governo

O presidente Jair Bolsonaro, pelo Twitter, prestou solidariedade às vitimas da tragédia. "Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!", escreveu o presidente.

Os ministros Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e Vélez Rodríguez, da Educação, ligaram para o governador João Doria para prestar solidariedade. Vélez disse que iria a Suzano ainda nesta quarta-feira. O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que casos como o de Suzano estão acontecendo com mais frequência no País. "É muito triste. A gente tem que chegar à conclusão por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil, aconteciam m outros países", disse o vice.

Estadão
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