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Após vistoria, trânsito no Viaduto Alcântara Machado é liberado parcialmente para carros

Liberação parcial nos dois sentidos aconteceu no fim da manhã; nova vistoria será feita daqui uma semana para avaliar a permissão para caminhões; prefeito Bruno Covas esteve no local e afirmou que não há dano estrutural

13 set 2019 - 11h53
(atualizado em 14/9/2019 às 07h47)
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SÃO PAULO - Após ser atingido por um incêndio na noite desta quinta-feira, 12, o viaduto Alcântara Machado, na região da Mooca, na zona leste de São Paulo, começou a ser liberado para carros nesta sexta-feira, 13. Por volta de 11h, o trânsito para veículos leves foi liberado no sentido centro. E, pouco tempo depois, no sentido bairro. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) está no local e faz a orientação aos motoristas, por causa das restrições. Após a ocorrência na noite de quinta, o viaduto foi interditado totalmente. A São Paulo Transporte (SPTrans) também divulgou alterações no trajeto dos ônibus que passam pela região.

Técnicos da Prefeitura estiveram no viaduto pela manhã. O prefeito Bruno Covas acompanhou os trabalhos de vistoria e afirmou que não foi detectado dano estrutural. "O dano aqui não é estrutural, de acordo com as primeiras avaliações dos técnicos da Secretaria de Obras da Prefeitura. Toda a recuperação deve levar mais de dois meses. Daqui uma semana, vamos reavaliar a utilização por parte dos carros, se é o caso de ampliar ou reduzir o número de faixas", disse, em entrevista coletiva.

"É mais uma questão externa que interna. Vocês viram que várias vigas foram avariadas nesse incêndio, mas a população pode usar essas três faixas de cada lado (do viaduto)", reforçou.

Covas também explicou como vai funcionar o esquema de trânsito neste primeiro momento. "Vamos liberar três vias em cada sentido do viaduto apenas para carros. Em cima do viaduto são cinco vias em um sentido (bairro) e quatro (centro) no outro. Aqui, caminhões já não circulam em determinados períodos. Agora, não poderão circular por 24 horas até que os técnicos liberem", disse o prefeito. A passagem de ônibus em cima do viaduto também está proibida neste primeiro momento.

Causas

"Jogaram fogo aqui. Foi um incêndio criminoso, não foi problema de eletricidade. Perdi todas as minhas coisas", lamenta a desempregada Taís Martins, de 27 anos, que mora, há 8 anos, com marido em um dos barracos que pegou fogo.

A irmã de Taís, Jaqueline da Silva, de 33 anos, também lamentou. "Eu poderia estar aqui com meus filhos. Jogaram fogo aqui."

Segundo Patrícia Ribeiro, de 33 anos, que morava havia 8 meses embaixo do viaduto, o incêndio começou de forma repentina. "Estava muito quente e eu estava sentada em um dos bancos, quando vi a fumaça preta. Jogaram algum combustível em uma das barracas que contornava a praça embaixo do viaduto." Ela perdeu a cama, guarda-roupa e um animal de estimação, um passarinho.

A polícia está investigando as causas do incêndio. Os bombeiros foram acionados nesta quinta-feira por volta das 19h. O fogo foi controlado e o rescaldo terminou por volta de 23h. Cerca de 100 pessoas que viviam no local tiveram os bens destruídos.

"A expectativa quando eu vim (ontem) era de que 100 pessoas estavam morando aqui, mas o cadastro feito pelos técnicos da assistência social e próprios moradores apontaram que 65 pessoas moravam aqui", disse Covas.

Segundo ele, desde 2017, a Prefeitura aguarda autorização judicial para fazer a reintegração. "Não é um processo novo. Estávamos às vésperas da marcação e, infelizmente, tivemos o incêndio. Assim que a data for decidida, divulgamos como nas outras reintegrações."

A Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) prestou atendimento aos afetados pelo incêndio. Ao todo, 32 famílias foram atendidas. Foram oferecidos 70 colchões, 70 cobertores, 40 cestas básicas e 40 kits de higiene e acolhimento. Apenas uma pessoa aceitou. As outras famílias recusaram a oferta de acolhimento e preferiram ir para casa de familiares, ainda de acordo com a Prefeitura.

Vistorias

Segundo a Prefeitura, o viaduto Alcântara Machado foi vistoriado visualmente em janeiro deste ano. Durante os trabalhos, os técnicos não constataram a necessidade de intervenções emergenciais. Em junho, foi publicado um edital para contratação de laudo estrutural, mas, em agosto, a licitação foi suspensa para atender questionamentos do Tribunal de Contas do Município (TCM).

"O tribunal solicitou uma justificativa de algum dano que pudesse apontar a necessidade emergencial, mas aqui não havia nada. Esse viaduto está dentro de um lote que está sendo solicitado para a Secretaria de Infraestrutura para poder contratar dentro dos prazos que a lei de licitação impõe a qualquer poder público", disse Covas.

Em nota, a Prefeitura afirma que prevê a realização de vistorias em 185 pontes e viadutos da cidade. Deste total, 73 já passaram por vistoria visual, o que resultou na contratação emergencial de 18 laudos estruturais, que já foram entregues. Atualmente, 36 laudos estão com as licitações suspensas, para atender pedido de esclarecimentos feitos pelo TCM. A licitação para contratação de outros 19 laudos está sendo elaborada e os trabalhos de vistorias visuais continuam sendo executados.

Segundo Covas, a meta é chegar até o fim do ano que vem com todos os laudos prontos. "Alguns estão sendo contratados de forma emergencial e outros precisam passar por todos os prazos que a lei de licitação coloca."

Estadão
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