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Após incêndio em favela em Natal, família vive de doações

Após incêndio em favela de Natal, famílias estão em acampamento improvisado dentro de cemitério com recursos mínimos

15 ago 2018 - 03h10
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NATAL - Um incêndio em uma favela no início deste ano destruiu quase tudo do pouco que a desempregada Maria de Fátima Fernandes, de 24 anos, juntou ao longo da vida. Mãe de dois filhos, o caçula com 45 dias, ela e a família moram em barraco erguido com restos de madeira, plástico e lona no Assentamento Olga Benário, zona oeste de Natal. "É tudo muito difícil. Meu marido está desempregado e a gente sobrevive do Bolsa Família, por causa do meu filho mais velho, que vai à escola."

A menos de 2 metros da cama na qual dormem Maria de Fátima, o filho mais velho de 3 anos, o recém-nascido e o marido, está um vaso sanitário cujo dejetos são canalizados para uma fossa séptica ao ar livre.

O acesso à água potável se dá por ligações clandestinas. Nem sempre o líquido é suficiente para ela e outras 133 famílias que dividem o terreno, um cemitério público, que nunca foi usado por questões judiciais, e acabou invadido.

Maria de Fátima trocou o Ceará pelo Rio Grande do Norte em busca de vida melhor. Desde que nasceu, o filho mais novo não voltou ao pediatra para o acompanhamento médico necessário, pois a família sequer tem condições de pagar uma passagem de ônibus. "Estamos numa situação extrema", comenta, cabisbaixa.

Sem festa

Perto dali e privado de cinco dos seis direitos básicos listados pelo estudo do Unicef, além da pobreza monetária, o filho mais novo de Maria do Livramento Florentino, de 28 anos, não vai ganhar uma festa de aniversário nesta quarta, 15, quando completa 3 anos. Desempregada, a mãe dele e de mais dois meninos garante a alimentação da família com R$ 280 que recebe do Bolsa Família, única fonte fixa de renda. "Meus filhos e eu vivemos de doação."

A escola pública infantil fica a 40 minutos de caminhada por trechos usados por bandidos para desova de cadáveres e estupros. A energia elétrica que alimenta os barracos é oriunda de torres de alta tensão que passam por cima das moradias, o que torna a área mais perigosa. O lixo fica espalhado, sem qualquer controle pelo local.

Estadão
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