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Análise: Solução para combater roubos em aeroportos não envolve armas, mas estratégia

Para especialista, ocorrências como a de Viracopos e Cumbica demonstram planejamento dos criminosos e devem ser combatidas com inteligência

18 out 2019 - 05h11
(atualizado às 05h47)
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SÃO PAULO - Um assalto como o de Viracopos, que teve três suspeitos mortos e três reféns, e o de Cumbica (em julho, quando foram roubados 720 quilos de ouro), ocorre quando há o vazamento de informações estratégicas das empresas envolvidas com a movimentação do dinheiro. As duas ações tiveram planejamento extremamente sofisticado. São criminosos com boa capacidade de organização e de investimento, uma vez que a execução do crime é cara. E, por isso, muitas vezes estão ligados a facções criminosas - que podem financiar a ação.

É importante que, a partir de situações como essa, as polícias iniciem um estudo de caso para buscar todas as vulnerabilidades que permitiram a ação. É o segundo roubo de grande escala e risco em aeroportos de São Paulo somente no ano.

Sou contrário ao uso de armas por vigilantes dessas empresas por não acreditar que seja válido arriscar a vida de alguém por uma questão patrimonial. Essas empresas não dão treinamento de tiro e de operações como a polícia. Por isso, as chances de algo sair errado são muito grande.

O uso de armamento mais pesado também não vai desestimular os criminosos, a única consequência seria a morte de mais pessoas em uma ação. A melhor forma de inibir esse tipo de ação seria adotar a estratégia já muito usada na Europa, o sistema de tinta nos malotes de transporte. Assim como os bancos começaram a fazer no Brasil com o caixas eletrônicos. A solução para esse tipo de crime não é poder de fogo, mas diminuir a possibilidade de os criminosos levarem o dinheiro.

*JOSÉ VICENTE FILHO É MEMBRO DO FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA E EX-SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA

Estadão
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