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Ação de GCM e Polícia Militar termina em tumulto na Cracolândia

Em outra operação, na favela do Moinho, um policial, uma criança e um jovem ficaram feridos

2 jul 2020 - 23h29
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Uma ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo e da Polícia Militar para limpeza da Cracolândia, na região da Nova Luz — centro da cidade —, terminou em tumulto nesta quinta-feira, 2. Moradores do local se recusaram a sair para a realização da operação, fato que desencadeou um "início de distúrbio", segundo a PM. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo afirmou que não houve registro de ocorrência e/ou feridos na operação.

Também nesta quinta-feira, em ação policial próxima ao local, na favela do Moinho, uma criança de dez anos, um jovem de 18 anos e um PM ficaram feridos. Moradores relataram abordagem truculenta dos agentes do 5º Batalhão de Choque (Canil), que realizaram a operação.

A SSP informou que, durante o patrulhamento, um dos cães farejadores apontou a presença de drogas em uma residência. "Um homem fugiu da abordagem pelos telhados dos imóveis e algumas pessoas confrontaram os policiais", disse a secretaria. O policial ferido foi levado a um pronto-socorro.

De acordo com Arnobio Rocha, integrante do núcleo de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que acompanhou a movimentação, os policiais estavam entrando nas residências sem mandado. Quando os moradores perceberam, teriam começado a expulsá-los do local.

Na tentativa de afastar os PMs, uma lixeira foi queimada na esquina da Alameda Eduardo Prado com a Avenida Rio Branco. A polícia revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Segundo o advogado, os ânimos só foram acalmados depois da interferência da equipe de três representantes da OAB que estavam no local.

Em uma das casas invadidas pelos policiais, que portavam armamentos de alto calibre, estava Sidney Santos de Lima, de 18 anos. Rocha conta que o jovem estava dormindo e foi acordado com os policiais dentro de seu quarto. Assustado, ele teria pulado do segundo andar de sua casa.

Sidney teve a mão cortada e deve passar por uma cirurgia. "A avaliação que foi feita é de que poderia perder o movimento da mão", diz o advogado. Além dele, um menino de dez anos, deficiente físico e mental, foi mordido por um dos cachorros que acompanhavam os policiais.

Rocha diz que a operação foi marcada por uma forte tensão entre moradores e policiais. "A comunidade estava muito revoltada", afirma. Um dos motivos para essa revolta da comunidade, segundo o advogado, foi uma operação realizada há dois anos na favela que terminou com a morte de Leandro de Souza Santos, com 18 anos na época.

"Os mais jovens diziam que não tinham nada a perder. Falavam 'eles vêm aqui, matam a gente e não acontece nada'", relata o representante da OAB.

Estadão
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