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Bolsonaro volta a criticar possibilidade de Cristina Kirchner comandar mais uma vez a Argentina

3 mai 2019 - 17h00
(atualizado às 17h13)
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar, nesta sexta-feira, a possibilidade de a ex-presidente argentina Cristina Kirchner vencer a eleição prevista para outubro deste ano e o que isso representaria para o país vizinho.

Presidentes Mauricio Macri e Jair Bolsonaro
16/01/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidentes Mauricio Macri e Jair Bolsonaro 16/01/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Durante discurso na cerimônia de formatura do Instituto Rio Branco no Itamaraty, com os novos diplomatas brasileiros, Bolsonaro disse, sem citar o nome da ex-presidente, que ninguém quer uma nova Venezuela no sul da América do Sul.

"Além da Venezuela, a preocupação de todos nós deve voltar-se um pouco mais ao sul agora na Argentina, por quem poderá voltar a comandar aquele país", disse Bolsonaro no início do discurso. "Não queremos, acho que o mundo todo não quer, uma outra Venezuela mais ao sul do nosso continente."

Em entrevista após o evento, Bolsonaro explicou que a Argentina enfrenta uma forte crise econômica e as últimas pesquisas apontam a liderança da ex-presidente Cristina Kirchner nas próximas eleições presidenciais.

Na noite de quinta-feira, em uma transmissão ao vivo, Bolsonaro já havia abordado esse tema, argumentando que a ex-presidente argentina é ligada aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, assim como ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e ao atual mandatário daquele país, Nicolás Maduro.

"Se isso voltar, com toda a certeza a Argentina vai entrar numa situação semelhante à da Venezuela", disse Bolsonaro na quinta-feira.

Mais tarde, questionado se as declarações do presidente não eram uma intromissão em assuntos internos de outro país, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que a intenção do governo brasileiro é ajudar no desenvolvimento econômico do vizinho.

"Na medida que a gente possa contribuir para que a Argentina retome o crescimento e saia dessa situação complicada que estão vivendo, isso pode ter um impacto político, mas é lá deles", afirmou, esclarecendo que não se trata de um apoio direto ao atual presidente, Mauricio Macri.

"O presidente deixou bem claro a preocupação dele com o que o retorno do regime anterior poderia significar para toda região com base na experiência que a gente viveu", explicou.

"Falar em apoio acho que não é a questão, mas é esse nosso compromisso de achar uma pauta, temos uma pauta muito intensa com o governo Macri."

De acordo com Araújo, "no momento", a situação de Argentina e Venezuela são diferentes, mas que a Venezuela chegou a atual condição por "decisões péssimas de um regime péssimo".

"Então tudo que a gente não quer para os irmãos de qualquer país é algo que possa apontar nessa linha", disse.

VENEZUELA

Já em relação à Venezuela, Bolsonaro afirmou nesta sexta que é preciso que as "fissuras" na base das Forças Armadas daquele país cheguem ao topo ou o presidente Nicolás Maduro não cairá, e destacou que o Brasil não pretende abrir diálogo com o atual governo porque Maduro não iria ceder ao que seria proposto.

"A gente espera que essa fissura que está na base do Exército vá para cima. Não tem outra maneira. Se você não enfraquecer o Exército da Venezuela, o Maduro não cai", afirmou Bolsonaro a jornalistas no Itamaraty.

Ao ser questionado se o Brasil mandaria emissários para tentar conversar com os militares ou com o próprio presidente venezuelano, negou.

"Acho que não tem o que conversar com ele. O que queremos no meu entender ele não vai querer", afirmou.

Depois da tentativa frustrada do autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guaidó de derrubar o governo de Maduro, a avaliação do governo brasileiro é que Guaidó não conseguiu aglutinar em torno de si os altos escalões das Forças Armadas.

As "fissuras na base", citadas por Bolsonaro e outros membros do seu governo, mostram uma tendência nos escalões mais baixos e mais suscetíveis à crise econômica do país de apoiar Guaidó, mas que ainda não se refletiram entre os generais.

Em seu discurso no Itamaraty, o presidente também fez um apelo aos novos diplomatas para que trabalhem para um Brasil aberto aos grandes fluxos econômicos e para defenderem a democracia e a liberdade.

Bolsonaro lembrou aos diplomatas: "Quando os senhores falham entramos nós, das Forças Armadas. E confesso que torcemos muito para que vocês não falhem."

Mais tarde, na entrevista, esclareceu que a declaração não se referia à Venezuela ou a uma situação concreta.

"Eles (diplomatas) que nos evitam entrar em guerra, muito simples. Quando acaba a saliva entra a pólvora. Não queremos isso. Temos que tentar a solução dos conflitos de forma pacífica", afirmou.

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