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Bolsonaro reitera crítica a restrições por coronavírus e cita possível ameaça à normalidade democrática

25 mar 2020 - 09h24
(atualizado às 09h51)
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar nesta quarta-feira medidas de restrição adotadas para conter o coronavírus e mencionou possível ameaça à normalidade democrática do país.

Bolsonaro cumprimenta apoiadores em frente ao Palácio do Planalto 15/3/2020 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro cumprimenta apoiadores em frente ao Palácio do Planalto 15/3/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Em entrevista a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, o presidente também afirmou que "alguns poucos governadores" --citando especificamente os de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC)-- estão cometendo "um crime" e "arrebentando com o Brasil".

"O que é que preciso ser feito? Botar este povo para trabalhar, preservar os idosos, preservar aqueles que têm problemas de saúde, mais nada além disso. Caso contrário, o que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que pode acontecer no Brasil", disse.

"Todos nós pagaremos um preço que levará anos para ser pago, se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês tanto defendem. Ninguém sabe o que pode acontecer no Brasil", disse o presidente, citando a possibilidade de saques a supermercados.

Indagado por jornalistas sobre sua fala a respeito de ameaça à democracia, Bolsonaro disse que ela partiria "da esquerda" que, segundo ele, se aproveitaria do "caos" para chegar ao poder.

"Não é da minha parte, não. Fique tranquilo", disse.

Ele ainda acusou Doria e Witzel, com quem se reunirá nesta manhã em videoconferência junto aos demais governadores da Região Sudeste, de fazerem demagogia em relação à pandemia de coronavírus.

"Alguns poucos governadores, não são poucos --em especial Rio e São Paulo-- estão fazendo uma demagogia barata em cima disso. Para esconder outros problemas, se colocam junto à midia como os salvadores da pátria", afirmou.

"Não adianta depois governador vir pedir GLO para conter o caos que, infelizmente, já aparece no nosso horizonte", afirmou, referindo-se a decretos de Garantia da Lei da Ordem editados pelo governo federal para que as Forças Armadas auxiliem em crises de segurança pública nos Estados.

ISOLAMENTO VERTICAL

Bolsonaro também rebateu as críticas que sofreu pelo pronunciamento que fez na véspera em rede nacional, no qual voltou a minimizar a pandemia de coronavírus e criticou medidas de restrição à circulação.

"Fui criticado por quem? Por quem nunca fez nada pelo Brasil? Fico muito feliz pelas críticas", rebateu.

Um dos que criticaram a fala de Bolsonaro foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que considerou grave o posicionamento manifestado no discurso e disse que o país precisa de uma liderança responsável.

"É um direito dele, mas se eu falo um 'a' contra ele é uma crise institucional. Então não vou falar nada", afirmou, antes de dizer que telefonaria para Alcolumbre nesta quarta-feira.

Bolsonaro defendeu o que chamou de "isolamento vertical", no qual somente idosos e pessoas portadoras de doenças permaneceriam confinadas e disse que falará com o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, para que essa seja a orientação da pasta daqui para frente.

"A orientação vai ser (o isolamento) vertical daqui para frente. E vamos conversar com ele (Mandetta) e tomar uma decisão", disse.

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