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A Barroso, Segovia diz que nunca quis interferir em inquérito contra Temer

19 fev 2018 - 21h32
(atualizado às 21h38)
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O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, disse nesta segunda-feira ao ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não quis "em momento algum" interferir no andamento do inquérito dos portos, que envolve o presidente Michel Temer, antecipar conclusões ou induzir o arquivamento do caso.

Ministro Roberto Barroso, do STF, durante sessão da corte 
23/11/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro Roberto Barroso, do STF, durante sessão da corte 23/11/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Segovia reuniu-se nesta tarde por 20 minutos com Barroso, relator do inquérito, após ter sido intimado pelo ministro do STF na semana passada a esclarecer as declarações que havia dado em entrevista exclusiva à Reuters antes do Carnaval.

Na entrevista, o diretor-geral da PF disse que não tinha encontrado indícios de corrupção no inquérito dos portos e indicou tendência de arquivamento do mesmo. Ele destacou ainda que o delegado responsável pelo caso, Cleyber Malta Lopes, pode ser questionado pela Corregedoria da PF e até mesmo punido pelos questionamentos feitos a Temer, se houver uma reclamação formal da parte do presidente. [nL2N1Q41M7]

A íntegra das declarações de Segovia ao ministro do STF não foram divulgadas até o momento. Em um despacho no qual resumiu o encontro, Barroso relatou que o diretor-geral da PF apresentou-lhe um ofício no qual prestou esclarecimentos sobre a entrevista concedida à Reuters e amplamente divulgada pela imprensa. Também apresentou a transcrição da entrevista ao ministro do Supremo.

Na linha de defesa que adotou após os desdobramentos da entrevista, Segovia disse que "suas declarações foram distorcidas e mal interpretadas", segundo o relato de Barroso.

Relatou-lhe que "em momento algum pretendeu interferir no andamento do inquérito, antecipar conclusões ou induzir o arquivamento". Também disse que "não teve a intenção de ameaçar com sanções o delegado encarregado, tendo também aqui sido mal interpretado". Por último, afirmou que "se compromete a não fazer qualquer manifestação a respeito dos fatos objeto da apuração".

Após o breve relato das considerações feitas por Segovia no despacho, Barroso determinou que a manifestação escrita dele seja juntada ao inquérito dos portos. Ele decidiu remeter cópia das declarações à PF, onde se encontram os autos da investigação.

O ministro do Supremo também decidiu dar ciência das declarações ao Ministério Público Federal, órgão responsável por conduzir as investigações.

A Procuradoria-Geral da República recebeu na sexta-feira passada a notificação da primeira decisão de Barroso, que pediu que avalie tomar "providências que entender cabíveis".

O ministro do STF já tinha determinado que Segovia não se manifestasse mais, quando o intimou a dar explicações. "Determino a intimação do senhor diretor da Polícia Federal, delegado Fernando Segovia, para que confirme as declarações que foram publicadas, preste os esclarecimentos que lhe pareçam próprios e se abstenha de novas manifestações a respeito", escreveu Barroso, na intimação.

Segovia entrou e saiu do STF sem falar com a imprensa.

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