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Brasil para de monitorar desmatamento no Cerrado apesar do aumento da destruição

6 jan 2022 - 19h47
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O Brasil vai parar de monitorar o desmatamento no Cerrado, a savana mais rica em espécies do mundo, disse um pesquisador do governo nesta quinta-feira, citando falta de recursos, dias após dados mostrarem que a destruição atingiu o nível mais alto em seis anos em 2021.

O Cerrado, que se estende por vários Estados brasileiros, é um grande baluarte contra as mudanças climáticas devido ao carbono que absorve. Muitas vezes é comparado a uma floresta de cabeça para baixo por causa de suas plantas profundamente enraizadas no solo.

O desmatamento aumentou 8% no Cerrado, para 8.531 quilômetros quadrados, nos 12 meses até julho, mostraram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na sexta-feira.

A decisão de interromper o monitoramento do Cerrado foi tomada por conta de cortes no orçamento, afirma Cláudio Almeida, cientista que coordena o monitoramento por satélite do Inpe.

O Inpe não produzirá mais dados anuais do desmatamento do Cerrado a menos que encontre uma nova fonte de financiamento, disse Almeida em mensagem por escrito.

Uma "equipe mínima" continuará produzindo dados mensais do desmatamento no Cerrado, mas ficará sem dinheiro em seis meses ou menos, segundo ele.

A assessoria de imprensa do Inpe não respondeu a pedido de comentários.

A ação para interromper o monitoramento do Cerrado parece ser outro revés para a proteção ambiental sob o presidente Jair Bolsonaro.

O presidente é crítico das proteções ambientais que impedem o crescimento econômico e enfraqueceu a aplicação das leis de conservação.

O Palácio do Planalto não respondeu imediatamente a pedido de comentário.

Marcio Astrini, chefe do grupo ambientalista Observatório do Clima, disse esperar que o governo encontre financiamento para continuar monitorando um ecossistema tão vital.

"É o monitoramento que vai demonstrar se esse desmatamento está avançando ou não e se o desmatamento vai condenar um bioma que é tão importante para os brasileiros", afirmou.

Mas ele disse que não está otimista devido ao histórico de Bolsonaro. O presidente já atacou o Inpe, chegando a acusar a agência, em 2019, de mentir sobre os dados que mostram o desmatamento da floresta amazônica.

Nesta semana, cientistas expressaram alarme com o aumento da destruição no Cerrado, dizendo que resulta em enormes emissões de gases de efeito estufa e ameaça levar espécies à extinção.

"Toda vez que você vai a campo no bioma Cerrado para fazer uma pesquisa não é raro encontrar uma espécie nova de planta ou da própria fauna", disse Manuel Ferreira, geógrafo da Universidade Federal de Goiás. "Então estima-se que há bastante espécies ainda não estudadas."

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