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Bolsonaro diz que voto impresso é questão para militar tratar

Durante toda a sua fala, Bolsonaro repetiu os ataques que têm feito aos adversários da adoção do voto impresso

29 jul 2021 - 21h00
(atualizado às 21h38)
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BRASÍLIA - Um ano e quatro meses depois de dizer que apresentaria provas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema de votação, mas sem mostrar nada que comprovasse os supostos problemas. Se não trouxe provas, Bolsonaro usou sua live, feita no Palácio da Alvorada, para atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, e para defender que os militares possam se manifestar sobre o sistema de votação.

Na semana passada, o Estadão revelou a ameaça feita pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, avisando ao presidente da Câmara, Arthur Lira, através de um emissário político, que não haveria eleições em 2022 se o voto impresso não fosse aprovado pelo Congresso. Apesar de a ameaça ter provocado grande mal estar político, Bolsonaro insistiu na defesa da posição dos militares.

O presidente Jair Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro.
Foto: Twitter/Reprodução / Estadão

"Alguns desses criticaram militares do meu lado, dizendo que isso não é uma questão para nós tratarmos. Que é uma questão política. Não. Todos são obrigados a votar no Brasil, de maiores de 18 anos até os 70. Então, interessa a todos nós. Essas eleições têm a ver com a nossa soberania nacional, nosso relacionamento com o mundo todo", afirmou o presidente.

Durante toda a sua fala, Bolsonaro repetiu os ataques que têm feito aos adversários da adoção do voto impresso. Em tom melodramático, o presidente afirmou "que está em jogo é mais do que a nossa vida. É a nossa liberdade".

"Eu quero eleições no ano que vem. Vamos realizar eleições no ano que vem. Mas eleições limpas, democráticas", disse. "Parece que tem interesse pessoal do presidente do TSE. Parece que a honra dele está em jogo", disparou. "Ele não quer eleição. Ele quer impor um nome", acusou o presidente se referindo a Barroso.

Nos últimos dias, Bolsonaro acirrou seu movimento a favor do voto impresso. A proposta que tenta estabelecer a mudança sofreu um revés político na Comissão Especial que discute o tema. Contrários à proposta, dirigentes de 11 partidos se mobilizaram para derrubar a votação, que só não foi feita antes do recesso parlamentar por causa de uma manobra política do presidente da Comissão, deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que adiou a discussão. Com a medida quase sepultada no Congresso, Bolsonaro e o ministro da Defesa fizeram a ameaça de não haver eleições, caso o voto impresso seja derrotado.

Bolsonaro e um de seus assistentes apresentaram vídeos que representariam indícios de fraudes das urnas eletrônicas. O próprio Bolsonaro, porém, reconheceu que são apenas indícios e que não há como provar a suposta fraude. O TSE encaminhou a jornalistas no começo da noite diversas checagens rebatendo pontos do discurso do presidente sobre supostas fraudes na urna eletrônica. Problemas nas teclas da urna e a suposta exclusividade do Brasil no uso do sistema eletrônico foram alguns dos pontos do discurso do presidente desmentidos pelo tribunal.

Estadão
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