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Bolsonaro diz que afasta Ciro Nogueira do governo se ele for 'julgado e condenado'

Presidente do Progressistas, o senador é réu no caso do 'Quadrilhão do PP', aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019

26 jul 2021 - 19h50
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BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 26, que, se o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) for "julgado e condenado" em qualquer uma das ações em que é réu, será afastado do governo. O presidente convidou Ciro para assumir a Casa Civil no lugar do atual ministro Luiz Eduardo Ramos. Presidente do Progressistas, o senador é réu no caso do 'Quadrilhão do PP', aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019 e investigado pela Polícia Federal sob acusação de envolvimento em esquemas de propina.

À rádio Arapuan, da Paraíba, Bolsonaro afirmou que, se for afastar do seu convívio os parlamentares que são réus ou que têm inquéritos abertos, perderia quase metade do Parlamento. Questionado especificamente sobre Ciro Nogueira, ele respondeu: "Se (Ciro) for julgado e condenado, afasto do meu governo". Em seguida, o presidente disse que qualquer investigado só é culpado após a sentença ter transitado em julgado. "Eu sou réu no Supremo, sabia disso? Então, eu não deveria estar aqui", argumentou ele, ao lembrar que é réu por injúria e apologia ao crime de estupro em processo movido pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). "Tenho que governar com quem o povo mandou para cá."

Ciro teria um encontro nesta segunda-feira com Bolsonaro, mas o avião em que ele embarcaria para Brasília, vindo de uma viagem internacional, sofreu atraso. A reunião entre os dois deverá ocorrer nesta terça e é possível que a posse do senador na Casa Civil ocorra ainda nesta semana.

Segundo o presidente, sem o apoio dos partidos de centro, o governo não seria capaz de aprovar nada na Câmara com os pouco menos de 300 votos restantes, principalmente propostas de emenda à Constituição, as quais dependem do apoio de três quintos da Casa, ou 308 deputados. "Temos que nos aproximar do maior número de partidos que possam trazer apoio para a gente poder governar, poder ter voto dentro do Parlamento. O Centrão é nome pejorativo de vários partidos de centro, que têm sido úteis para nós aprovarmos muita coisa", afirmou Bolsonaro que citou o reajuste ao Bolsa Família como proposta que depende do apoio do grupo. Na semana passada, Bolsonaro lembrou o período em que era deputado para proferir uma célebre frase: "Eu também sou Centrão".

Ao ser questionado sobre a contradição com as promessas de campanha em 2018, quando afirmou que não se renderia ao toma lá, dá cá, Bolsonaro disse haver uma "grande diferença" com as administrações do PT. "Eles (Lula e Dilma) distribuíram estatais para os partidos políticos: a Petrobras, os Correios, o BNDES, a Caixa Econômica, Banco do Brasil. Nada disso está nas mãos de políticos no meu governo. Então, há uma diferença enorme entre o que Lula e Dilma fizeram no passado e o que eu faço agora", afirmou. Na prática, porém, Bolsonaro loteou o governo, os partidos aliados fazem indicações para todas as estatais e, com a entrada de Ciro na Casa Civil, o Centrão terá o poder cada vez mais ampliado.

Estadão
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