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Bolsonaro diz que Abin monitora Sínodo da Amazônia

Presidente afirmou ainda que existe influência política no encontro de bispos que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes

31 ago 2019 - 21h29
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro confirmou neste sábado, 31, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora o Sínodo da Amazônia, conforme revelou o Estado em fevereiro. O encontro de bispos previsto para ocorrer no mês que vem em Roma vai discutir temas ambientais e é visto com ressalvas pelo governo brasileiro.

"Tem muita influência política lá sim", afirmou o presidente em almoço com jornalistas na tarde deste sábado, 31, no quartel-general do Exército, em Brasília. Quando questionado sobre o monitoramento da Abin, Bolsonaro afirmou que agência monitora todos os grandes grupos.

A declaração do presidente contraria o que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou em fevereiro. Na ocasião, em nota divulgada à imprensa, o órgão a qual a Abin está subordinada negou que o evento fosse alvo de monitoramento. "A Igreja Católica não é objeto de qualquer tipo de ação por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que, conforme a legislação vigente, acompanha cenários que possam comprometer a segurança da sociedade e do estado brasileiro", diz trecho do comunicado enviado na época.

A reportagem do Estado revelou que o Palácio do Planalto tenta conter o que considera um avanço da Igreja Católica em temas considerados agenda da esquerda, como mudanças climáticas, situação dos povos indígenas e desmatamento. Na ocasião, o alerta ao governo veio de informes da Abin e dos comandos militares, que relataram encontros de cardeais brasileiros com o Papa Francisco, no Vaticano.

Na sexta, em resposta a críticas do governo Bolsonaro, a Igreja Católica afirmou que os bispos envolvidos na organização do Sínodo da Amazônia estão sendo "criminalizados" e tratados como "inimigos da Pátria". Em carta, religiosos rebateram avaliações de que o evento, que tem em sua pauta questões ambientais, represente alguma ameaça à "soberania nacional", como argumenta o Palácio do Planalto e alas conservadoras do clero.

Na conversa com jornalistas, ao ser questionado se considera o papa "de esquerda", Bolsonaro evitou responder diretamente. "Não vou arrumar confusão com os católicos. Só posso dizer que o papa é argentino", brincou.

Estadão
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