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Bolsonaro: amigos na polícia ajudaram a aliviar 'tensão' de chance de busca em casa de filhos

Segundo presidente, havia tentativa de 'plantarem provas' e que era papel do então ministro Sérgio Moro defendê-lo

23 mai 2020 - 00h13
(atualizado às 00h49)
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro sugeriu na noite desta sexta-feira, 22, que amigos dele nas polícias Civil e Militar ajudaram a aliviar a "tensão" provocada pela "possibilidade de busca e apreensão" na casa de um de seus filhos. "O tempo todo vivendo sob tensão. Possibilidade de busca e apreensão na casa de filho meu, onde provas seriam plantadas. Graças a Deus, tenho amigos policiais civis e policiais militares no Rio de Janeiro... Estava sendo armado para cima de mim", declarou o presidente, na portaria do Palácio da Alvorada.

Sem especificar a que se referia, Bolsonaro não deixou claro se teve alguma informação privilegiada de operações que poderiam afetá-lo politicamente. Alegou, porém, que era papel do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, defendê-lo, para que pudesse "trabalhar" e "ter paz".

"Moro, eu não quero que me blinde, mas você tem a missão de não deixar eu ser chantageado. Nunca tive sucesso pra nada. É obrigação dele me defender. Não é me defender de corrupção, de dinheiro encontrado no exterior. Não. É defender o presidente para que ele possa trabalhar, possa ter paz", disse Bolsonaro.

O ex-ministro da Justiça usou as redes sociais, em seguida, para rebater o presidente, sob o argumento de que não é atribuição de quem ocupa o cargo obstruir investigações em curso na Justiça estadual.

Moro disse, ainda, que as únicas apurações relacionadas a Bolsonaro que chegaram ao seu conhecimento ocorreram em dezembro de 2019 e envolveram um filho e um amigo do presidente. Nessa época, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o ex-assessor dele Fabrício Queiroz foram alvos de operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigava lavagem de dinheiro. Buscas e apreensões foram realizadas em endereços ligados a ambos.

"Não cabe também ao Ministro da Justiça obstruir investigações da Justiça Estadual, ainda que envolvam supostos crimes dos filhos do Presidente. As únicas buscas da Justiça Estadual que conheço deram-se sobre um filho e um amigo em dezembro de 2019 e não cabia a mim impedir", afirmou o ex-juiz da Lava Jato, em postagem no Twitter.

No último domingo, o empresário Paulo Marinho (PSDB-RJ), que, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, disse ter ouvido de Flávio que um policial federal "vazou" a ele informações sigilosas sobre a investigação na Assembleia e recomendou a pronta exoneração de Queiroz.

A partir das declarações do empresário, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal abriram procedimentos para averiguar a denúncia. O empresário alega ter provas.

No vídeo da reunião ministerial de 22 de abril - peça-chave para o desfecho do inquérito aberto em virtude das denúncias feitas por Moro, que acusou Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal -, o presidente revelou usar um "sistema de informações" particular, que seria mais eficiente do que os oficiais.

"Sistemas de informações, o meu funciona. O meu particular funciona. Os que têm oficialmente, desinforma (sic). E, voltando ao tema, prefiro não ter informação a ser desinformado em cima de informações que eu tenho", afirmou o presidente na reunião de 22 de abril.

Nesta sexta-feira, ao fazer uma espécie de pronunciamento em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que esse sistema particular consiste na remessa de informações por parte de policiais e militares de sua confiança, espalhados pelo País.

Estadão
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