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Autoridades alemãs sabiam há semanas de ataques a políticos

5 jan 2019 - 17h53
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Agência federal responsável por segurança cibernética é alvo de críticas após seu chefe afirmar que atividades suspeitas foram informadas em dezembro. Órgão se defende alegando que vazamento em massa só eclodiu em 2019.As autoridades em segurança cibernética da Alemanha foram alvo de uma enxurrada de críticas neste sábado (05/01) após relatos de que eles teriam tido conhecimento em dezembro do vazamento de dados que atingiu o país, mas não alertaram a polícia.

Merkel esteve entre os centenas de políticos alemães que tiveram seus dados roubados e divulgados on-line
Merkel esteve entre os centenas de políticos alemães que tiveram seus dados roubados e divulgados on-line
Foto: DW / Deutsche Welle

Centenas de políticos alemães, incluindo a chanceler federal Angela Merkel e o presidente Frank-Walter Steinmeier, tiveram seus dados roubados e divulgados on-line, através do Twitter. O caso atingiu também outras personalidades do país, entre celebridades e jornalistas.

O Departamento Federal de Tecnologia de Informação (BSI) aparentemente teve conhecimento sobre os primeiros vazamentos em dezembro, mas o Departamento Federal de Investigações (BKA) só foi informado sobre o crime nesta sexta-feira, segundo a agência de notícias DPA.

Em entrevista a uma emissora alemã, o presidente do BSI, Arne Schönbohm, disse que o departamento entrou em contato com alguns parlamentares em dezembro para informar sobre os ataques e ativou uma "equipe de resposta a incidentes com dispositivos móveis".

"Já havíamos mantido conversas no início de dezembro com certos membros do Parlamento que foram afetados", afirmou Schönbohm na sexta-feira.

Em comunicado neste sábado, o BSI se defendeu afirmando que só teve conhecimento dos ataques em massa que atingiram centenas de pessoas em janeiro, e que, em dezembro, foi informado apenas de alguns casos isolados de vazamentos, que não puderam ser relacionados um ao outro.

Segundo a nota, o departamento alemão foi contatado por um parlamentar no início de dezembro com relatos de atividade suspeita em suas redes sociais e e-mail privado.

"Somente tomando conhecimento do vazamento de dados em massa através da conta de Twitter 'G0d' em 3 de janeiro de 2019 é que o BSI, em uma análise mais aprofundada, pôde em 4 de janeiro conectar esse e outros quatro casos que o BSI tomou conhecimento em 2018", diz o texto. "No início de dezembro, não era previsível que haveria mais casos."

Antes do pronunciamento do departamento alemão, uma série de políticos do país lançou críticas ao órgão, exigindo uma resposta das autoridades de segurança cibernética.

O deputado Jens Zimmermann, do Partido Social-Democrata (SPD), membro da coalizão do governo, disse ser "extremamente insatisfatório" que alguns parlamentares só tiveram conhecimento sobre o vazamento através da imprensa.

Já Dietmar Bartsch, deputado do partido oposicionista A Esquerda, afirmou ser "completamente inaceitável" o fato de as autoridades não terem informado os líderes partidários sobre o caso com antecedência.

O vazamento - aparentemente o mais abrangente a ocorrer no país - atingiu todas as legendas representadas no Parlamento, exceto a populista Alternativa para a Alemanha (AfD).

Na conta do Twitter, já apagada, foram vazados dados confidenciais de celulares, conversações privadas, endereços de políticos e outros dados particulares, assim como documentos internos de partidos, entre eles a União Democrata Cristã (CDU), o SPD, o Partido Verde, A Esquerda e o Partido Liberal Democrático (FDP).

Entre os afetados estão membros do Parlamento alemão e do Parlamento Europeu, assim como políticos de Legislativos regionais e municipais.

Segundo a porta-voz do governo federal alemão, Martina Fietz, uma investigação preliminar indicou que não houve vazamento de "nenhuma informação sensível ou dados" da chancelaria - apenas o número de fax, dois endereços de e-mail e algumas cartas recebidas e escritas por Merkel.

"O governo está levando este incidente muito a sério", afirmou Fietz. As autoridades ainda não sabem quem está por trás dos ciberataques.

EK/ap/dpa/rtr

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