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Ataque a zona humanitária em Gaza deixa ao menos 19 mortos, diz Ministério da Saúde em Gaza

10 set 2024 - 09h56
(atualizado às 15h38)
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Israel confirma bombardeio, mas contesta número de vítimas inicialmente divulgado e diz que mirou membros do Hamas que estariam operando dentro da área em Khan Yunis.Um ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF) a um acampamento que abriga palestinos deslocados pela guerra em Gaza matou pelo menos 19 pessoas e feriu outras 60 na madrugada desta terça-feira (10/09), segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, território controlado pelo grupo palestino Hamas.

Socorristas vasculham a areia em busca de corpos após o ataque em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza
Socorristas vasculham a areia em busca de corpos após o ataque em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza
Foto: DW / Deutsche Welle

Mais cedo, a Defesa Civil havia dito que 40 pessoas morreram na ação. O número foi contestado por militares israelenses, que disseram que o ataque visava membros do Hamas, grupo considerado uma organização terrorista por Israel e diversos outros países, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos.

O Hamas afirmou que a diferença no número de mortos divulgado por um órgão e pelo outro se devia ao fato de que o Ministério da Saúde só contabiliza corpos levados a hospitais, enquanto a Defesa Civil também registraria os restos mortais de vítimas ainda não resgatadas.

Os números do Ministério da Saúde em Gaza são em geral considerados confiáveis, embora nenhum órgão em Gaza diferencie entre combatentes e civis.

Ataque a zona humanitária

Esse foi um dos ataques mais mortais já realizados em Mawasi, na área da cidade de Khan Yunis, que abriga um conjunto de acampamentos que Israel designou como zona humanitária para centenas de milhares de civis que buscam abrigo da guerra entre Israel e Hamas.

Um jornalista da agência de notícias AP relatou ter visto três grandes crateras no local, onde os socorristas e desabrigados vasculhavam a areia e os escombros com ferramentas de jardinagem e as próprias mãos, à luz de telefones celulares.

A Defesa Civil de Gaza afirmou que seus socorristas encontraram 40 corpos e ainda estavam procurando por pessoas. Segundo o órgão, famílias inteiras foram mortas em suas tendas.

O Hospital Nasser, em Khan Yunis, um dos três hospitais a receber vítimas, afirmou que cerca de duas dúzias de corpos foram trazidos do local do ataque.

Israel afirma ter mirado membros do Hamas

Os militares israelenses disseram que sua aeronave atingiu "terroristas importantes do Hamas que estavam operando dentro de um centro de comando e controle embutido dentro da área humanitária em Khan Yunis". As forças israelenses disseram que usaram munições precisas, vigilância aérea e outros meios para evitar vítimas civis.

O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, contestou o número relatado de vítimas numa postagem na rede social X, dizendo que os relatos "não se alinham com as informações disponíveis, as armas precisas usadas e a precisão do ataque".

Segundo ele, os membros do Hamas mortos estavam diretamente envolvidos no ataque de 7 de outubro de 2023 e os acusou de cometerem outros ataques recentes contra Israel e as forças israelenses, sem entrar em detalhes.

O Hamas divulgou um comunicado negando que houvesse membros do grupo na área. Nem Israel nem o Hamas forneceram provas para fundamentar suas afirmações.

O direito internacional autoriza ataques a alvos militares em áreas onde houver presença de civis, desde que a força usada seja proporcional ao objetivo militar - casos de análise complexa e cuja palavra final cabe aos tribunais, se levados a julgamento.

Zona humanitária no sul de Gaza

A guerra causou grande destruição na Faixa de Gaza e deslocou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de habitantes. As forças israelenses designaram uma zona humanitária que abrange Mawasi e Khan Yunis, no sul de Gaza, e Deir al-Balah, na parte central do território palestino.

As ordens de evacuação israelenses, que agora cobrem cerca de 90% do território, empurraram centenas de milhares de pessoas para Mawasi, uma extensa linha de acampamentos de barracas ao longo da costa litorânea no sul de Gaza. A maioria dos deslocados está amontoada em tendas, com condições humanitárias precárias, marcadas pela falta de água e energia

Os grupos de ajuda humanitária têm enfrentado dificuldades para fornecer até mesmo serviços básicos em Mawasi, e Israel tem ocasionalmente atacado alvos lá, apesar de designá-la como zona humanitária.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que mais de 40 mil palestinos foram mortos em Gaza desde o início da guerra. Ele não faz distinção entre combatentes e civis em sua contagem.

Os militantes palestinos liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel. Eles sequestraram outras 250 pessoas e ainda mantêm cerca de 100 reféns, dos quais cerca de um terço são dados como mortos.

as/ra (AP, Efe, AFP, Lusa)

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