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Anistia Internacional retira prêmio de Nobel da Paz

12 nov 2018 - 22h58
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Organização de direitos humanos toma decisão diante de indiferença da líder Aung San Suu Kyi com as atrocidades cometidas por militares contra minoria muçulmana rohingya no oeste de Myanmar.A Anistia Internacional retirou nesta segunda-feira (12/11) o prêmio concedido à líder de Myanmar, Aung San Suu Kyi, por sua indiferença com as atrocidades cometidas por militares contra a minoria muçulmana rohingya, que vivia no estado de Rakhine, no oeste do país.

Anista diz que Aung San Suu Kyi ignora violações cometidas contra rohingyas
Anista diz que Aung San Suu Kyi ignora violações cometidas contra rohingyas
Foto: DW / Deutsche Welle

Suu Kyi recebeu o prêmio Embaixadora da Consciência, a mais alta distinção da organização de direitos humanos em 2009. Ela foi inclusive vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991.

A Anistia disse estar "profundamente desapontada" por Suu Kyi já não ser "um símbolo de esperança, coragem e defesa eterna dos direitos humanos" e face à sua "vergonhosa traição" considera que não pode justificar a conservação do prêmio. Num comunicado, a organização informou que "com grande tristeza" que iria lhe retirar a distinção.

"Como Embaixadora da Consciência da Anistia Internacional, a nossa expectativa era que continuasse a utilizar a sua autoridade moral para falar contra a injustiça sempre que se deparasse com ela, em particular em Myanmar", escreveu o secretário-geral da organização, Kumi Naidoo.

O comunicado lembra que o governo da líder está envolvido em múltiplas violações dos direitos humanos e destaca que durante a onda de repressão contra os rohingyas, iniciada em agosto de 2017, "as forças de segurança de Myanmar mataram milhares, violetaram mulheres e meninas, detiveram e torturaram homens e rapazes e incendiaram centenas de habitações e aldeias".

Em 25 de agosto de 2017, um ataque de insurgentes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa) contra postos policiais e militares na região deixou mais de uma centena de mortos - a maior parte guerrilheiros - e desencadeou uma nova campanha militar na região.

O governo de Myanmar negou com veemência acusações de limpeza étnica, insistindo que estava apenas respondendo a ataques cometidos por rebeldes rohyngya. Segundo um relatório da ONU, existem elementos de "genocídio intencional" na operação militar contra a minoria muçulmana. Mais de 720 mil rohingyas fugiram para a vizinha Bangladesh desde o início do ataque.

As autoridades alegam que os rebeldes querem criar um Estado muçulmano autônomo no país de maioria budista. O governo classifica os rohingya de "bengaleses", ou seja, cidadãos do país vizinho Bangladesh. Apesar de alguns deles viverem há gerações no país, Myanmar lhes nega a cidadania plena.

No comunicado, a Anistia reconhece que "o governo civil não controla os militares", mas considera que Suu Kyi e o seu gabinete têm "protegido as forças de segurança" da prestação de contas "rejeitando, minimizando ou negando alegações de violações e dificultando investigações internacionais sobre abusos".

A organização acusa ainda o governo birmanês de promover a hostilidade contra os rohingyas ao classifica-los como terroristas e alegar que eles estavam mentindo sobre violações. A Anistia afirma que o governo falha também em áreas onde tem autoridade para fazer reformas para melhor proteger os direitos humanos.

"Nos dois anos desde que a administração de Suu Kyi assumiu o poder, defensores dos direitos humanos, ativistas pacíficos e jornalistas têm sido detidos e outros enfrentam ameaças e são hostilizados e intimidados devido ao seu trabalho", assinala a Anistia.

A atuação de Suu Kyi em relação à perseguição dos rohingyas a levou a perder no último ano vários prêmios, como o Elie Wiesel do Museu do Holocausto dos Estados Unidos ou o da Liberdade de Edimburgo concedido pela cidade escocesa. Sua passividade diante à violência foi criticada por diversas organizações.

CN/ap/afp/lusa

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