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Análise: Vaga no Conselho da ONU pode definir futura missão do País

É preciso lembrar que, na maioria das vezes em que o Brasil cumpriu mandato no Conselho, enviou tropas para missões de paz

1 dez 2020 - 05h18
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A decisão de sair da Unifil foi tomada pela Marinha em razão de se priorizar o Atlântico Sul. Nunca tivemos tropa no exterior durante tantos anos seguidos, um esforço louvável. Com isso, perde-se um pouco de visibilidade. Mas há outras ações igualmente relevantes que contribuem para manter o prestígio e um alto perfil no Sistema ONU de paz e segurança. Por exemplo, diplomatas brasileiros têm historicamente papel relevante de articulação nas Nações Unidas, assim como merece atenção o trabalho de militares e policiais em diversas missões, atividades pouco visíveis se comparadas às tropas em missões.

Recentemente, o Exército anunciou que vai treinar uma nova tropa para ser desdobrada no futuro, o que pode acontecer em 2022. Além disso, o Brasil iniciou sua campanha para a eleição do Conselho de Segurança da ONU, que ocorrerá em junho de 2021. Muito provavelmente, ele deve ser eleito para o mandato de 2022 a 2023 por ser o representante do Grupo de Países da América Latina e Caribe, nas Nações Unidas. É preciso lembrar que, na maioria das vezes em que o Brasil cumpriu mandato no Conselho, o País enviou tropas para missões de paz.

As operações de manutenção de paz têm uma história de mais de 70 anos. Apesar de a Minustah (Haiti) ter terminado há três anos e da saída da tropa da Unifil, ainda temos capital político dessas missões, o que permite que três generais brasileiros tenham comandado o braço militar da missão da República Democrática do Congo ou que oficiais brasileiras recebessem prêmios pelo trabalho como gender advisors da força de paz na República Centro-Africana. O Brasil é dos poucos países que não têm a bandeira queimada pela arrogância ou pela indiferença. Ainda podemos explorar esse efeito político.

*PROFESSORA DA FGV

Estadão
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