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Análise: Objetivo é manter equilíbrio de uma gestão civil com militares

Bolsonaro não tem um governo militar. Tem um governo com militares na administração

31 mai 2020 - 05h10
(atualizado às 16h37)
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O mantra do Palácio do Planalto é válido. Este não é um governo militar. É um governo com militares na administração. Pois é. Ainda. E essa equação não pode fugir do controle. O completamento de quadros civis com pessoal do efetivo do Exército, Marinha e Aeronáutica é definido por um integrante do Alto Comando como "uma solução fácil na procura por comprometimento, dedicação e caráter". Para ele, "são pessoas que, convocadas, vão encarar o trabalho como uma missão a ser cumprida". 

O oficial lembra que os 2,9 mil cargos até agora ocupados pelos oficiais representam uma proporção pequena em relação ao total de 617 mil postos distribuídos pelas 300 carreiras do funcionalismo federal. Durante os primeiros quatro dos cinco governos do regime pós-golpe de março de 1964 foi bem pior. No final do período, sob o então presidente João Batista Figueiredo, general com longa experiência no tenebroso Serviço Nacional de Informações (SNI), extinto em 1990, foi organizada uma saída discreta e gradual dos militares de dentro da capilarizada malha da administração. Foram criados estímulos para a volta aos quartéis e às bases.

Ainda assim, pouco antes da posse de José Sarney em abril de 1985, havia cerca de 10 mil militares em atividades do governo, de acordo com um ex-analista do Estado Maior das Forças Armadas (Emfa), desativado em 1999. O fluxo da retirada se manteve nos anos seguintes. O que houve depois foi um longo empenho na profissionalização das Forças Armadas. Mudanças nos currículos e exigências das escolas superiores de formação, qualificação de especialistas e "adequação ao pensamento geopolítico de um mundo em transformação", na opinião do oficial do Alto Comando ouvido há dois dias pelo Estadão.

A preocupação política passou a ser uma questão pessoal principalmente nas faixas operacionais, oficialidade de média patente que cuida das ações de campo. Os mesmos que atuam agora na Operação Verde Brasil 2 de vigilância contra ilícitos na Amazônia Legal. A ação que destrói tratores e escavadeiras de desmatadores e garimpeiros clandestinos apreendeu 6,3 mil m³ de madeira clandestina, prendeu traficantes e aplicou R$ 16 milhões em multas.

Estadão
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