No terceiro dia das audiências do processo de extradição contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, seus advogados resolveram abandonar a estratégia de acusar a Espanha de possuir "motivações políticas" contra o réu.A defesa do general anunciou que renunciava por enquanto a esta estratégia diante do tribunal, cuja sentença deve ser pronunciada em meados de outubro. As acusações, lançadas ontem em um documento entregue diretamente ao juiz, foram recebidas com indignação e surpresa pela promotoria.
O promotor Alun Jones considerou "lamentável" a estratégia de seus adversários. "Não se pode lançar acusações tão graves sem apresentar provas. Não se pode, também, empregar esse tipo de argumentos na última hora, sem que o adversário tenha preparado sua resposta", disse.
"Nossa posição é que a Espanha não aceita politicamente o regime do general Pinochet e a derrubada de seu predecessor, Salvador Allende", afirmavam os defensores do ex-ditador, na declaração escrita entregue ao juiz Ronald Bartle. Os advogados de defesa também alegaram que o juiz de instrução espanhol Baltasar Garzón "também conseguiu dissimular seus prejuízos políticos" neste caso.
Caso fosse aceita pelo juiz, tal acusação poderia deter o processo, pois a legislação internacional estabelece que uma extradição pode ser recusada se o país que a pede atuar por motivos políticos.
Após novo confronto, esta quarta-feira pela manhã, na sala de audiências, o principal advogado de Augusto Pinochet, Clive Nicholls, assegurou que "esperaria a Alta Corte, se for o caso", para insistir no assunto.
Em outras palavras, os advogados do general se reservam a possibilidade de voltar a questionar a acusação, se o tribunal de Bow Street se pronunciar a favor da extradição, e se essa sentença for contestada na Alta Corte.
Por conseguinte, o promotor renunciou ao pedido de adiamento dos debates para preparar sua contra-ofensiva. Voltará a tomar a palavra hoje à tarde, e o juiz dará por concluídos os debates, possivelmente amanhã.
Fonte: AFP