Não é de hoje que a mulher busca seu espaço. Vagas nas melhores universidades, nas diretorias das grandes empresas e até postos ocupados exclusivamente por eles contam com a presença delas. O sucesso profissional se reflete no comportamento e, conseqüentemente, nos relacionamentos. Quando o assunto é infidelidade, os homens ainda ganham, embora o número de mulheres infiéis mereça atenção. De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (EVSB)*, projeto coordenado pela psiquiatra e professora da USP (Universidade de São Paulo) Carmita Abdo, 52% dos homens já traíram pelo menos uma vez, contra 22% das mulheres. » Ranking das brasileiras mais infiéis
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Esses 22% não são desconsideráveis se pensarmos em tudo o que mudou de uns tempos para cá. Nos últimos 40 anos, a idade de iniciação sexual feminina diminuiu dos 22 para os 17 anos, enquanto a idade média em que as mulheres (nível secundário completo e universitário) casam aumentou de 22 para 28 anos. Isso quer dizer que até a estréia na vida conjugal, as mulheres passam bons anos entre erros e acertos na vida amorosa. Além disso, a mesma pesquisa mostra que a mulher vêm assimilando bem a idéia de sexo sem compromisso. Cerca de 60% das mulheres não valorizam o compromisso em relacionamento.
O que não mudou é a atitude dos sexos em relação à traição e o tabu em relação ao assunto. "A mulher é mais discreta para falar. Ao contrário dos homens, ela não conta vantagem. Ela divide a experiência com a melhor amiga ou com quem confie. Não é uma experiência tranqüila. Ela não se orgulha disso e sofre", diz Carmita Abdo.
A faixa etária entre 30 e 40 anos é a que mais se permite experimentar relações extraconjugais, segundo a pesquisa. "É uma fase em que a mulher já tem um bom tempo de casada e a sexualidade ainda está à flor da pele. Quando a mulher é mais nova, ela ainda tem esperança e acredita na entrega e na transparência de um relacionamento, enquanto as mais velhas geralmente deixam de ver o envolvimento sexual como o mais importante", diz a psiquiatra.
* Realizada pelo Projeto Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com o laboratório Lilly, a pesquisa entrevistou 7.103 pessoas entre 18 e 80 anos em 17 cidades do Brasil entre novembro de 2002 e fevereiro de 2003.