Certa vez, o Ministro da Cultura, Francisco Weffort, cismou de querer impor uma lei que aumentasse a taxa de compra dos discos de artistas estrangeiros, fossem eles de pop, rock, jazz... Segundo Weffort, a medida visava "proteger" o produto nacional. Por sorte, a "brilhante" idéia do nosso "guardião" da cultura nacional não vingou. Esse fato lembra um assunto que, vez por outra, é motivo de debates entre intelectuais, artistas e acadêmicos: A suposta "má influência" que a música estrangeira exerceria sobre a cultura nacional. Bem, tempos atrás reclamava-se bastante de que a maior parte da programação das rádios e da produção fonográfica era dominada pela música estrangeira - ou, sendo mais exato, pela americana. No entanto, de alguns anos pra cá, a situação é outra: Estima-se que, atualmente, 70% da produção nacional de discos seja de artistas da terra, enquanto que os outros 30% fica dividido entre os artistas americanos e de outros países. Como se sabe, a responsabilidade por essa virada no jogo é da turma do pagode, axé music e sertanejo e, mais recentemente, do pessoal do forró (?) estilizado tipo Mastruz com Leite. Aí muita gente vai dizer: "Que bom, nossa música está na frente!". É... porém, em quase tudo na vida há os prós e os contras. Em termos de quantidade demos um grande salto, mas em termos qualitativos... Nós da MANGUENIUS acreditamos que o real valor da música esteja na sua qualidade e verdade e não no seu aspecto comercial ou, muito menos, na sua nacionalidade. Pra nós não existe essa de: "ah, só a música brasileira é que presta!" ou "só o erudito ou folclórico é que tem valor". Que nada! Assim como existe muita coisa boa feita por americanos e europeus, também há muita (mas, muita mesmo!) coisa ruim sendo feita por brasileiros. Por outro lado, assim como existe música popular de qualidade, também há muita coisa descartável no rock e no pop. Isso sem falar na questão do gosto, pois quem odeia frevo ou jungle não vai amá-los, de uma hora pra outra, mesmo se escutar trabalhos bem feitos dos respectivos estilos. Por tudo isso, é que na MANGUENIUS você vai ouvir falar de sons aparentemente tão díspares (pra nós, não) quanto o de algum artista popular ou regional ou da porrada de algum grupo de thrash metal pernambucano. Basta que ambos sejam verdadeiros e sinceros no que fazem. E vou dizer mais uma coisa. Sinceramente. entre Axé Blond e Rage Against the Machine, prefiro infinitamente mais o grupo americano (e põe infinito nisso). |