Foto de Jorge Martins: Beto Dantas
Foto do garoto: Mozart Santos
O ritmo do Cascabulho
por Adelson Luna

Forró, maracatu, embolada, coco, samba, rock e pop. Todos esses ritmos fazem parte do universo do Cascabullo www.cascabulho.cesar.org.br - um dos destaques da atual geração de bandas pernambucanas que vêm dando uma nova cara à música popular do Estado, aliando a tradição e o folclore à música contemporânea mundial.

No entanto, ao escolher o delicado caminho da fusão de ritmos, é imprescindível que os membros do grupo levem em conta aspectos importantes na hora de criar e arranjar suas composições: possuir conhecimento detalhado de cada ritmo, identificar todas as suas nuances, ter bom domínio dos instrumentos e saber combinar estilos aparentemente "estranhos" uns aos outros. No Cascabulho, um dos principais responsáveis por essa alquimia de sons é o percussionista Jorge Martins.

Recifense, nascido no dia 05 de março de 1965, Jorge Martins da Silva tornou-se membro do Cascabulho quando, em 1995, os fundadores da banda, Silvério Pessoa (vocal) e Kleber Magrão (teclado), fizeram-lhe o convite durante um dos workshops da I Oficina de Percussão do Recife (evento que contou com a participação de nomes como Chuck Silverman, Joe Morello, Robertinho Silva, Flávio Pimenta, entre outros).

Os primeiros passos no mundo da percussão foram facilitados pelo ambiente sonoro do Morro da Conceição, localizado em Casa Amarela - bairro mais populoso do Recife e, por tal motivo, o mais visitado por políticos em época de campanha eleitoral. Lá, Jorge teve (e ainda tem, já que continua morando no local) os contatos iniciais com as rodas de coco, terreiros de candomblé, escolas de samba e maracatus.

Jorge Martins estudou percussão erudita no Centro Profissionalizante de Criatividade Musical do Recife (CPCMR), onde foi aluno do professor Jediel Dutra - uma figura que, segundo ele, contribuiu bastante para sua formação. Para o percussionista do Cascabulho, Jediel está no mesmo patamar de importância de outro personagem marcante em sua carreira: Naná Vasconcelos, com o qual participou de oficinas.

De Gonzaga à Sepultura - Jorge Martins reclama do preconceito que os profissionais do ritmo ainda sofrem no Brasil (um país cuja música é altamente percussiva).
Sobre o seu gosto musical, Jorge segue a tendência de boa parte dos músicos das novas bandas de Pernambuco: o ecletismo. "Gosto de tudo. Já tive preconceitos, mas desfiz vários deles. Tudo que é som é música, desde que haja a intenção de fazer música", diz. Além de artistas como Luís Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Naná Vasconcelos, Jorge Martins também anda escutando Jamiroquai, Prodigy e até Sepultura. "O bom da vida é saber conviver com tudo", defende.

Paralelamente ao Cascabulho, o percussionista desenvolve atividades de educação por meio da música com crianças "especiais" (portadores de síndrome de down, por exemplo) e professores da rede pública. Juntamente com outro membro da banda, o também percussionista e baterista Wilson Farias, Jorge mantém em funcionamento, há pouco mais de um ano, o Corpos Percutidos, um grupo-oficina dedicado exclusivamente à percussão e que vem crescendo a cada dia com a chegada de novos alunos.

COMO SE TORNAR UM BOM PERCUSSIONISTA, SEGUNDO JORGE MARTINS:
» Ter boa cordenação motora;
» Participar de oficinas;
» Ler revistas especializadas;
» Escutar todo tipo de música, estando sempre atendo aos arranjos de percussão;
» Conhecer a história rítmica do seu país;
» Entender como os grupos folclóricos tocam seus instrumentos;
» Assistir a videoaulas.