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por Mariana Ribeiro |
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Criado em 98, o projeto Maracatu Atômico agitou, durante três meses, o bairro do Recife Antigo, promovendo o encontro dos principais maracatus de Pernambuco. Agora, o projeto inicial se transformou num CD, que será lançado no próximo dia 07 de outubro, na Rua da Moeda, lá mesmo no Recife Antigo. Participam do disco e do encontro, os grupos Estrela de Ouro de Aliança, Leão Vencedor de Carpina, o Piaba de Ouro (esses de maracatu de baque solto), Nação Erê e Leão Coroado (maracatu de baque virado). Este último, com mais de 100 anos: foi fundado em 1863. Segundo Marcelo Pedroso, assessor de imprensa do projeto, a escolha desses grupos se deu, principalmente, pelo fato de serem maracatus de raiz, voltados para a tradição e serem os mais respeitados. O único que não se enquadra nas tradições seculares é o Nação Erê, da comunidade de Brasília Teimosa, no Recife. Ele vem com uma proposta alternativa de assimilar a cultura popular pernambucana na educação das crianças da comunidade. Nesse grupo, apenas crianças participam, inclusive na ala dos batuques. Além da música, o CD traz depoimentos dos mestres dos maracatus. Na gravação, figuras como João Limoeiro, Zé Duda e Mestre Salustiano falam sobre suas carreiras, da tradição e da importância do maracatu em suas vidas. Inclusive, é bom registrar que foi o Mestre Zé Duda - um senhor franzino de 69 anos que encanta a todos com seu espírito jovem - quem ensinou Siba, do Mestre Ambrósio, a "sambar" maracatu. Dificuldades - Apesar de toda sua importância e riqueza culturais, os maracatus enfrentam grandes dificuldades financeiras. Em muitos casos, contam apenas com apoio da prefeitura de suas cidades. Mesmo assim, o dinheiro não paga o cachê dos integrantes. Isso porque estamos falando das agremiações mais tradicionais como Piaba de Ouro, comandado pelo Mestre Salustiano (aquele de "Salustiano Song", música de Chico Science e Nação Zumbi), que é conhecido até no exterior, e o Estrela de Ouro de Carpina, que já gravou especiais para a MTV e já esteve presente nas páginas da ShowBizz. Maracatu de baque virado e maracatu de baque solto A distinção entre os maracatus começa pelo nome. Todos de baque virado trazem o nome de Nação (devido à ligação direta com as nações de candomblé), sendo originários da coroação dos Reis Negros, que era uma cerimônia realizada pelos escravos da cana-de-açúcar. Nessa cerimônia, era escolhido um líder negro entre os escravos.
Já o maracatu de baque solto, também conhecido como maracatu rural, tem uma forte origem mitológica. Conta-se que Mateus e Catirina (personagens mais conhecidos dentro do folguedo) estavam perdidos na floresta, famintos e com sede, quando foram salvos por um caçador e sua mula Calu. O caçador tornou-se amigo de Mateus e Catirina e passou a visitá-los. Quando isso acontecia, o casal organizava uma festa em seu louvor, na qual a dança e a música tomavam conta da fazenda. Essa festa teria sido o início do maracatu rural.
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