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iMovie, o caminho da fama

Agora, todos podemos ser cineastas


"O importante é ter uma idéia na cabeça, uma câmera DV na mão e um iMovie no iMac", já disse alguém que gosta de frases infames mas que sabe dar valor ao que é bom. Se você sempre achou que tem vocação para diretor de cinema, novela ou videoclipe, o iMovie é o seu ponto de partida. Ele é simplesmente uma dádiva, até porque a Apple não cobra nada por essa pequena maravilha da edição de vídeo digital. Pegue sua câmera DV, saia filmando o que der na telha e conecte-a na entrada FireWire de seu Mac; edite tudo junto com algumas outras imagens, trilha sonora, efeitos especiais e, voilà!, rapidamente você terá um belo clipe ou, quem sabe, um filme de verdade ("Bruxa de Blair", aí vamos nós!). Não é papo, não. O iMovie é muito fácil de usar e tem os recursos necessários para se iniciar na arte do vídeo digital. E aí, está interessado em aprender a usar esse bicho? Então, se segura, que aí vai...

As cenas

Ao montar um filme no iMovie, é possível utilizar imagens de várias fontes. Em relação à qualidade final do filme ou clipe que será feito, o mais apropriado é puxar as cenas diretamente de uma câmera de vídeo digital, para garantir a qualidade final do projeto. No entanto, para isso o seu Mac tem que ter uma porta FireWire e bastante espaço no disco rígido, pois cada minuto de vídeo vai consumir mais ou menos 200 MB de seu HD. Por isso, não adianta viajar muito se não há muito espaço disponível. A outra alternativa é importar filmes QuickTime ou imagens estáticas para a sua obra. No entanto, se você for até o menu File ¡ Import, verá que o iMovie é capaz de importar imagens PICT, JPEG, TIFF etc., mas não arquivos .MOV ou .AVI. Esse é um dos pontos fracos do iMovie: só trabalha com filmes no formato DV, que ocupam muito mais espaço em disco que os formatos mais populares.

O que fazer, então? A saída é usar o QuickTime Pro para converter documentos em outros formatos para o padrão DV. Mas, atenção: ao fazer isso, um arquivo que antes tinha poucos megas irá ficar na casa das centenas! Verdade. Além disso, a conversão feita pelo QuickTime deixa o arquivo com qualidade pior que a do documento original. Ou seja, o iMovie foi pensado mesmo para satisfazer os usuários de câmeras digitais. Você até pode usá-lo com um Mac não-DV e filmes QuickTime, mas não será a mesma experiência. Se bem que, mesmo assim, é bem legal.


Dando início


Para começar um novo projeto, abra o iMovie, vá ao menu File e selecione o comando New Project. Ao abrir o iMovie pela primeira vez, aparece uma caixa de diálogo que já oferece essa opção:

Dê um nome para o arquivo, determine em qual lugar do HD vai estar localizado e clique no botão Create.

O programa criará uma pasta com um nome do tipo "Fulano's Movie", onde estará o documento principal, e a pasta Media, que vai armazenar todas a imagens, sons e filmes que entrarem no seu filme.

Se você pretende incluir no filme arquivos convertidos para o formato DV que estão no seu Mac, saia do iMovie e arraste para a pasta Media todos os clipes que desejar. Isso é necessário porque, com o intuito de tornar o iMovie mais acessível aos novatos, a Apple complicou a vida dos veteranos. O programa só enxerga filmes que estão na pasta Media, desrespeitando uma convenção observada por qualquer programa de Macintosh: a de que todas as pastas são iguais.

Abra novamente o seu projeto no iMovie e uma tela vai aparecer logo de início, perguntando se você quer incluir os novos clipes:



Dê OK e vamos em frente.

Se você possui uma câmera de vídeo digital com conexão FireWire (a Sony chama o FireWire de i.Link, mas é a mesma coisa), conecte-a à porta de seu Mac. No iMovie, clique no botão mais à esquerda (com o ícone de uma câmera). O programa deverá identificar que há uma câmera conectada, acendendo as luzes de controle. Caso contrário, aparecerá uma tela azul dizendo que não há dispositivo conectado.

Confira se o cabo está conectado corretamente e se a câmera está ligada. Em último caso, vá até o site da Apple (www.apple.com/imovie/gear) e veja a lista de dispositivos compatíveis. Se o seu não estiver listado, é bem provável que você encontre problemas ao exportar as imagens.


Os clipes

Para passar as imagens filmadas para o iMovie, coloque a câmera no modo VCR (videocassete), bote a fita para rodar e clique no botão Import do iMovie. Você verá as imagens aparecendo na tela do programa à medida que são armazenadas em seu disco rígido.



É interessante notar que o iMovie já cria clipes diferentes a cada corte de cena (ou seja, a câmera já diz para o software quando é que você começou e parou de gravar algo). Assim, os clipes vão preenchendo a "prateleira" (clip shelf) ao lado da "tela de exibição". Passe tudo o que quiser para o projeto, mas fique de olho na barrinha do iMovie, que indica quanto espaço livre resta em seu HD. Os clipes capturados são automaticamente nomeados como "Clip 01", "Clip 02", "Clip 03" etc., o que não é muito descritivo. Por isso, você pode simplesmente clicar no nome de cada cena e dar o nome que desejar. É possível ver o conteúdo de cada clipe, selecionando-o e apertando a barra de espaço ou clicando no botão Play.

Cada cena vem estampada com o nome do arquivo e o tempo total de duração. No iMovie 1.0, o número de clipes que podem ser armazenados em uma prateleira é limitado (por incrível que pareça) pela resolução e pelo tamanho do seu monitor. Em um iMac, o normal é caber nove ou doze clipes.

Se isso não for suficiente, o jeito é puxar os clipes para a barra de edição para liberar espaço. Felizmente, isso foi solucionado no iMovie 2.0, com uma providencial barra de scroll.


Edição



Com todas as cenas e imagens coletadas, é hora de começar a diversão, quero dizer, a edição. A parte inferior da tela é onde você ficará mexendo a maior parte do tempo. Você verá duas abinhas laterais: uma com o ícone de um olho (Clip Viewer) e outra com uma nota musical. O Clip Viewer é onde você vê os clipes, efeitos e títulos; arraste qualquer cena da prateleira para essa área (a prateleira, aos poucos, ficará vazia) e coloque-os na ordem que quiser.

O ideal é ir inserindo as cenas na medida do necessário, para facilitar a organização do projeto. A qualquer hora, você pode colocar um clipe de volta na prateleira, para uso posterior.



Agora clique na abinha da nota musical, também conhecida como Timeline Viewer ("visor da linha de tempo"; não pergunte por que o ícone é uma nota musical).

Nela existem três trilhas (colunas) que acompanham a linha de tempo (timeline). A primeira é onde estarão os clipes (os itens da prateleira também podem ser arrastados para ela), que se tornam retângulos azuis.

A segunda trilha é onde vão os efeitos sonoros. A última, com o ícone de um CD, é onde você vai inserir a trilha sonora de sua obra de arte (veremos as duas em detalhe mais adiante). Ao lado de cada trilha há uma caixinha que se pode desabilitar para ver o filme sem som, música ou (por algum motivo) vídeo. Você pode usar essa caixinha para ligar e desligar o áudio ou a trilha sonora de um determinado trecho (clipe) do seu filme.


O corte

Então vamos começar a editar o filme. O corte é um dos princípios básicos da edição. Com ele, é possível tirar as partes inúteis de um clipe (como aquela hora em que você esqueceu a câmera ligada, filmando um monte de pés), ou simplesmente dividi-lo em múltiplas partes, que serão inseridas em diferentes momentos do filme para dar "efeito dramático".

Para fazer um corte, encontre o quadradinho azul logo acima da trilha de vídeo - também aparece um acima da linha do tempo da tela de exibição, o que permite cortes mais precisos. Clicando nele e arrastando o mouse, dá para localizar qualquer momento do filme. Quando encontrar o ponto exato do corte, pressione as teclas Command-[T] e a divisão será feita.

Para ter um controle mais preciso, utilize as setinhas (esquerda e direita) para fazer o filme andar de segundo em segundo. Os pedaços de filme que forem sobrando podem ter dois destinos: voltar para a prateleira, caso você ache que ainda podem ser úteis, ou então ser deletados a sangue-frio para não encherem mais o saco. Quando um clipe é apagado, ele fica na lixeira do iMovie (não é a mesma do Finder), que indica quantos megabytes já foram colocados de lado. Cuidado; uma vez na lixeira, não há como recuperar um item. À medida que você for cortando as cenas inúteis - aquele chato que fica pulando em frente à câmera para aparecer -, a lixeira do iMovie vai enchendo. Esvaziando-a, você poderá ganhar um bom espaço no disco. Para isso, vá no menu File e selecione Empty Trash. Porém, dependendo da quantidade de lixo, esse processo pode levar alguns minutos. Como qualquer outro programa de Mac, você pode copiar qualquer clipe (Command-C) e repeti-lo em outro momento do filme Command-V. No iMovie 2, é mais prático ainda: arraste o clipe segurando a tecla [Option].


Transições



É claro que, para dar um ar profissional ao seu filme, é preciso aplicar uns efeitinhos chegados às transições de cada cena. No iMovie, não há nada mais fácil. Clique no botão Transitions.
Aparecerá a seguinte palete:

Você verá uma lista de efeitos disponíveis, e, logo acima, um botão deslizante que determina quanto tempo vai durar a transição (de 0,1 a 4 segundos). Escolha o efeito desejado, ajuste sua duração e clique no botão Preview para ver como vai ficar.

Note que o tempo de duração do efeito, obviamente, não pode ser maior que o tamanho de um dos clipes.

Quando estiver satisfeito, clique no nome do efeito (Cross Dissolve, por exemplo) e arraste-o para o ponto de transição na trilha de vídeo. Sempre que você aplicar algum efeito, uma pequena barra de progresso vermelha aparecerá embaixo do novo trecho, mostrando que o iMovie está calculando os frames (quadros) resultantes ao filme. Depois dê Play para ver o resultado final.

Não gostou? Delete a transição! Quando um efeito é aplicado, ele é incluído na trilha de vídeo como se fosse mais um clipe, que será nomeado com o nome do efeito aplicado (ex: Scale Down). No entanto, se você clicar na abinha do olho, observará que os efeitos (assim como os títulos, como veremos a seguir) são apresentados mais claramente. Para eliminar uma transição (ou título), basta selecionar o item referente a ela e deletá-lo. Caso você decida inserir um novo clipe entre duas cenas ligadas por uma transição, será necessário primeiro deletar o efeito aplicado.


Títulos



Coisas que não podem faltar num filme são títulos, créditos, legendas, etcétera e tal. Essa é uma das partes mais divertidas do iMovie, que oferece uma boa variedade de opções para fazer as palavras voar, rolar e aparecer suavemente, entre uma série de outros efeitos. O princípio é basicamente o mesmo das transições: selecione o clipe (ou o ponto da linha de tempo) onde irá aparecer o texto e clique no botão Titles. Você verá a lista de tipos de títulos e o botão deslizante, que determina quanto tempo ele vai durar na cena. Além disso, você tem o menu com a lista de fontes instaladas em seu Mac, o botão Color para escolher a cor (com poucas variáveis, aliás), campos para colocar o texto e algumas outras opções que variam de acordo com o título escolhido.

Tomemos como exemplo o nosso filme "O Senhor dos Cartéis", creditado a J.R.R. Sarney (nosso diretor fictício). Selecione o item Bounce In To Center e coloque o texto nos dois campos inferiores: o nome do filme virá de um lado da tela e o do autor virá de outro. Escolha a fonte desejada (infelizmente, o iMovie 1.0 não permite determinar o tamanho) e, à esquerda, clique em uma das setinhas que determinam a direção para onde o texto voará. Experimente à vontade, para ver como funciona. Se estiver fazendo o videoclipe da sua banda, use a opção Music Video, que bota uma legenda igual à dos vídeos que passam na MTV.

Se você mudar de idéia em relação a alguma fonte, texto ou transição, clique no efeito ou título na aba Clip Viewer, faça alterações nas paletes Title ou Transitions, e então clique no botão Update. Como já dissemos, toda vez que se aplica um efeito, o iMovie leva algum tempo para calcular os frames finais (aquela barrinha vermelha), o que deixa o programa mais lento. Assim, segure a ansiedade e evite aplicar muitas transições e títulos de uma vez só.


Sonoplastia



O iMovie inclui duas trilhas de áudio: uma para efeitos sonoros e outra para música. Incluir efeitos sonoros em um filme é bico: clique no botão Sounds e aparecerá uma lista com sons de aplausos, cachorro latindo, passos e outros. Você verá ainda o botão Record Voice, que possibilita gravar vozes diretamente de um microfone embutido (como é o caso do iMac) ou de um externo conectado ao seu Mac. Selecione o ponto do filme onde quer inserir a gravação, aperte esse botão e comece a falar. Quando acabar, pressione o botão de novo para terminar. O novo áudio será incluído diretamente na trilha de efeitos sonoros. Ótimo para fazer dublagens.

Caso queira mais opções de efeitos sonoros, a Apple tem uma página na Internet (www.apple.com/imovie/freestuff) com vários arquivos que podem ser baixados gratuitamente. Você ainda pode adicionar qualquer som AIFF à pasta Sound Effects, que se encontra na pasta do iMovie. Como normalmente cada arquivo tem uma intensidade sonora diferente, o iMovie possibilita determinar o volume de cada som ou música inserida no filme, assim como fade ins e fade outs, recursos que respectivamente fazem o som aparecer e sumir suavemente. Para isso, basta selecionar o item e ajustar o botão deslizante de volume ou habilitar as opções de fade na parte inferior da tela.


Trilha sonora



Agora é a hora de colocar uma música para dar aquele clima ao seu filme. Imagine só um clipe com você e sua namorada correndo na praia de mãos dadas enquanto toca aquela música do Sepultura... Tá bom, pode colocar o Michael Bolton, vai.

Enfim, o processo é bem simples: insira o CD no Mac e clique no botão Music. Você pode gravar um trecho ou uma música inteira. Utilizando os botões de transporte, escolha a faixa, o ponto de início da gravação e clique em Record Music. Quando quiser parar, aperte-o novamente.

Outra opção é utilizar qualquer programa que converta as faixas de CD em MP3 (veja um teste dos principais encoders na Macmania 73) e usar o comando Import do iMovie.


Finalizando



Depois de experimentar e se divertir com todos os recursos do iMovie, é hora de finalizar a sua obra-prima. Com o comando File ¡ Export Movie você pode, por exemplo, passar o filme para uma fita de vídeo a fim de mostrá-lo para amigos e família, ou então criar um arquivo QuickTime e colocá-lo na Internet.

Ao exportar o projeto para videotape, o iMovie permite adicionar alguns segundos de preto no início, mas não no final. Por isso, se quiser um pretinho no final também, utilize qualquer programa de edição de imagens para criar um arquivo PICT completamente negro de 720 x 480 pixels, que são as dimensões de um frame de filme DV. Depois importe-o para seu projeto e adicione-o bem no final do filme. Para criar um arquivo QuickTime, o iMovie oferece várias opções direcionadas para tarefas comuns, como enviar o arquivo "atachado" a um email ou postá-lo na Web. Você também pode criar suas próprias configurações, escolhendo a opção Expert no menu Format da caixa de diálogo Export Movie. Assim, por exemplo, se for colocar seu filme na Web mas quiser acelerar o download, poderá optar pelo som em mono em vez de estéreo (o que deixará o arquivo mais "magro"), ou então escolher outro padrão de compressão - você decide.


Conclusão

Só é recomendável utilizar Macs equipados pelo menos com um processador G3 para ter um desempenho legal.

Mesmo que você não possua uma câmera DV, dá para se divertir bastante com o iMovie. Agora, os felizes usuários de câmeras digitais terão uma "experiência espiritual" bem superior. Afinal, estamos adentrando uma nova era da produção de vídeo, e o iMovie, por ser um software gratuito, é o seu passaporte da alegria. Entre de cabeça.

Márcio Nigro
Não vê a hora de ter uma câmera DV para transformar seu livro "A Ampulheta em Seu Leito Doloroso" em uma minissérie de cinco capítulos.