Vamos começar esta resenha pelo fim. Se você precisa de um Mac portátil com a tela mais deslumbrante do mundo, que dá couro em muito computador de mesa, e não se importa de pagar o preço de um carro novo por ele, pode parar de ler esta revista e correr até a revenda Apple mais próxima. O PowerBook de 17" é tudo isso e muito mais. Nenhum diretor de arte, editor de vídeo ou produtor fonográfico que se preze pode viver sem um desses.
Latifúndio produtivo E pensar que até o começo deste ano a única opção para os usuários profissionais era um PowerBook mais rápido ou mais lento, com ou sem SuperDrive... Agora você pode escolher entre o pequeno de 12", se estiver atrás de portabilidade; o "normal" de 15" (por enquanto ainda na versão Titanium); e o gigante de 17", o "fogão de seis bocas" dos PowerBooks (não, isso não é uma indireta, ele não esquenta tanto assim). É impressionante como a Apple consegue aprimorar o design de suas máquinas de modo que, quando colocadas lado a lado, aquele modelo que no ano passado todos babavam e diziam ser a coisa mais sexy deste lado da Angelina Jolie pareça agora apenas mais um sucatão. Foi só colocar o PowerBook Mamute do lado do meu Titaniumzinho pra eu começar a achar ele meio apagado e ultrapassado. O PB 17" de alumínio segue a mesma linha "monolito cinza" do seu predecessor de titânio: é um pouco mais claro, com bordas mais arredondadas e um fecho ainda mais difícil de abrir, mas com alguns detalhes que denotam uma clara evolução. Para começar, as diversas portas ficam distribuídas nas duas laterais, evitando aquela incômoda esticada de pescoço para encaixar o cabo FireWire atrás da tela. Em um toque politicamente correto, há portas USB dos dois lados, facilitando a vida dos macmaníacos canhotos. A mudança de posição das portas também permitiu usar o mesmo tipo de dobradiça dos iBooks, bem mais resistente que a dos PowerBooks de titânio. Mesmo assim, já ouvimos queixas de que o PB 17" pode fechar sozinho se a tela ficar num ângulo muito fechado. (Não constatamos isso no nosso exemplar de teste.) A grande pergunta dos nossos colaboradores foi: ele não é grande/pesado demais? Veja bem: se o seu único esforço for tirar e colocar de volta o bicho no banco de trás da sua Ferrari duas vezes por dia, isso não é necessariamente um problema. Ele pesa cerca de meio quilo a mais que o PB Titanium, o que não vai quebrar as costas de ninguém, e consegue ser ainda mais fino que seu irmão menor. O mais difícil vai ser arranjar uma mala para carregá-lo. Nossa sugestão é uma daquelas pastas de portfólio de ilustrador. Além de sobrar espaço, vai desbaratinar os "amigos do alheio". Quem vai querer roubar uma penca de rabiscos?
Esse é o quente O desempenho do PB 17" é praticamente o mesmo do Titanium de 1 GHz (ver Macmania 107), o que não é nenhuma surpresa, já que a única diferença entre os dois é o sistema de vídeo (nVIDIA no 17", ATI Mobility Radeon no de 15"). Pelo jeito, o chip melhor serviu mais para sustentar a resolução mais elevada que para dar qualquer ganho de desempenho.
O PB 17" é muitíssimo silencioso. Ficamos assustados com um barulho horrível quando a ventoinha entrava em ação, mas conversando com alguns usuários de primeira hora do "Big Al", chegamos à conclusão de que esse era um problema específico do exemplar que estávamos testando. Em todo caso, como o objetivo de uma máquina dessas é você levar seu trabalho para onde quiser, inclusive para lugares onde qualquer barulhinho incomoda (seu quarto às três da manhã, por exemplo), convém nesses casos ir ao Economizador de Energia (Energy Saver) e ajustar o processador para o modo econômico. Dessa forma, a ventoinha quase nunca é acionada.
Falando em ventoinha, chegamos à questão do calor. Faz tempo que os portáteis profissionais da Apple não fazem jus ao termo "laptop", pois podem causar queimaduras graves caso sejam usados durante muito tempo sobre o colo (lap, em inglês). O PB 17" não foge à regra, esquentando um bocado na parte de baixo. Felizmente, o amplo espaço para apoio das mãos não esquenta tanto quanto nos primeiros modelos do PB Titanium e no de 12 polegadas. Parece que seu tamanho avantajado ajuda também na dissipação do calor. Ou seja: ele é grande e pesa três quilos, mas não consideramos isso uma desvantagem. Muito pelo contrário, esses aspectos são apenas consequências do grande trunfo do Powerzilla: a tela.
Enlarge your laptop É, meu amigo, por mais que você deseje acreditar no contrário, tamanho é documento. Principalmente para quem trabalha com programas com longas linhas de tempo, várias telas e paletes, ou quer ver páginas duplas inteiras lado a lado. A tela do PB 17" é maior e mais brilhante que a de qualquer outro laptop do mundo. E é widescreen! Ou seja: terminou o trabalho, fuque um DVD para relaxar assistindo a um filminho em todo seu esplendor. O som dos alto-falantes estéreo é impressionante para um portátil, mesmo não tendo resposta nos graves (o que, de toda forma, seria um feito impossível para falantes tão pequenos). O teclado também é um caso à parte. Dois sensores escondidos no interior, acima dos falantes, analisam a iluminação ambiente e, quando "percebem" que está escurecendo, diminuem o brilho da tela e acendem o backlight do teclado, cujas teclas têm caracteres translúcidos. Quem já utilizou um laptop à noite já passou pelo desconforto de ter que abaixar a tela só pra enxergar o que está digitando. As teclas com luz própria acabam com isso. Só estranhamos a luz ser branca e não azulada, como apareceu nos filmes e fotos de lançamento do produto na Macworld de janeiro - coloração essa que nós, levados pela boa fé, fielmente reproduzimos no efeito especial da capa da edição 105. Agora, os filmes da Apple mostram a luz perfeitamente branca, como se ela sempre tivesse sido assim e nós tivéssemos visto uma miragem. Ter luz própria não é o que mais impressiona nesse teclado. O mais chocante é saber que, depois de 15 anos tentando, a Apple finalmente conseguiu fazer o que lhe parecia impossível: um teclado que NÃO MARCA A TELA DO SEU LAPTOP! Mais um feito tecnológico memorável.
Meu outro carro é um PowerBook OK, o PB 17" é caro. Muito caro. Mas vale o quanto pesa. A Apple não "miguelou" nenhum feature, como é comum acontecer com os PowerBooks, que geralmente trazem funções que aparecem e somem no modelo seguinte por razões que só devem fazer sentido para os engenheiros da empresa. Aqui vai uma lista do que você encontra no grandão: Para quem não serve? Já que começamos falando quem deve comprar uma máquina dessas, só nos resta terminar falando quem não deve comprar. Basicamente, são aqueles para quem duas polegadas a mais de tela não fazem tanta diferença. Por um preço bem menor, você pode adquirir um Titanium com um desempenho idêntico. Ou esperar um pouco. Quando esta edição estava sendo fechada, a Apple havia acabado de baixar o preço do PowerBook 15" - uma boa indicação de que um modelo novo está na bica. Pode ser até que ele já tenha saído quando você estiver lendo estas linhas; portanto, dê uma olhada no site da Apple antes de sair torrando seus trocados.
Números Heinar Maracy |
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