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Pergunte aos Pros




Macmania Test Drive

Pois é. Dentre todos os artifícios de marketing da Apple, parece que um dos preferidos de nosso amigo Steve Jobs é a polêmica. Cada vez é mais frequente nos pegarmos discutindo se um novo produto da Apple é bonito ou não, esquecendo-nos de prestar atenção no que mais interessa: o que há dentro da máquina.

Mas vamos assumir: todos nós temos um lado um pouco (às vezes, muito) fútil e, assim como Jobs, sabemos que a aparência conta - e muito - na sociedade pós-moderna.

O fato é que o iMac continua, desde que foi lançado, o produto mais vendido da Apple (já são mais de 5 milhões!), graças à inovação constante. Da metade de 1998 até agora, vimos desfilar nas "passarelas" de Cupertino iMacs nas cores Bondi blue, grafite, amora, uva, limão, tangerina, morango, índigo, neve, rubi... Depois de tantas cores, estava na hora de variar um pouco e, mais do que nunca, fazer do iMac o centro das atenções; seja por sua aparência, seja pelos novos recursos. E assim nasceu a nova safra de iMacs com gravadores de CD-RW, que tem como membros ilustres os modelos "lisérgicos" Flower Power e Blue Dalmatian. São os primeiros com texturas em vez de cores uniformes. Definitivamente, não conseguem passar desapercebidos, salvo se estiverem ao lado de Clóvis Bornay ou do João Gordo. Juntos.

Aparência é tudo

Se você está querendo comprar um iMac novo mas quer manter sua mesa discreta, não se preocupe: ainda existem as cores Indigo e Graphite, que certamente são duas das mais bonitas. Agora, se estiver a fim de arrojar, não titubeie (bela palavra essa, não?): é Flower Power ou Blue Dalmatian na cabeça.

O Flower Power foi assim batizado pela sua estampa, que evoca os hippies dos idos anos 60-70. Se bem que as cores são um pouco "lavadas" e a frente é totalmente branca. Tanto melhor, ninguém pode acusá-lo de ser "cheguei". Sobre o Flower Power há todo o tipo de opinião: feio, lindo, tenebroso, ridículo, afeminado, esquisito, joinha, brega, mutcholôco etc. Ele parece estar cumprindo bem a incumbência de ser polêmico.

Já o Blue Dalmatian, ou "Dálmata Azul" (alguém toma ácido na Apple? Quando sair um modelo chamado "Sapo Carmim" vamos ter a resposta), não chegou a causar reações tão díspares, mas tampouco é uma unanimidade. Porém, apesar dos novos padrões, o iMac continua translúcido - ainda que muito menos que o habitual - e ainda é possível ver os componentes internos da máquina.

Os padrões são impressos por dentro do plástico do case, com uma retícula de pontos similar à de uma impressão offset comum. Nada de outro mundo. Não se confirmaram os populares "chutes" de que os padrões revelariam várias camadas de profundidade, cintilações etc. Era tudo... viagem.

Queime tudo

Chega de futilidades e vamos falar de coisas importantes. A principal novidade da nova safra de iMacs, como já dissemos, é a inclusão do gravador de CD-RW (com exceção do modelo de 400 MHz, que vem apenas com leitor de CD-ROM). Junte isso ao iTunes e ao Disc Burner e você entenderá porque a Apple baseia sua campanha publicitária em torno da capacidade de criar seus próprios CDs. Você "ripa" as músicas que quiser a partir de CDs ou seleciona arquivos MP3 ou AIFF e queima um disco com uma bela coletânea usando o iTunes.

O DVD-ROM se foi e deu lugar a um gravador de CD-RW que não é propriamente rápido: atinge velocidades de 8x para gravação, 4x para regravação e 24x para leitura. Dá para o gasto, mas já existem equipamentos que atingem 16x10x40. É claro que incluir um modelo mais veloz acabaria encarecendo o produto, mas a Apple pelo menos poderia oferecer um gravador mais veloz no modelo topo de linha.

Os novos iMacs passam a vir com o chip acelerador de vídeo ATI RAGE Pro Ultra, com 16 MB de memória. Isso certamente dá uma bela força para quem quer usar aplicativos ou jogos que exijam um bom poder de processamento de vídeo. Só o "primo pobre", o modelo de 400 MHz, é que ainda traz a versão com 8 MB. Os iMacs com processadores de 600 MHz completam a lista de inovações e são a melhor pedida. Por R$ 500 a mais que a configuração "média", você leva mais 100 MHz de clock, MB de disco e 64 MB de RAM.

Todos os iMacs incluem duas portas USB, duas FireWire, modem 56K interno e interface Ethernet 10/100. Assim, qualquer uma dessas máquinas já está capacitada para capturar vídeo digital via FireWire e editar filmes com o iMovie 2 (que já vem incluído). Todos vêm com o Mac OS 9.1, iTunes, Disc Burner e os jogos Nanosaur, Bugdom e Cro-Mag Rally.

Já estava na hora da Apple parar com essa história de colocar apenas 64 MB de RAM nas configurações de fábrica. Pelo menos a partir do modelo de 500 MHz, eles deveriam vir com 128 MB, no mínimo. A Apple, por sua parte, diz que os sistemas com 64 MB rodam o Mac OS 9.1 e o Mac OS X "muito confortavelmente", desde que você não queira ser ousado a ponto de querer rodar programas de OS 9 no ambiente Classic do OS X. Por isso, não dá para dizer exatamente qual é o padrão de "conforto" ao qual o pessoal da Apple está acostumado.

De qualquer modo, o chip G4 é ainda o grande ausente na linha iMac. Não que o G3 seja um processador que faça feio, ao contrário. A 600 MHz, o iMac é pau para qualquer obra. Mas ninguém iria reclamar se houvesse pelo menos um modelo com um G4 dentro. Mas isso é apenas uma questão de tempo. Quem sabe na próxima leva.

O novo e o velho

Aos americanos, o novo. Para o resto do mundo, o velho. A Apple não fala sobre o assunto, mas o modelo de 500 MHz tem versões diferentes para os Estados Unidos e para o resto do mundo. Em teoria, todos os iMacs de 500 e 600 MHz da safra "florida" deveriam vir com o chip PowerPC 750CX, com 256 KB de cache nível 2 (no próprio chip), rodando à mesma velocidade de clock do processador.

Porém, a Apple admite que apenas "alguns" modelos de 500 MHz usam esse chip. E esses "alguns" estão sendo vendidos apenas nos EUA e no Canadá. O curioso é que o iMac com o processador antigo de 500 MHz (com cache backside de 512 KB, fora do chip, e rodando a 40% da velocidade do processador, ou seja, a 200 MHz) está sendo vendido ao mesmo preço do modelo com o chip novo. E não é só a questão do processador. Os modelos "internacionais" de 500 MHz também têm recursos de placa-mãe iguais aos dos iMacs DV lançados no ano passado - incluindo a ATI RAGE 128 Pro e seus 8 MB de SDRAM.

Mas isso não é motivo para se sentir insultado. O novo chip PowerPC 750CX é só 5% mais rápido do que o anterior.

Admirável iMac novo

Polêmicas a parte, é admirável como a Apple consegue manter a vivacidade dos iMacs após quase três anos. E já não há mais dúvidas de que a aparência conta muito para tal. Os padrões coloridos são uma evolução natural, mesmo que você não goste (por isso ainda há as cores Indigo e Grafite). Na verdade, Steve Jobs acabou de abrir um grande leque de possibilidades para o futuro. Alguns caminhos podem ser tenebrosos (já pensou em um iMac da Barbie?). Por outro lado, seria fascinante se fossem lançados os modelos com padrões Van Gogh, Picasso ou Miró. E, indo mais longe, já imaginou um iMac cubista? O difícil seria encontrar o gravador de CD, mas isso seria apenas um detalhe.

Marcio Nigro