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Macmania Test Drive


Com quantos pixels se faz uma boa câmera?

por J.C.França

As câmeras digitais de última geração conseguem juntar diversas conquistas tecnológicas um uma só: seu tamanho físico diminui e a resolução das imagens aumenta cada vez mais. As baterias ficam mais duráveis e menos poluentes; os cartões de memória são capazes de armazenar um número crescente de arquivos. Tudo isso acompanhado de uma redução significativa nos custos (pelo menos no lado norte da América...). Alguns modelos se destacam pelo charme e sofisticação do design; outros, pela extrema simplicidade de uso e a quantidade de recursos para controle da imagem. De modo geral, a maioria das câmeras testadas cumpre o que promete.

Olympus D490 Zoom

  • Resolução: 640 x 480 a 1600 x 1200 pixels
  • Interface: Cabo serial (Mac/PC)
  • Dimensões: 127 x 63 x 50 mm
  • Peso: 270 g (sem bateria)
  • Armazenamento: slots para cartão SmartMedia
  • Software: Olympus Camedia Master
  • Bateria: 2 baterias CR-3V de lítio de longa duração, não recarregáveis
  • Extras: vídeo out e DC in
  • Preço: R$2.718





A primeira coisa que salta à vista (literalmente) na Olympus D490 é a lente zoom, que sai sozinha quando se abre a tampa protetora. O funcionamento mecânico e a aparência são iguais aos da popular série Olympus Stylus Zoom de câmeras de filme. O mecanismo de fechamento da lente, porém, é precário e fácil de ser danificado por mãos menos delicadas.

O design deste modelo dá sensação de fragilidade e de componentes baratos (talvez seja essa a intenção, a fim de diferenciá-la dos modelos high-end); o enquadramento e o foco são lentos, tornando-a inviável para uso intensivo ou profissional. Mas é razoável para uso casual em viagens e festas. A interface serial é inútil para quem tem um Mac recente; será necessário arranjar um leitor de cartão SmartMedia para transerir as fotos para o computador.

A qualidade da imagem dá conta do recado. Dá para conviver com ela, sabendo lidar com suas limitações. Meu conselho: só compre se você encontrar uma oferta irrecusável.

Sony CyberShot F505V

  • Resolução: 640 x 480 a 2240 x 1680 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 107 x 62 x 136 mm
  • Peso: 475 g (com bateria)
  • Armazenamento: Slot para cartão Memory Stick
  • Software: MGI Photo Suite V8.1, MGI Video Wave IIIse e drivers USB
  • Bateria: 1 bateria NP-FS11 Info-Lithium com carregador
  • Extras: Cabo A/V out
  • Preço: R$ 3.900





As objetivas Carl Zeiss são lendárias em todo o mundo, devido à sua espantosa qualidade e alta definição. São um equipamento quase obrigatório para os fotógrafos profissionais da fotografia e do cinema. E não é que a Sony equipou sua câmera digital com uma poderosa lente Zeiss? Esse nominho de cinco letras na frente do zoom impõe respeito à primeira vista. Nem é preciso mencionar a imponência do corpo em formato "canhão" - a máquina inteira parece ter sido construída em torno da lente.

Essa Sony se mostra adequada à maioria dos desafios fotográficos, possuindo uma ergonomia bem resolvida e que evita o contato direto dos dedos com o visor LCD. A interface é relativamente simples, embora chatinha no começo até pegarmos o jeito da coisa. Possui alguns efeitos pirotécnicos simpáticos, como o modo negativo (inverte os tons da imagem), sépia e preto e branco. É divertido visualizar as coisas em negativo antes de fotografá-las...

Mas é imperdoável, para uma câmera que possui objetivas Carl Zeiss, não ter um visor reflex direto e contar apenas com o LCD. Isso faz "brochar" eventuais profissionais que possam se interessar por esse brinquedo sofisticado. Também marca gol contra o fato de ela não possuir slots para os cartões de memória convencionais, aceitando apenas o formato proprietário da Sony (Memory Stick). Uma pena! Quem sabe a Sony corrige tais problemas nos próximos modelos. Ou insiste na reserva de mercado de memória.

Kodak DC4800

  • Resolução: 1080 x 720 a 2160 x 1440 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 120 x 69 x 65 mm
  • Peso: 328 g (sem bateria)
  • Armazenamento: Slot para cartão CompactFlash
  • Software: 1.0
  • Bateria: 1 bateria Kodak de íon de lítio com carregador
  • Extras: DC in, video out
  • Preço: R$ 2.699





Não se deixe enganar pela aparência: apesar de parecer um trator russo do pós-guerra, essa câmera da Kodak tem tudo o que um fotógrafo precisa e um pouco mais. Só o fato de permitir gravar seus arquivos em TIFF já mostra as boas intenções da secular fabricante de câmeras. Além disso, a interface de ajuste no LCD tem letras graúdas - excelente para aquelas situações complicadas em que os fotógrafos sempre se metem. Os ajustes são feitos de forma rápida e indolor. Um recurso inédito, além do modo preto e branco, é a possibilidade de se usar um filtro Yellow ou Red e mudar a relação tonal da imagem. Grande sacada da Kodak! O único porém da interface é o botão on/off, chatinho para acionar. De resto, consegue se manter à altura da concorrência sem nenhuma dificuldade. E custando metade do preço de outras máquinas com menos recursos.

Canon PowerShot S100 Digital ELPH

  • Resolução: 640 x 480 a 1600 x 1200 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 87 x 57 x 27 mm
  • Peso: 190 g (sem bateria)
  • Armazenamento: Slot para cartão CompactFlash
  • Software: Canon Digital Camera Solutions e Adobe PhotoDeluxe
  • Bateria: Bateria recarregável de íon de lítio e carregador
  • Extras: Video out
  • Preço: R$ 2.620



Objeto de desejo de 9,5 entre 10 macmaníacos, este é o "brinquedo de gente grande" mais interessante dos últimos tempos. Suas dimensões impressionam: ela é só alguns milímetros maior que um maço de Marlboro. Sucessora direta das ELPH analógicas (que utilizam filme no formato APS), esta câmera dá ao seu possuidor o poder de registrar imagens na velocidade do pensamento. A resolução e a reprodução de cores são muito boas e o modo de captura preto e branco faz relembrar os velhos tempos. Sua lente zoom dá conta do recado, apesar de ser limitada pelas dimensões. Ela também tem um útil modo macro. Enfim, faz um pouco de tudo.

Sua bateria recarregável é ecologicamente correta e tão prática quanto a de um celular; os controles são fenomenalmente ergonômicos e bem situados. E ela vem com um software de stitch (costura) para fundir uma sequência de fotos em uma imagem panorâmica. Também está de parabéns o browser de imagens usado para descarregar as fotos no Mac pelo USB. Basta plugar a câmera ligada e o programa já abre sozinho.

Uma das qualidades mais preciosas da S100 é sua discrição. Apesar do reluzente invólucro de aço inox, você pode fotografar no meio de multidões ou em lugares proibidos e ninguém percebe. E também tem o fator status.

Se você acha que a chave de uma Ferrari é um talismã poderoso, faça um teste alternativo: experimente circular com a S100 em alguns lugares descolados...

Olympus Camedia E-100

  • Resolução: 640 x 480 a 1600 x 1200 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 108 x 82,5 x 142 mm
  • Peso: 603 g (sem bateria)
  • Armazenamento: slots para cartões Smart-Media e CompactFlash
  • Software: Olympus Camedia Master e drivers
  • Bateria: 4 AA recarregáveis NiMH com carregador
  • Extras: Cabo A/V out, DC out, microfone e remoto
  • Preço: R$5.200



Dentre todas as câmeras analisadas, a Olympus E100 ganharia fácil um concurso de ergonomia. Sua empunhadura e manejo incentivam o fotógrafo a usá-la quase como um prolongamento do seu braço. Sofre do mesmo mal que assola praticamente todas as câmeras digitais que possuem visor LCD: a falta de espaço para colocar as mãos e a consequente invasão dos dedos sobre o cristal líquido, criando uma camada de gordura que incomoda sobremaneira na hora de visualizar as imagens. Por outro lado, devido à sua ergonomia estudada, ela consegue diminuir esse inconveniente.

Outra característica que chama a atenção é seu peso, o que facilita o manuseio, mas fica subentendido que os materiais usados na sua fabricação não são tão resistentes quanto os dos outros modelos. A interface de captura e visualização das imagens poderia ser descrita como "simpática" (ou user-friendly para os mais pedantes).

O zoom, por exemplo, permite um ajuste preciso da distância focal empregada, o que pode ser útil para repetir o mesmo enquadramento ou para usos mais técnicos.

O visor reflex também é um plus, pois permite economizar uma bela quantidade de energia (nada mais apropriado nestes tempos de apagão). Além disso, tentar visualizar uma imagem no visor LCD debaixo de um sol causticante pode ser uma experiência traumática. Para muitos fotógrafos (incluindo eu mesmo), o velho e bom visor reflex ainda é a melhor maneira de se fazer um enquadramento; nesse ponto, a Olympus E100 não fica devendo nada às suas conterrâneas analógicas.

A câmera também possui, obviamente, todos aqueles recursos e truquezinhos que deliciam (ou assustam) tanto os amadores bons de bolso e profissionais esclarecidos: captura de 15 quadros por segundo, captura em preto e branco, sincronização do flash com velocidade baixa do obturador, modo de prioridade do obturador, captura de filmes QuickTime, dual mode slots (aceita cartões de memória SmartMedia e CompactFlash) e quejandos. O preço é bem salgado. Se sua saúde financeira permite tal extravagância, divirta-se.

Nikon Coolpix 880

  • Resolução: 640 x 480 a 2048 x 1536 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 127 x 76 x 40 mm
  • Peso: 210 g (sem bateria)
  • Armazenamento: Slot para cartão CompactFlash
  • Software: Nikon View 3.0
  • Bateria: 1 bateria 2CR5 de íon de lítio com carregador
  • Extras: DC in (8,4 V), Video out
  • Preço: R$ 5.236





A Coolpix deve ser a câmera favorita do Sherlock Holmes: ela fica completamente tomada por impressões digitais no mais leve toque. Embora seja robusta e possua uma ótima qualidade de imagem, seu manuseio é uma coisa dantesca: além do problema com os dedos (não há uma região definida para segurá-la), a interface e os comandos são, no mínimo, muito complicados. O único botão de acionamento simples é o on/off. Deve ser assustadora para amadores e leigos.

A Nikon precisa, definitivamente, investir em ergonomia e em uma reengenharia da sua interface. Para compensar esses pontos fracos, a Coolpix tem diversos recursos que a tornam uma boa câmera para usos mais sofisticados. Seus diversos modos de exposição, ajustes e prioridades permitem um bom controle sobre a imagem a ser obtida.

Também possui o modo preto e branco, que definitivamente virou padrão na nova geração.

Em resumo, a Nikon produz mesmo "cool" pixels em suas fotos. Mas só se você souber usá-la bem...

Casio QV-3000EX

  • Resolução: 1024 x 768 a 2048 x 1536 pixels
  • Interface: Cabo USB
  • Dimensões: 134,5 x 80,5 x 57,5mm
  • Peso: 320 g (sem bateria)
  • Armazenamento: Slot para cartão CompactFlash
  • Software: Casio Photo Loader
  • Bateria: 4 AA recarregáveis NiMH com carregador
  • Extras: Serial (PC) com adaptador para Mac; vídeo out
  • Preço: R$ 3.070







Essa Casio de nome complicado é a câmera ideal para quem não tem tempo a perder. Tudo é muito simples e rápido: a interface de acesso é direta, sem truques ou comandos herméticos; as imagens aparecem rapidamente no visor; a ergonomia facilita bastante o manuseio; o flash é balanceado e produz efeito satisfatório. Mas a grande atração desta pequena notável é que ela entrega suas fotos embutidas em uma página HTML. Isso permite a visualização imediata da ficha técnica da imagem, que inclui todos aqueles pequenos detalhes que você já havia esquecido, como hora da captura, velocidade, diafragma, resolução etc.

Na verdade, ela "renderiza" um site completo da sua sessão de fotos, com boa dose de refinamento. Belo exemplo de funcionalidade, que deveria ser copiado pelos outros fabricantes. Para atingir o Nirvana só faltava esta câmera ter as suas dimensões mais reduzidas, pois ela é muito trambolhuda. E consumir menos bateria também não seria uma má idéia. É possível acabar com quatro alcalinas AA em apenas duas sessões (20 fotos) de uso com flash e LCD ligados. Felizmente, ela vem com um pacote de pilhas recarregáveis.