A próxima fronteira
por Tomas Egger
O Mac sempre foi o computador preferido entre ilustradores, designers, videomakers e pessoas criativas em geral. Mas em uma área sempre esteve na lanterninha: a computação gráfica. Inicialmente, porque nela só entrava quem tinha chip grande. Só estações Unix, como as da Silicon Graphics (SGI) e Sun, tinham poder suficiente. Com a ajuda do tempo e da Lei de Moore, esse cenário mudou. Computadores pessoais ganharam terreno na seara do 3D. Só que, na mesma época, a Apple passava por seus piores momentos; o Mac ficou à margem dessa revolução. Pior: até andou para trás, com programas desaparecendo ou ficando desatualizados. Hoje, a coisa está mudando. Não é exagero dizer que o Mac OS X é o melhor sistema operacional para rodar um programa 3D, porque une uma sólida base Unix com uma interface intuitiva e o QuickTime. Graças a isso, estamos assistindo a um renascimento dos programas 3D para Mac.
Os mais importantes são analisados neste artigo, que ainda traz dicas de macmaníacos brasileiros que mandam muito bem no 3D. A Apple já deu sinais de que, depois de retomar a liderança no Desktop Video, a computação gráfica é o próximo terreno a ser conquistado. Comprou a Nothing Real e já avisou que não vai lançar novas versões para Windows do Shake (programa utilizado nos efeitos especiais de filmes como "O Senhor dos Anéis"). Apple, lançando programas 3D? Faz sentido, principalmente se você pensar na "outra empresa" de Steve Jobs. A Pixar, além de fazer "uns filminhos" por aí, também detém os direitos do RenderMan, o mais aclamado programa de render da indústria cinematográfica, que só roda em estações Sun ou SGI. Por enquanto...
Maya no Mac OS X
www.aliaswavefront.com
O Mac já foi por algum tempo o "túmulo do 3D". Com o OS X, porém, surgiu a grande chance de a plataforma tirar o atraso em relação ao Windows. E foi essa a aposta que a Alias|Wavefront fez, com o lançamento em setembro de 2001 de uma versão do seu celebrado software Maya para o Mac.
A idéia foi bem recebida pelos usuários norte-americanos de Mac, que vêm comprando o software em quantidade expressiva para um programa tão caro (cerca de US$ 8 mil). O Maya acabou sendo o recordista de reservas de compra entre os produtos da Alias|Wavefront. Sem dúvida, reescrever um programa tão complexo e tão difundido no cinema e na publicidade é um ato que prestigia como nunca a plataforma da Apple.
A empresa foi extremamente cautelosa na adaptação do Maya para o OS X. Enquanto o Maya para Windows NT e Irix está em sua versão 4, o Maya para Mac saiu na versão 3.5. A escolha, segundo a Alias|Wavefront, se deve ao fato de que a versão 4 ainda estava em fase final de testes durante a compilação da versão para OS X. Porém, alguns itens do Maya 4 estão presentes na versão 3.5, entre eles as melhorias no sistema de rendering.
A versão 3.5 é um conjunto de ferramentas suficientemente poderosas para a produção de 3D de alta qualidade. Mas, por outro lado, os usuários de Mac ficaram muito limitados aos recursos próprios do programa. A qualidade mais aclamada do Maya é ser aberto, quase um "sistema operacional dentro de outro", que possibilita aos usuários criarem e adicionarem suas próprias ferramentas e distribuí-las pela Internet. Desde que o programa migrou do Irix para o Windows NT e o Linux, essa flexibilidade foi potencializada e os desenvolvedores logicamente se concentraram na versão mais recente e difundida. Enquanto não acontece a "unificação dos Mayas", aguardada para a versão 5, espera-se que desenvolvedores macmaníacos arregacem as mangas e traduzam muitos dos plug-ins disponíveis para o uso em Mac.
O Mac ideal para o Maya é um G4 Dual com RAM generosa, mas uma demo do programa não fez feio em um G4 de um só processador e 512 MB de RAM. Procedimentos "pesados", como paint effects adicionados em uma cena com ray tracing, demoram cerca de três minutos para render.
O Maya no OS X é integrado ao QuickTime. É possível render direto para movie. Outro formato que não era disponível anteriormente e estreou no Maya OS X é o PNG, arquivo de imagem voltado para a Web com menos perdas que o JPEG. O Fcheck, programa standard de playback do Maya, vem no OS X com uma janela de comandos – no Irix e no NT, os comandos são só de teclado. A manipulação das vistas no Maya, herdada do Alias PowerAnimator e muito melhorada, é um dos itens mais bem resolvidos em programas 3D comerciais, e por isso mesmo mais viciantes também. Se era totalmente dependente do mouse de três botões nas versões de Irix e NT, isso foi convenientemente adaptado para as teclas [Control], [Option] e [?]; ou seja, quem está acostumado com a versão NT, como é meu caso, leva apenas alguns minutos para se acostumar a trocar os comandos da mão direita para a esquerda.
Uma boa vantagem da versão OS X, comparando-se com a versão NT, é a possibilidade de se minimizar os viewports (vistas da cena) e continuar a usar as outras (muitas) janelas do programa. É perfeito para o ajuste de cor e iluminação de uma cena, por exemplo, quando não se precisa dos viewports. No NT, se se minimiza os viewports todo o programa vai junto.
Dos bugs percebidos, um já foi parcialmente resolvido no 3.5.1. No 3.5.0, a cor do display da textura procedural ramp não mudava quando editada, e numa ocasião o ramp travou em sua janela e só voltou ao normal depois de reiniciar o programa. Mas o maior problema que se percebe é que, se o Mac OS X é estável, o Maya ainda não o é totalmente – de vez em quando ele se autodesliga sem dar aviso. Aconteceu comigo enquanto testava animar um tubo de NURBS acionado por um esqueleto simples de quatro joints ("ossos" usados em animação de personagens no Maya). A performance com geração de partículas também teve seus problemas; apesar de tudo parecer correto no viewport, nem todos os tipos de partículas renderam.
A quantidade de recursos do Maya é bastante grande para encher esta revista de testes de cada módulo. Numa visão geral, para quem já pilotou o Maya 3.5 de Irix e NT, o Maya OS X é o mesmo, só que mais bonito com o visual Aqua. Para quem nunca mexeu, vai ter que estudar os tutoriais para aprender, porque o Maya não é um programa do tipo "passo a passo". A mesma ferramenta, por exemplo, pode estar em vários lugares. É um software ótimo para ser compreendido em grupo, no qual cada artista explora uma parte e troca experiências com os colegas.
A princípio, a Alias|Wavefront direcionou a divulgação do Maya para Mac OS X para Web designers e desenvolvedores de games, para quem o 3.5 constitui uma ferramenta e tanto. Mas é claro que um dos públicos-alvos mais interessados são as empresas que já lidam com o Maya Irix e Windows e querem ter essa opção também em seus Macs. Ou empresas baseadas em Mac que querem ser competitivas em 3D.
LightWave 3D
O LightWave 3D é uma das mais poderosas ferramentas de modelagem, render, partículas e animacão de personagens existentes no mercado, com a vantagem de oferecer uma rápida curva de aprendizado, um sistema bem flexível e intuitivo de animação, e um dos melhores sistemas de render existentes no mercado. O programa é utilizado extensamente por produtoras de efeitos especiais, sendo responsável pelos efeitos em filmes como Black Hawk Down , Blade 2, The Time Machine, A.I. e X-Men, entre outros.
O LightWave é dividido em aplicativos separados (Modeler e Layout) para as tarefas de modelagem e renderação/animação. Apesar de separados, os dois aplicativos se comunicam entre si de forma simultânea (sincronizada) através de um programa de ligação, chamado singelamente de hub. Assim, qualquer atualização realizada no Modeler sobre o modelo 3D é automaticamente transferida para o Layout e vice-versa. Isso é uma vantagem em relação a programas como o Electric Image, por exemplo, onde é preciso exportar o objeto feito no Modeler em um formato intermediário que é lido pelo Animator.
O Modeler do LightWave é considerado um ótimo software de modelagem poligonal e NURBS, contando com uma das mais intuitivas e rápidas ferramentas de subdivision surfaces, que permitem a construção de figuras complexas em poucos minutos. Para facilitar o uso dos modelos em animações mais complexas, o Modeler conta com recursos como informações de morph (Endomorphs) que podem ser armazenadas nos arquivos dos objetos, fazendo com que qualquer mudança no objeto-base seja transferida para os targets. Já os mapas de peso (weight maps) atribuem características de manuseio aos vértices do modelo. Esses mapas podem ser usados por diferentes ferramentas de deformação, especialmente no caso de bones, garantindo controle preciso de como o esqueleto deformará a malha de polígonos.
A qualidade de renderação do LightWave tem alta reputação, oferecendo recursos incomparáveis de radiosidade. Com várias opções (e diferentes tipos de algoritmos), a radiosidade do LightWave permite utilizar, além da iluminação indireta gerada pelos objetos da cena, imagens HDRI (High Dynamic Range Images) e iluminação global, produzindo imagens extremamente realistas. Infelizmente, essa característica exige processamento muito pesado, podendo muitas vezes tornar a renderação final bastante lenta. Entretanto, com a nova leva de processadores G4 ultrapassando a barreira do gigahertz, torna-se cada vez mais viável o uso de recursos hiper-realistas no dia-a-dia. Para ajudar a mastigar polígonos, o LightWave conta com o Screamer Net II, um aplicativo que distribui automaticamente o cálculo do render entre até mil estações conectadas via rede.
Entre os novos recursos da versão 7 está o Motion Mixer, uma janela de animação não-linear para personagens, e o Spreadsheet, que é parecido com o já existente Scene Editor, mas que permite acesso a todos os parâmetros da cena simultaneamente. Com o Spreadsheet, se você tiver cem luzes em sua cena e precisar ajustar o brilho dessas luzes, não será necessário abrir cem slides para fazer as alterações, como aconteceria anteriormente.
O recurso Motion Designer (também conhecido como soft-body dynamics) permite gerar com facilidade a colisão entre objetos com corpos suaves ou rígidos, sendo ótimo para simular tecidos combinados com personagens animados, por exemplo. Um novo plug-in também incorporado ao LightWave é o SasLite, uma versão light do Sasquatch, sistema para renderação de cabelos e pêlos.
O resumo da ópera é que o LightWave 3D é um software profissional, posicionado entre middle-end e high-end, e seus usuários variam desde aficionados que fazem 3D como diletantes até profissionais e estúdios famosos, como o Digital Domain.
Apesar do seu preço inferior ao de Maya e XSI, por exemplo, as ferramentas avançadas — UV Mapping, Motion Mixer, Motion Designer, HyperVoxels, entre outros —, aliadas aos recursos de hiper-realismo no render final, fazem do LightWave um big player, inclusive em Hollywood. Se há algo a reclamar do programa, é o fato de a versão Windows possuir muito mais plug-ins que a versão Mac.
Electric Image
O Electric Image Universe (EIU) foi o primeiro software de animação 3D para computadores desktop a receber um Oscar, quando foi utilizado para produzir a cena do holocausto no filme "O Exterminador do Futuro 2". A versão atual, 4.0.6 (US$ 995), é incrivelmente estável e roda tanto no Mac OS 9 quanto no OS X.
O EIU é dividido em três aplicativos interligados:
Animator, Modeler e Camera. O Animator é a ferramenta de animação, baseada em um sistema de quatro janelas: três ortogonais e uma com visão de câmera. Você pode ver seus modelos em shade OpenGL através das câmeras ou luzes em uma timeline que controla o conteúdo do projeto e em uma janela para curvas de função (f-curve). Você tem excelente controle sobre a animação de todas as propriedades relacionadas aos modelos, câmeras, luzes e ambiente a partir das f-curves. As animações podem ser feitas através de deformações, bones, morph, inverse kinematics ou com recursos como glows em objetos, céus e fundos automáticos, entre vários outros. O programa conta com nada menos do que quatro milhões de variações de luzes, sombras e câmeras, além de possibilidade de usar um número infinito de polígonos. Milhões de texturas em layers com controles de fusão (blending controls) semelhantes ao do Photoshop podem ser aplicadas aos modelos.
Em toda animação no EIU é possível controlar o nível de renderação e sombra que será aplicado ao objeto. Assim, se tenho um copo de vidro em uma mesa lotada de coisas, posso pedir para o meu copo ser renderado em ray tracing e todo o resto em Phong (são muitas opções para deixar o processo incrivelmente rápido).
Novidades na versão 4.0.6: iluminação global 60% mais veloz do que qualquer outro software 3D e as novas ferramentas para animação de personagens com sistema de skinning aperfeiçoado para personagens; deformação através de bones muitíssimo mais rápida e mapas para controle das deformações. O atual sistema de associação entres objetos numa animação (constrain) funciona em tempo real com múltiplos objetos, e ainda é possível aplicar motion blur e controlar o campo de profundidade na janela de câmera em que você está animando.
O Modeler é o aplicativo para modelagem e está na sua versão 4.0.5. Ele foi projetado não só por programadores, mas em conjunto com muitos animadores e modeladores (inclusive eu... hehe), resultando num modelador extremamente poderoso e fácil de usar. Você sempre modela numa referência de seu objeto, e só depois que a termina ele é transformado em um mesh poligonal. O Modeler trabalha com sólidos de superfícies híbridas, modelando também em NURBS e em ÜberNURBS – excelente para modelar organicamente. O artista pode controlar a tesselagem em cada objeto separadamente, o que significa que você pode tanto construir um modelo para animação na TV quanto para uma campanha impressa de publicidade. Você conta ainda com um conjunto básico de ferramentas para modelagem encontrados em grandes softwares de modelagem profissionais, como lathe, skin, operações booleanas, sólidos primitivos, coon surfaces, bevels, knives, blending e muitas outras.
O Camera é um aplicativo que funciona separado, renderando sua imagem enquanto você trabalha – em conjunto com o Renderama, que é quem controla os Cameras em Macs, PCs ou estações Sun via rede local, batch job e TCP/IP. O Camera é totalmente integrado com o Animator, produzindo o render mais rápido dentre todos os programas 3D (e também um dos mais bonitos). Ele oferece também uma das melhores qualidades de sombras em scanline ou ray tracing, e não é necessário, como em outros programas, mexer em configurações extremamente complexas para obter um ótimo resultado, com a vantagem de os tempos de render serem absurdamente mais rápidos.
Só para resumir, o Electric Image Universe foi extensamente usado pela Industrial Light & Magic no Episódio I de "Guerra nas Estrelas", nos trechos da corrida de pods, na cidade da princesa Amidala e em sua nave prateada, além de ter "trabalhado" em muitos outros filmes, incluindo o novo episódio da saga: "O Ataque dos Clones".
Amorphium
www.amorphium.com
O Amorphium Pro 1.2, da Electric Image, simula em alguns aspectos o Artisian, que existe dentro do Maya. É um software que combina modelagem convencional com a criação de objetos 3D em tempo real usando pincéis 2D e ferramentas de desenho. Com isso, o produto torna-se amigável para usuários de programas como o Photoshop, garantindo mais rapidez no processo de criação. O objetivo do Amorphium é que você crie objetos tridimensionais sem se preocupar com a edição de wireframes, o que agiliza em muito a curva de aprendizado – sempre dolorosa em programas 3D. Armado de um tablet sensível à pressão, você simplesmente pinta e esculpe o objeto.
O programa é especialmente interessante para quem trabalha com o Flash da Macromedia. Isso porque o seu trabalho pode ser exportado como gráficos e animações no formato SWF — além de filmes QuickTime e GIFs animados — para criar textos tridimensionais, botões e interfaces para usar em seu site ou animação.
Apesar de ser destinado a designers, o Amorphium oferece recursos e ferramentas avançadas para modelagem, pintura, texturização, máscaras, efeitos e render. Ele até foi utilizado no filme "Austin Powers II". Pode ser comprado diretamente no site da Eletric Image por US$ 119 (versão para download).
Bryce
www.corel.com
A versão 5 é a maior atualização desde que a Corel o comprou da MetaCreations. Basicamente, é um software voltado para a criação de paisagens, renderação de ambientes e animação. Oferece também modelação limitada de objetos 3D, mas a maioria prefere usar uma ferramenta de modelagem mais poderosa e importar o objeto para o Bryce. O grande atrativo do programa é a possibilidade de criar terrenos naturais, superfícies de água e céus, com uma série de novas capacidades na nova versão.
O Tree Lab é uma das melhores novidades do Bryce 5. Esse recurso permite a criação de variedades ilimitadas de tipos de árvores e arbustos. Existem 60 opções pré-definidas de árvores e folhagens, mas dá para personalizar os parâmetros à vontade. Outro novo recurso do Bryce 5 são as MetaBalls, bolas que se atraem com a proximidade, criando conexões de "gosma líquida" ideais para gerar objetos únicos e efeitos de animação de água corrente ou lava borbulhante.
O programa mantém as funcionalidades tradicionais: o editor de terreno, que funciona a partir de uma tela em que você pinta os relevos com pincéis ajustáveis, e o editor de céu, que inclui controles para criar a atmosfera que você desejar. O mais interessante é que os céus não são apenas imagens de fundo: são um ambiente infinito tridimensional volumétrico que interage realisticamente com os outros objetos.
PiXELS 3D
www.pixels.net
O PiXELS 3D é um programa bem "pro" e relativamente simples de usar para modelagem NURBS, animação de personagens e renderação. Trabalha com um sistema de nodes, como o Maya. A versão 4.0 pegou as melhores ferramentas da 3.7 e tornou-as ainda mais fáceis de usar. Foi incorporado o ShaderMaker Pro, antes uma ferramenta independente, para a criação de shadings realísticos de qualidade cinematográfica. Um sistema de partículas também está presente no PiXELS 3D para a criação de fluidos, fumaça e objetos naturais que obedecem às leis da Física. O Tempest é o novo mecanismo de render, rodando independentemente do produto principal, de modo que você pode modelar em um computador enquanto rende a animação em outros, podendo até usar os novos Xserve para a tarefa. Além das superfícies NURBS, a versão 4.0 oferece mais tipos de objetos, incluindo novos primitivos, curvas, polígonos e metaballs. A interface agora é 100% baseada em OpenGL, e o AttributeManager ajuda a organizar e controlar todos aspectos de uma cena. É o único que usa e compila arquivos para serem rendidos no RenderMan na plataforma Mac. O PiXELS 3D 4.0 roda apenas no OS 9 (ou no ambiente Classic do OS X) e custa US$ 599 nos EUA.
Carrara Studio v2
www.eovia.com
O Carrara Studio é um programa com uma história atribulada. Criado pela MetaCreations como sucessor do Ray Dream Designer e do Infini-D, demorou dois anos para ser apresentado ao mercado. Quando estava para ser lançado, a empresa faliu e ele foi parar nas mãos da Eovia.
É uma opção boa e barata para modelagem, criação, animação e rederação 3D. O recém-lançado Carrara Studio 2.0 conta com todos os recursos necessários para 3D profissional e alguns extras. Um dos destaques do programa é o SmartFlow, sistema para agilizar o fluxo de trabalho que separa o processo criativo em telas ou "salas", as quais podem ser dispostas ao mesmo tempo na tela do computador. A Assemble, por exemplo, é onde você constrói o cenário, determinando os ângulos da câmera e adicionando luzes, efeitos especiais etc. Já na Model você desenha seus modelos 3D a partir de modeladores Spline, Vertex e Metaball. A Texture é onde você aplica os shaders nos objetos, definindo cores, reflexibilidade e textura; e a Storyboard mostra a animação que está sendo criada.
O Carrara também inclui sistema avançado de partículas — para criar efeitos de fogo, água, explosões, fumaça e chuva — e também simulação volumétrica de céus, que anima raios solares, nuvens e mudanças climáticas, entre outras possibilidades.
Contando com uma ótima documentação e treinamento embutido, o Carrara Studio 2.0 certamente vale seu preço, de apenas US$ 399 nos EUA.
Cinema 4D XL 7.3
www.maxoncomputer.com
Software 3D europeu que está ganhando bastante mercado por ter muitos recursos e ser bem rápido, o Cinema 4D XL traz um complexo sistema de iluminação e partículas, radiosidade, cáusticos, multipass rendering, bones, HyperNURBS, metaballs, objetos de deformação livre, exportação para Shockwave 3D e outras possibilidades.
Todas as funcionalidades 3D são encapsuladas num único programa, de modo que o trabalho flui mais facilmente no Cinema 4D do que no Electric Image Universe ou no LightWave, que têm aplicativos separados para modelagem e animação. A velocidade de renderação foi otimizada para o Mac OS X, a fim de usar ao máximo o poder de processamento, tornando o programa um dos mais rápidos do mercado. A nova versão também melhora a integração com o After Effects 5.0.
O Cinema 4D XL costuma ser usado em um amplo leque de aplicações, como desenho de produtos, animação realista de personagens, simulações científicas complexas, desenvolvimento de jogos e efeitos especiais. No entanto, ele oferece uma variedade de ferramentas assustadora, o que pode torná-lo pouquíssimo intuitivo. Sem a leitura atenta do manual, não se vai muito longe. Ele custa US$ 1.700 nos EUA e roda tanto no Mac OS 9 quanto no OS X.
form•Z
www.formz.com
Da empresa Auto•Des•Sys, oferece poder e precisão de modelagem 3D num mesmo produto. Ele vem em três "sabores": modelador apenas (form•Z), modelador e render (form•Z RenderZone) e com a opção de radiosidade (form•Z RenderZone RadioZity).
O programa permite trabalhar no ambiente de modelagem e de "rascunho" (drafting). O modo drafting pode ser usado para construir planos 2D para modelagem ou para manipular segmentos 2D extraídos de modelos 3D. Embora muito do trabalho 2D possa ser feito na modelagem, o ambiente drafting oferece facilidades extras, como dimensionamento, peso das linhas e hatching.
Talvez o seu recurso mais significante e fundamental seja o seu uso de modelagens tanto de superfícies como de sólidos. Faça um buraco num cubo na maioria dos programas 3D e você ficará com uma caixa oca.
No form•Z, o volume do objeto é reconhecido, e o resultado é um buraco num sólido. Assim, o software facilita a criação de objetos complexos. Mais interessante ainda é a possibilidade de criar objetos sólidos a partir de superfícies e vice-versa.
O form•Z tem fama de ser um "modelador técnico" – ótimo para arquitetura e concepção de produtos, mas fraco para temas orgânicos. Porém, nas últimas atualizações o software melhorou significativamente a modelagem orgânica a partir de recursos como o MetaformZ, que é um metaballs melhorado, podendo ser aplicado a qualquer forma e não apenas a esferas.
Atualmente, o form•Z está na versão 3.9.5, que não roda nativamente no Mac OS X (apenas no ambiente Classic). A Auto•Des•Sys promete mudar isso na versão 4.0, que não deve demorar a chegar.
Swift 3D V2
www.swift3d.com
O software da Electric Rain é um dos melhores modeladores 3D vetoriais (senão o melhor) que você encontrará por aí. Ele pode ser encontrado em quatro formatos: programa independente ou como plug-ins para 3DS Max, LightWave 3D ou Softimage XSI, todos possibilitando criar e importar imagens 3D e animações para serem usadas no Flash.
A lista de recursos é enorme se comparada à da versão anterior; é quase um produto novo. Entre as principais novidades se encontram os editores de extrusão, suporte a fontes PostScript, câmeras e luzes, dimensionamento não-uniforme e posicionamento numérico de objetos, além da possibilidade de animar materiais. Essas adições permitem a criação de formas complexas – um grande avanço sobre o Swift 3D V1, que só permitia coisas simples como esferas e cones.
O Preview e o Export Editor agora tiram vantagem do novo mecanismo de rendering Ravix II, que promete oferecer a conversão mais rápida e versátil disponível. E, realmente, ele é bem mais veloz do que a primeira versão, sendo possível ter pré-visualização de cada frame antes que a animação seja exportada.
O Swift 3D, em sua versão original, era muito fácil de usar; a V2, embora conte com muitos novas possibilidades, consegiu manter a curva de aprendizado rápida. O programa custa US$ 159 (versão independente), no site da Electric Rain.
Strata 3D Pro 3.7
www.strata.com
O Strata 3D foi um dos primeiros programas de criação de sólidos tridimensionais desenvolvido para o Mas OS. O pacote Strata 3D Pro 3.7 é uma suíte de aplicativos que inclui ferramentas de modelagem, animação, efeitos e ainda exporta animações para o formato Flash a partir do módulo integrado do Swift 3D, RAViX II SWF. O Strata 3D prima por sua interface razoavelmente intuitiva e configurável, possibilitando que você crie seus próprios atalhos de teclado para acionar as ferramentas.
O conjunto de ferramentas de modelagem é enxuto, mas suficiente para a maioria das tarefas. Por outro lado, inclui uma vasta seleção de texturas pré-definidas, que podem ser uma mão na roda.
Apesar de não ter ainda versão para o Mac OS X, o software oferece suporte a multiprocessamento e ao Velocity Engine do Power Mac G4. É um dos programas 3D mais baratos do mercado, custando US$ 700 nos EUA. Não chega a ser considerado uma ferramenta muito profissional, sendo atualmente mais voltado para aplicações mais "light", como Web design.
3D de graça( ou quase)
Programas 3D têm dois sérios problemas: são caros e difíceis de aprender. Portanto é natural que, antes de gastar alguns milhares de reais, você queira dar uma "voltinha" para ver se o programa realmente é tudo isso que falam dele.
Felizmente, a coisa tem melhorado nesse aspecto. A moda agora são versões gratuitas dos programas 3D, com alguns limites na hora de salvar, menos features ou tempo de uso limitado. Mas é o suficiente para quem quer tomar gosto pela coisa.
Que o Maya foi o programa mais aguardado do mundo 3D para o Mac, você já sabia. O que você talvez não saiba é que existe uma versão de "aprendizado" que pode ser baixada e testada. Embora completo, o Maya Personal Learning Edition (149 MB, OS X) gera imagens com marca d’água para que você não o utilize profissionalmente. Mas é bastante funcional, apesar de não ter suporte a plug-ins. Dá para perceber também o quanto ele é complicado, mesmo contando com várias explicações via manuais em HTML e na própria tela. Não que isso facilite muito, mas já dá pra brincar um pouquinho.
O Electric Image está disponível de graça na forma do DVGarage 3D Toolkit (31,8 MB, OS 9) que pode ser baixada da Internet e, por incrível que pareça, funciona exatamente como o programa original – durante 30 dias. Mas o melhor é que, pela bagatela de US$ 199, você pode comprar um curso em DVD (pelo site www.dvgaragekit.com) que vem com a versão 3.1 do Electric Image completa (só não é compatível com shaders e plug-ins de terceiros). O curso dá até direito a um upgrade com desconto para o EIU 4, que acaba saindo por US$ 700.
O Strata 3D Base (20,1 MB, OS 9) é uma versão "tira-gosto" do Strata, disponível de graça na Internet para quem quer brincar um pouco (mas só um pouco) de 3D. A encheção de saco começa quando você quer usar algum recurso um pouco mais legal e ele dá a mensagem padrão de que você precisa comprar a versão "Plus" para fazer aquilo (ele vem com muito poucas texturas e shapes). Mas se você não tiver muitas pretensões, até dá para criar algumas figuras e fazer um ou outro render mais simples.
Nada como a concorrência para melhorar as coisas para o lado do consumidor. Para não ficar atrás, a Newtek também está preparando a versão gratuita do LightWave 3D: a Discovery Edition. Enquanto ela não vem, os usuários brasileiros poderão experimentar uma demo do programa, obtida pela CAD Technology para a inauguração do site nacional do programa (www.lightwave.com.br).
Tomas Egger M. Duque Estrada
tomas@adstudio.com.br
Acha que o melhor software 3D é aquele que você sabe usar.
Gustavo Yamin (Maya)
yamin@vetorzero.com.br
É diretor de arte da Vetor Zero.
Colaboraram: Muti Randolph, Márcio Nigro, Marcos Smirkoff e Tiago Vassão.
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