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Macmania
Resenhas

Mergulhe de cabeça no MP3

Foi-se a época em que "tocador de MP3" era aquele programa que simplesmente tocava músicas ou no máximo tinha uma playlist e um equalizador. Atualmente, os players de MP3 têm centenas de opções, desde as mais simples (por exemplo, tocar CDs) até as mais sofisticadas e inusitadas (já imaginou utilizar seu MP3 player como despertador?). O fato é que todo MP3 player que se preze nos dias de hoje tem que oferecer, além da função básica de tocar MP3, as opções de tocar CD, tocar uma música em streaming (ouvir a música "ao vivo", pela Internet), playlist, equalizador, ler/editar as tags ID3 (informações sobre a música, tais como Artista, Gênero, Ano etc), e, de preferência, uma arquitetura de plug-ins que facilite a adição de novos recursos aos programas (skins, plug-ins visuais, de equalização etc.).

Partindo desse princípio, escolhemos os players mais populares para um teste comparativo: SoundJam MP 2.0 (Casady&Greene), Macast Lite 2000 e Macast 1.0 (@Soft), Audion 1.5 (Panic) e QDesign MVP 1.1 (QDesign). O QuickTime Player também toca músicas em MP3 e vem junto com o Mac OS. Ele só não foi incluído porque não possui todos os recursos de um tocador de MP3 "de verdade" (playlists, por exemplo). O QuickTime não converte arquivos para MP3 (ainda) mas, em compensação, possui embutido o compressor QDesign, que comprime mais que o MP3, com a mesma qualidade (mas demorando mais para comprimir)..

Todos eles apresentam todas (ou quase todas) as funções citadas acima e basicamente a mesma performance. Então, como escolher o seu MP3 player? A resposta é: veja o que eles têm para oferecer além do básico.

Vejamos os mais populares: Macast (antes conhecido como MacAMP, o pioneiro do MP3 no Mac) e SoundJam. O Macast tem a vantagem de ter mais tempo no mercado, e consequentemente mais plug-ins, skins e versões localizadas, além de ter as versões Lite e Pro (shareware e comercial, respectivamente), enquanto o SoundJam, programa comercial, e o MVP, shareware, trazem como principal vantagem sobre os demais players o fato de também fazerem a conversão de músicas para MP3.

Aquast, da Macast

Outro recurso interessante do SoundJam é a opção de baixar informações sobre o CD do CDDB, um banco de dados com informações sobre milhões de títulos nacionais e internacionais. Esse recurso também está presente no Audion e no MVP. Estes dois últimos, entretanto, não aceitam plug-ins; o Audion aceita apenas skins (chamadas de "Faces"), e o MVP traz apenas o skin padrão, no estilo blueberry dos iMacs. O SoundJam 2.0, lançado em 1999 pela Casady&Greene (mesma fabricante do consagrado Conflict Catcher), ganhou fama rapidamente entre os usuários e hoje disputa com o Macast o posto de MP3 player mais popular. Em sua versão 2.0 traz inúmeras modificações, como a possibilidade de transferência de músicas para MP3 players portáteis, como o Rio 500 da Diamond; skins com transparência, já antecipando o visual do Aqua (ver Macmania 68); um despertador; e um modo karaokê para os candidatos a cantores.

O SoundJam traz também uma completa estrutura de plug-ins (de efeitos visuais, skins e de áudio) e um módulo de Control Strip (opcional), além de suporte a AppleScript. O Macast, sucessor do MacAMP, é distribuído em duas versões: Lite (shareware) e Pro (comercial). Por ter sido o primeiro MP3 player para Mac, conta com uma infinidade de plug-ins e uma legião de fãs. O Macast Pro, atualmente na versão 1.0, é o maior "herdeiro" do antigo MacAMP, ficando com sua interface e recursos mais importantes, como o amplo suporte a plug-ins e AppleScript. O maior destaque do Macast Pro são as suas opções de equalização, muito superiores em relação aos outros players. Seu irmão mais novo, o Macast Lite, é o "pequeno notável" dos MP3 players. Trata-se de uma barra flutuante semelhante ao Control Strip da Apple, com as funções básicas do Macast Pro, como playlist e streaming. O Macast Lite também tem suporte aos skins e à arquitetura de plug-ins do Macast Pro, além dos Phrase Books (espécie de plug-ins para a localização do Macast Lite/Pro, inclusive para o português, traduzido por Francis Augusto Medeiros).

O Audion, da Panic, vem correndo por fora e conquistando muitos usuários com sua interface simples e intuitiva. Ele é dividido em três modos: MP3 (para tocar MP3), CD (para tocar CD) e Net (para streaming), além do modo Karaoke, como o SoundJam. Também traz a função de despertador. O MVP, da canadense QDesign, tem como principal vantagem o fato de ter versões para Mac e para Windows. Sua versão para Mac foi lançada no final do ano passado e ainda não "emplacou" por estas bandas, apesar de ser muito recomendado por diversos sites especializados. Na verdade, o MVP é um "meio-player", pois ele se utiliza das bibliotecas de software do QuickTime 4 e não de sua própria biblioteca, como os demais players. Ainda em comparação aos outros players, o MVP apresenta poucos recursos, tendo como maiores destaques nesse ponto o seu conversor para MP3 e a sua integração com a Internet, que permite a compra de músicas via Web.

O desempenho de todos os players citados é basicamente o mesmo; o consumo de memória varia pouco de um para outro. Os requisitos mínimos dos players são um Power Mac 603 de no mínimo 100 MHz e em média 4 MB de RAM livres, mas o recomendável é um G3. O SoundJam 2.0 é o único com suporte à tecnologia Velocity Engine dos novos G4, que acelera drasticamente a tarefa de "ripar" (codificar em MP3) um CD.

A batalha dos encoders

Passada a fase inicial de escolha do seu MP3 player, é chegada a hora de analisar os encoders. Neste teste comparativo, utilizando um Power Mac 7600 com placa G3 de 300 MHz e 64 MB de RAM física, selecionamos os conversores mais populares no mundo Mac: SoundJam 2.0 (Casady&Greene), Audio Catalyst 2.0.1 (RealNetworks), N2MP3 (Proteron), MVP 1.1 (QDesign) e Mpegger 1.1 (Proteron), anteriormente chamado de Mpecker Encoder.

O AudioCatalyst conveteu essas músicas na média de uma por minuto

Todos os compressores analisados tiveram basicamente o mesmo desempenho, convertendo as músicas para MP3 numa média de um minuto e meio por música. O destaque dos testes foi o AudioCatalyst, que manteve a incrível média de uma música por minuto (!), enquanto o "troféu tartaruga" ficou para o Mpegger, que gastou aproximadamente 2 minutos por música (com ou sem o recurso de "Monopolize CPU", isto é, utilizar toda a CPU durante a conversão).

Quanto aos recursos oferecidos, novamente o AudioCatalyst sai na frente, oferecendo conversão diretamente de CDs, arquivos ou mesmo da entrada de áudio do Mac, permitindo, entre outras coisas, transformar aquela sua coleção de LPs em MP3. Outros recursos interessantes são o "RealTime encoding", que permite tocar a música enquanto a conversão é efetuada, além de baixar informações sobre o CD que está sendo convertido diretamente do CDDB, preenchendo as tags ID3 das músicas convertidas.

O SoundJam, por sua vez, ganhou vários recursos em sua mais nova versão (2.0), o que o colocou numa posição superior aos demais encoders, juntamente com o AudioCatalyst. Além de permitir a conversão para MP3 de CDs, arquivos e da entrada de áudio, o SoundJam permite ainda a conversão para MP2 ("eme-pê-dois", não é erro de digitação!) e AIFF. Também é possível escutar as músicas enquanto estão sendo convertidas e editar as tags ID3. Se você é um feliz proprietário de um G4, não precisa nem procurar outro programa. O suporte ao Velocity Engine permite ripar uma música de três minutos em estonteantes 20 segundos num G4 500 MHz!

Outro player que permite a conversão de músicas para MP3 é o MVP, oferecendo a conversão apenas de CDs e arquivos. O MVP oferece dois tipos de conversão: "Fast", ou conversão rápida; e "Quality", de melhor qualidade, mais lenta que o modo "Fast". O MVP também converte e toca músicas no formato QDesign.

A Proteron, empresa americana de Nebraska, oferece duas opções de conversores para atender a gregos e troianos. O primeiro, Mpegger, antes chamado Mpecker Encoder, foi o primeiro conversor de MP3 para Mac. No entanto, problemas envolvendo direitos autorais paralisaram seu desenvolvimento por algum tempo, para a tristeza dos fãs do MP3. Desde então, o Mpegger, que reinava sozinho no campo dos conversores, perdeu espaço para outras opções que foram surgindo e hoje corre em busca do tempo perdido. Suas opções são muito abrangentes, permitindo ao usuário controlar muitos aspectos da música a ser convertida. A conversão pode ser feita a partir de CDs ou arquivos, e também é possível buscar informações sobre os CDs convertidos no CDDB.

Esse foi o primeiro encoder de MP3 para Mac

A outra opção oferecida pela Proteron é o N2MP3, que apesar do nome esquisito é uma excelente opção. Ao contrário dos outros encoders, o N2MP3 não é apenas um programa, mas um conjunto de extensão, control panel e aplicativo. A sua utilização é muito simples: para efetuar a conversão de uma música de um CD, basta arrastar a faixa desejada para o seu disco rígido e, fiat lux! lá está um novo MP3. Mais fácil, impossível. O N2MP3 reconhece vários drives de CD e oferece a opção de baixar informações sobre os CDs do CDDB, além de permitir a execução das músicas convertidas em tempo real.

O painel de controle do N2MP3 põe o Mac OS na era do MP3

O que vem por aí…

O MP3 é, de longe, a maior polêmica da Internet atualmente. A liberdade de informação e a velocidade com que as músicas são transferidas estão tirando o sono de gravadoras e bandas, que tentam, em vão, conter movimentos como o Napster (programa que permite a troca de MP3s pela Internet) e sites que distribuem músicas nesse formato (mp3.com, entre outros). Em contrapartida, o padrão MP3 já projetou diversas bandas até então desconhecidas do grande público, que, sem a necessidade de uma gravadora, vendem suas músicas online. Toda essa polêmica em torno do MP3 acaba por divulgar ainda mais o formato, e hoje é praticamente impossível pensar que este padrão possa ser destruído por uma ação judicial. É como diz a velha frase: "o gênio saiu da garrafa". Colocá-lo de volta é bem mais difícil.

Aqua, do SoudJam

Roberta Rabelo Zouain
Tem centenas de MP3s, mas ainda prefere um bom CD.