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Resenhas

Responderemos às dez perguntas mais importantes sobre a migração para o Mac OS X

"O poder do Unix com a intuitividade do Macintosh"

Se esse era o objetivo da Apple com seu novo sistema, podemos dizer que foi um sucesso. O Mac OS X simplesmente funciona. A instalação é (na maioria das vezes) fácil e tranquila. O ambiente Classic (o 9.1 rodando dentro do X) deixa as máquinas com menos memória livre e mais lentas, mas é um prodígio de compatibilidade. Quase todos os programas que rodam no 9.1 funciona sem problemas no X.

É claro que nem tudo são flores. Seria impossível a primeira versão de um novo sistema operacional não ter bugs. Para começar, há omissões: o Mac OS X ainda não toca DVDs, por exemplo. Isso a Apple já está resolvendo, com updates frequentes (dois em pouco mais de um mês).

As incompatibilidades são bem poucas, mas existem. Uma porção de dispositivos e periféricos não funciona no X (onde não tem driver) nem no Classic, mesmo com o driver; resta esperar a chegada dos drivers nativos.

O Finder do X é meio lento (o redimensionamento de janelas vai aos "soquinhos", mesmo no G4 mais veloz), o menu contextual fica devendo e sobraram várias inconsistências. Mas, de maneira geral, o sistema é utilizável em máquinas de trabalho. Se o seu Mac não está muito próximo do limite mínimo (iMac 233 MHz com 128 MB de RAM), provavelmente você não sentirá perda de produtividade. E de quebra, vai poder contar com um sistema praticamente impossível de travar. Com certeza, a grande vantagem de usar o Mac OS X é a estabilidade. Programas podem bombar escandalosamente que você clica no desktop e o sistema está sempre lá, pimpão.

O maior choque é a mudança de interface. De uma hora para outra, você é obrigado a reaprender a mexer no seu computador, navegar no seu disco, imprimir, conectar… coisas que já eram feitas no automático. Não é à toa que as mudanças do Mac OS X vêm provocando grandes discussões entre os macmaníacos. Muita coisa se perdeu na transição, mas boas novidades ocuparam seu lugar.

O Mac OS X chegou às revendas Apple brasileiras pelo preço de R$ 299. A versão em português deve chegar já no segundo semestre. Neste artigo, procuramos nos concentrar na solução de dúvidas de quem está pensando em migrar para o X, os principais problemas e as mudanças mais dramáticas.

1 - Qual é o melhor procedimento para instalar o Mac OS X?

Existem três maneiras básicas de instalar o X, cada uma com vantagens e desvantagens. Como você é uma pessoa inteligente, vamos presumir que já fez o becape do seu HD e não vamos perder tempo falando em como isso é importante e fundamental.

Método rápido e sujo

Ponha o CD do X no drive, restarte apertando a tecla [C] e instale por cima do seu 9.1.
· Prós: É rápido e o X vai reconhecer as suas fontes e os ajustes de alguns programas.
· Contras: Extensões mal-comportadas e arquivos corrompidos podem causar problemas no ambiente Classic e dificultar sua solução.

X e 9.1 limpos e juntinhos

Reformate o disco. Instale o 9.1. Copie de volta seus programas e documentos favoritos. Instale o X em seguida.
· Prós: Muito prático para quem precisa ficar alternando entre os dois sistemas. As pastas Documents e Users são compartilhadas entre o 9.1 e o X.
· Contras: Você não vai ter como desinstalar o X sem também jogar fora o 9.1. Também não vai conseguir escolher o 9.1 pelo método de segurar [Option] durante o startup (só vai poder mudar de sistema pelo System Preferences, módulo Startup Disk).

Cada sistema no seu galho

Reformate o disco e crie duas partições, uma para cada sistema.
· Prós: Poder reformatar só a partição com o X e recomeçar do zero.
· Contras: Segundo a Lei de Murphy, cedo ou tarde uma das duas partições vai ficar pequena demais, enquanto vai sobrar espaço na outra.
Para usar o ambiente Classic é imprescindível que o Mac OS 9.1 e o Mac OS X estejam no mesmo disco rigido, não necessariamente na mesma partição. Se você possui dois discos rígidos, terá que instalar o X no seu disco principal junto com o 9.1.


2 - O Mac OS X roda bem em um iMac 233 com 128 MB de RAM? Tem como rodá-lo num Mac que não seja G3 ou G4?

O desempenho do Mac OS X depende de dois componentes: processador e memória. Quanto ao primeiro, um chip PowerPC G3 de 233 MHz é, como já foi dito, o mínimo. Você pode instalar o X nele, mas com certeza vai achá-lo mais lento que o Mac OS 9. A partir de um G3 de 350 MHz, a coisa fica bem mais interessante. De qualquer forma, em qualquer máquina com um processador só você vai ter a sensação de que seu computador ficou mais lento. Isso ocorre porque o Finder do X ainda não é totalmente nativo. Quando a Apple reescrever o Finder do zero para o ambiente Cocoa, ele deve ficar bem mais rápido. Em relação à memória RAM, o mais importante é você definir o quanto você irá precisar do ambiente Classic. Seu Mac OS 9.1 rodando dentro do X ocupa tanta memória quanto ocupava quando reinava sozinho. Ou seja, dos 128 MB "mínimos", pelo menos uns 40 MB estarão sendo usados pelo Classic quando você estiver trabalhando em programas não "carbonizados". Se você é daqueles que curte programas como "Survivor" e "No Limite", pode tentar viver sem o Classic, usando o programa de email que vem com o sistema e o Explorer 5.1 beta. Nesse caso, dá para instalar o X em máquinas com 96 ou até 64 MB de RAM.

Mas não se iluda: o Mac OS X a-do-ra RAM. Sua memória virtual é maravilhosa, acabando definitivamente com programas reclamando de falta de RAM e aquela chatice de ir no Get Info para ajustar os programas. Só que, para o gerenciamento de memória funcionar, é preciso ter uma boa quantidade de memória real. Ao passar dos 128 mínimos para 256 MB, você irá notar uma melhora impressionante no desempenho do sistema. E quando dizemos "o sistema", isso quer dizer todos os programas.

Quanto a instalar o X num Mac não-G3, a Apple afirma que não é possível, mas com um certo "jeitinho" dá, sim. Na próxima edição daremos um passo-a-passo sobre como instalar o X numa máquina não-G3. Mas cuidado: a Apple não se responsabiliza (nem nós) por qualquer coisa que venha a dar errado durante essa instalação não autorizada.

3 - É mais difícil trabalhar no Mac OS X? Terei que aprender a mexer na linha de comando?

O Mac OS X traz a maior ruptura já feita pela Apple na interface original do seu sistema. Procedimentos aos quais os usuários de longa data tinham se acostumado foram totalmente defenestrados. Diga adeus ao Apple Menu (como o conhece), ao menu de programas no canto direito, ao Control Strip, aos Labels, às pastas que se abrem automaticamente e às abinhas na parte de baixo da tela. Diga olá ao Dock e à barra de ícones nas janelas do Finder.

A grande sacada da Apple entre o lançamento do beta público e a versão final do Mac OS X foi flexibilizar essas duas ferramentas.

A barra de ícones das janelas do Finder é totalmente reprogramável. Você pode colocar nela programas, pastas e documentos e bolar seu próprio jeito de navegar pelo sistema. Você pode escolher usar apenas ícones ou apenas texto, ou esconder a barra de ferramentas clicando no botão compridinho do canto direito.

O Dock submenus para as pastas e, com o update 10.0.1, ganhou uma opção no menu contextual para manter nele os ícones de um programa aberto.

Apesar da complexidade da estrutura de arquivos do Unix, Finder e Dock bastam para fazer a navegação de forma tão intuitiva quanto no Mac OS Clássico, e para alguém acostumado chega a ser mais rápido, graças à prática visualização de arquivos por colunas, herdada do NeXT (o sistema que deu origem ao X).

Quanto à linha de comando: sim, é verdade. O Mac OS, o sistema que sempre se vangloriou de ter uma interface puramente visual e não uma "casca" gráfica sobre um sistema de linha de comando de texto, agora pode ser operado por comandos crípticos.

A linha de comando desperta duas reações opostas nos usuários de computador. Existem os que acreditam que ela é uma poderosa ferramenta de trabalho. É claro que, em muitos casos, o maior poder é o de saber um comando esquisito para fazer uma coisa que pode muito bem ser feita em um programa bonitinho com botões, ícones e janelas. Mas aí, qual é a graça?

O segundo tipo de usuário é o que morre de medo de ter que decorar qualquer comando para mexer no seu computador. Durante anos se agarrou ao Mac porque se apavorava ao ver os amigos pecezistas entrando no prompt do DOS para editar arquivos de sistema. Ambos podem respirar tranquilos. O Mac OS X permite que você caia de cabeça na linha de comando ou passe longe dela. Basta usar ou não o programa Terminal, a porta de entrada para esse lado obscuro do sistema.

Não há nenhuma tarefa importante para o usuário comum no Mac OS X que precise ser feita pelo Terminal. Em compensação, o Unix no Mac abre uma porta para que a nossa plataforma entre no competitivo mercado de servidores de rede e de Internet.

Uma passeada pelos sites de Mac mostra que a linha de comando no Mac OS X é um sucesso, principalmente para quem está a fim de "hackear" o Aqua, mudar o Dock de lugar, alterar o efeito Genie e fazer outros truques de salão. Mas no dia seguinte saem programinhas que fazem a mesma coisa com apenas um clique. Logo, logo o pessoal se acostuma com a idéia e o Terminal volta a ocupar o seu lugar de direito: como ferramenta para desenvolvedores, administradores de rede e webmasters que precisam dela para executar seu trabalho diário.


4 - Os programas do X rodam no Mac OS 9 e vice-versa?

Vou precisar ter duas versões de cada programa?
Não. Os programas "carbonizados" rodam nos dois sistemas. Esses softwares, na verdade, possuem o mesmo código fonte do sistema 9, porém com adaptações para serem usados no OS X sem precisarem do ambiente Classic. Ou seja, rodam nativamente no X e também no 9 sem problema. Já os aplicativos "Cocoa" (isto é, escritos desde a primeira linha na linguagem do Mac OS X) são totalmente nativos para o X e não rodam no Mac OS 9. A quantidade de programas Cocoa ainda é muito pequena e nenhum dos aplicativos mais famosos (como Word e Photoshop) será reescrito tão cedo. Os programas que ainda não foram adaptados para o X (como os dois citados anteriormente), continuam rodando normalmente no 9 ou no ambiente Classic dentro do X.

5 - Existe um cronograma de lançamento das versões "carbonizadas" dos principais aplicativos?

Isso não é muito animador: não existe uma data certa para que os grandes fabricantes de software (leia-se Adobe, Microsoft, Co rel...) lançem versões "carbonizadas" de seus produtos para o Mac OS X. A partir de junho deverão começar a pipocar programas importantes para o X, mas as maiores empresas deverão esperar um pouco mais para lançar atualizações dos programas.

O primeiro grande nome a se apresentar pronto para o X é o FreeHand 10 (veja resenha nesta edição), que saiu no final de abril. Outros aplicativos conhecidos, como Internet Explorer, ICQ, AOL Instant Messenger o StuffIt 6.0 e AppleWorks já tem versões "carbonizadas". Este último foi o primeiro aplicativo "carbonizado", mas agora há uma nova versão beta no site da Apple (mas só a versão americana).

6 - Posso voltar ao Mac OS 9, caso me arrependa?

Pode, mas dá um certo trabalho. Não existe a opção "Uninstall" no instalador do X. Se você instalou o Mac OS X na mesma partição do 9.1, infelizmente a única saída é reformatar a partição e começar tudo de novo. Se os dois sistemas estão em partições separadas, basta apagar apenas a partição onde o Mac OS X está instalado. Se você tem espaço sobrando e quiser deixar o Mac OS X por ali para o caso de uma recaída, basta "dar o boot" pelo Mac OS 9 (System Preferences > Startup Disk) e esquecer que o X existe.

7 - Os programas no Classic ?cam mais lentos que no 9.1?

Isso depende da quantidade de memória da sua máquina. Como já foi dito, um Mac com 128 MB de RAM vai rodar o ambiente Classic no limite da memória física. Ao abrir mais programas, o sistema vai começar a "paginar" (jogar partes da RAM para a memória virtual) cada vez mais, e tudo vai ficar mais lento.

Numa máquina com memória sobrando, os programas no Classic rodam um pouco mais devagar que no 9.1, mas nada perceptível. Num G4 duoprocessado, eles vão rodar até mais rápido, pois o Mac OS X divide as tarefas (inclusive as realizadas dentro do Classic) entre os dois processadores.

8 - É verdade que não posso gravar CDs nem ver DVD?

É verdade, mas as coisas estão melhorando. O último update do Mac OS X (10.0.3) já permite gravar CDs de áudio pelo iTunes. É provável que entre o fechamento desta matéria e a chegada da revista nas suas mãos, já tenha saído outro update habilitando mais funções. A Apple tem trabalhado bastante para cobrir os "buracos" que ainda existem no X. Enquanto isso não ocorre, o jeito é "restartar" pelo sistema antigo.

9 - Que programas "clássicos" não rodam no Classic?

Poucos. O Virtual PC é um deles. O Adobe Type Manager Deluxe não é compatível com o Mac OS X nem com o 9 no ambiente Classic. O ATM Light é compatível, mas só é necessário no 9, já que o OS X tem embutido um gerenciador de fontes. O Adobe Premiere 6 não é nativo para o X, e dentro do Classic não consegue acessar as portas FireWire. O jeito, então, é rodá-lo no 9.1. O Final Cut Pro, da Apple, também não roda no X. O Photoshop 6.0.1 roda passavelmente em Macs com 256 MB de RAM; com menos, não funciona bem. O Photoshop 5.5 até roda, e é bem mais "leve" que o 6, mas enquanto em alguns Macs não dá problemas, em outras máquinas "crasheia" o Classic. Alguns desses programas no Classic têm uma tendência a "segurar" as teclas [Shift] e [Option] como se permanecessem pressionadas, ou então o cursor simplesmente desaparece da tela; em ambos os casos é preciso dar Quit e abrir o aplicativo novamente. E embora o Mac OS X não trave nunca, o Classic ainda bomba - na verdade, o que ele faz é dar Quit sozinho, sem aviso algum -, e com maior frequência do que o Mac OS 9 "puro". Conclusão: se o seu ganha-pão depende de algum dos programas peso-pesados citados acima, não é hora de mudar para o X.

10 - O Mac OS X é menos seguro que o Mac OS clássico?

Bem-vindo ao maravilhoso mundo do Unix. Seu sistema é praticamente inexpugnável, desde que você não deixe a porta aberta. O default da instalação do Mac OS X é deixar o root, o compartilhamento por FTP e a possibilidade de login remoto desabilitados, o que já reduz bastante a possibilidade de uma invasão.

É preciso tomar muito, mas muito cuidado mesmo, com programas que pedem sua senha de administrador para serem instalados. Só instale aqueles de cuja idoneidade e procedência você tenha absoluta certeza.

A senha de login do Mac OS X é uma proteção razoável ao seu desktop, mas não é totalmente segura. Qualquer mané com um CD de instalação do X pode restartar pelo CD e mudar sua senha de root ou admin (ou criar uma). Nestes tempos de dual boot, nem precisa de CD. Basta o gajo restartar segurando [Option] para entrar na sua máquina pelo inseguro 9.1 e fazer a festa. Mas a verdade é que nenhuma plataforma é segura em relação a alguém que tenha acesso físico a ela.

Heinar Maracy e Sérgio Miranda