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Macmania
Resenhas


por Rafael Rigues

A primeira MacWorld do ano, aberta pela tradicional palestra de Steve Jobs, era aguardada com ansiedade pelos macmaníacos. Rumores davam conta de um evento promissor: novo conjunto de programas de escritório, novos aplicativos na série iLife, novos XServe, novos iMacs, PowerBooks com processador G5, mini iPods e uma misteriosa "iBox", cruzamento de um videocassete com um Mac. Nem todos os desejos foram atendidos, mas o que foi mostrado é suficiente pra deixar muita gente satisfeita.

Os números

Steve começou o evento com os já tradicionais números: o Mac OS X conta com 9.3 milhões de usuários, ou 40% dos usuários de Mac. É a transição mais rápida entre sistemas operacionais da história, levando apenas três anos. Os desenvolvedores também aderiram: já são 10 mil aplicativos nativos para o Mac OS X, número que cresce a cada dia.

Jobs também falou do lado musical dos negócios. A iTunes Music Store já ultrapassou os 30 milhões de músicas vendidas em menos de um ano de funcionamento. As vendas chegaram ao ritmo de quase 1.9 milhões de músicas vendidas por semana, e também foram vendidos 100 mil gift certificates, que permitem que você dê músicas de presente aos seus amigos e familiares.

Segundo o Nielsen Soundscan, serviço que monitora a atividade nos sistemas de download de músicas ao redor do mundo, a iTunes Music Store tem 70% do mercado legalizado de downloads.

O iPod é outro sucesso: em dois anos de mercado, foram vendidas mais de 2 milhões de unidades. O player da Apple tem 31% do mercado, em unidades vendidas, e 59% em faturamento.

Software

Os anúncios de software começaram o lançamento do Final Cut Express 2, nova versão do software de edição de vídeo "pró-mas-não-tão-pró-assim" da Apple. Baseado no Final Cut Pro 4, seu principal destaque é o RT Extreme, recurso que possibilita a aplicação de filtros em tempo real sobre seu filme, sem a necessidade de esperar intermináveis minutos pelo render a cada mudança que você fizer.

A Microsoft veio ao palco mostrar o Microsoft Office 2004, o "melhor office já feito para Mac", segundo Roz Ho, representante da empresa. Dentre os recursos demonstrados está o novo sistema para aquisição e gerenciamento de notas incorporado ao Word, ideal para jornalistas ou para uso em reuniões, que permite a inclusão de clipes de áudio, além de texto e imagem, em seus documentos.

Usuários do Excel vão gostar da nova forma de visualização de suas planilhas, chamada Page Layout. Com ela, você pode trabalhar na planilha e acompanhar em tempo real como ela irá ficar no papel, acabando com o problema daquele seu gráfico maravilhoso ficar dividido entre 2 páginas.

E para organizar o dia-a-dia agitado do profissional moderno, o Office ganhou um gerenciador de projetos, chamado Project Center. Suponha que você esteja organizando um evento: Crie um projeto para ele, e use o Project Center para integrar em um só lugar os e-mails relacionados que estão no Entourage, o press-release que está no Word, as planilhas de custo do Excel, a apresentação feita no Power Point e muito mais.

O novo Microsoft Office chegará ao mercado em meados de 2004, mas a empresa já anunciou um programa de upgrade: quem comprar o Office a partir de hoje tem a atualização gratuita para a nova versão garantida.

Em seguida, Steve apresentou a nova versão do conjunto de aplicativos iLife, chamada iLife '04. Os quatro aplicativos já existentes (iTunes, iPhoto, iMovie e iDVD) ganharam novos recursos e um companheiro: Garage Band.

A iTunes Music Store agora tem acesso aos Billboard Charts, permitindo que você veja (e compre) a lista semanal da parada de sucessos dos EUA, desde 1946 até os dias de hoje. A loja também ganhou 12 mil novas músicas clássicas, de vários selos, levando o catálogo aos 500 mil títulos, o maior entre todas as lojas online do planeta.

O iPhoto agora suporta até 25 mil fotos em sua biblioteca, com desempenho melhorado para navegar por tudo isso. É possível organizar seus álbuns por data, por exemplo: todas as fotos de 2003, ou todas as dos últimos 5 meses. As fotos podem ser classificadas quanto à sua preferência, de uma a 5 estrelas, e estas informações podem ser usadas para a construção de playlists inteligentes, como no iTunes.

Falando em playlists, agora é possível associar playlists inteiras aos seus slideshows, em vez de apenas músicas individuais. Outros recursos incluem novos efeitos e transições, compartilhamento de álbuns e imagens via Rendezvous e um recurso há muito esperado pelo público internacional: agora, consumidores do Japão e Europa também podem encomendar álbuns com suas fotos diretamente do iPhoto, e recebê-los em casa.

No iMovie 4 a principal novidade é a maior facilidade no compartilhamento de seus filmes e projetos: basta selecionar um clipe e escolher no menu "Sharing" como você quer compartilhá-lo. Se escolher Web, por exemplo, o iMovie automaticamente comprime o filme para o formato Quicktime em uma resolução adequada, faz o upload do arquivo para o seu iDisk e cria uma página web com sua obra-prima.

O software para produção doméstica de DVDs, o iDVD, ganhou 20 novos temas, entre eles Casamento, Viagem de Carro, Teatro Infantil e Drive-In, novas transições e um "encoder" de vídeo profissional, tirado do Final Cut. Com a nova versão, é possível colocar até 2 horas de vídeo em alta qualidade em um disco DVD. Sua máquina não tem um SuperDrive? Sem problema: arquive o projeto, transfira-o para o Mac com o gravador e queime seu disco lá.

Mas a grande estrela no novo pacote iLife é o Garage Band (piadinhas dizem que ele deveria se chamar iLogic, mas o nome foi mudado na última hora), segundo Steve: "O software de música profissional... para todos nós". Com o novo software, seu Mac vira um estúdio completo, com 50 instrumentos via software, mil loops gravados por artistas profissionais, 200 efeitos, 20 presets simulando vários amplificadores para guitarra, dos clássicos até os modelos mais recentes, e muito mais. É possível mixar até 64 trilhas simultâneamente, misturando instrumentos virtuais, que podem ser controlados com qualquer teclado MIDI ou USB, loops e gravações ao vivo. Ao fim do trabalho, suas músicas podem ser exportadas para o iTunes, que as coloca em uma playlist especial.

Jobs chamou ao palco o guitarrista John Mayer para demonstrar os recursos do novo programa. Usando um teclado MIDI, John demonstrou samples de piano, órgão de catedral, baixo de Jazz, instrumentos de sopro e um violão, elogiado pela qualidade. Então foi a vez de Steve, que não é músico, mostrar o poder do Garage Band, compondo rapidamente uma peça usando apenas os loops inclusos no programa. Pra finalizar, Steve e John se juntaram em uma apresentação usando instrumentos virtuais, loops e uma performance gravada ao vivo, no palco, com John na guitarra.

O mais impressionante em toda a história é o preço do iLife 04: apenas US$ 49,00, o mesmo da versão anterior. Para fins de comparação, Steve cotou uma lista de softwares similares para Windows, porque "...todo mundo diz que o Windows é mais barato". O resultado? Mais de 300 dólares.

A Apple também anunciou dois "acessórios" para o Garage Band: Um teclado USB, com 49 teclas, por US$ 99,00 e um pacote, o Jam Pack, com mais de 100 instrumentos, 2 mil loops extras, 15 amplificadores, e mais de 100 presets e efeitos, também por US$ 99,00.

O pacote iLife vale mais do que a pena, principalmente pelo Garage Band, que vem preencher a lacuna gerada pela falta de um software "entry-level" para áudio no Mac OS X. A má notícia, é que a Apple não irá disponibilizar o iPhoto e o iMovie como downloads gratuitos. Apenas o iTunes, player de MP3 e portal para a loja de músicas da Apple, continuará gratuito.

Hardware

O primeiro anúncio de hardware veio logo após um vídeo em que o Dr. Srinidhi Varadarajan, projetista do supercomputador "Big Mac" da Universidade de Virginia, nos EUA, deu um depoimento sobre como foi fácil, e barato (apenas US$ 5,2 milhões de dólares), construir o terceiro supercomputador mais poderoso do planeta usando os novos PowerMac G5. A universidade recebeu as 1100 primeiras unidades a serem produzidas, e o sistema inteiro foi montado em apenas 2 meses após a chegada das máquinas.

Steve comentou que tudo teria sido ainda mais fácil se eles pudessem ter usado os XServe G5, lançados hoje. Os novos modelos, que custam a partir de US$ 2.999 dólares, tem um drive óptico "slot loading", um ou dois processadores PowerPC G5 de 2 GHZ, até 8 GB de memória ECC e 750 GB de espaço em disco, além dos recursos de sempre: redundância em todos os sistemas vitais e monitoramento remoto completo.

O XServe RAID, sistema de armazenamento da Apple, também foi atualizado: agora com 3U (três unidades) de altura, comportam 3.5 Terabytes de espaço em disco, um conector SFP para conexões Fibre Channel a 2 gigabits por segundo e novos modos de RAID. O hardware agora também é certificado para funcionar com o Windows e duas versões do Linux. Ao um preço de US$ 5.499 dólares, ou 3 dólares por Gigabyte, o XServe RAID tem a melhor relação custo-benefício em toda a categoria.

O outro hardware anunciado por Steve já era ansiosamente esperado por muitos, e tido como certo por quem acompanha os sites de rumores: o iPod mini. Steve disse que a Apple acompanhou o desempenho no mercado dos tocadores de MP3 baseados em memória Flash, que custam por volta de 200 dólares. Embora detenham 31% do mercado de tocadores de MP3, estes aparelhos tem defeitos fundamentais: guardam poucas músicas (têm em geral 256 MB de memória), telas muito pequenas e "uma interface terrível".

Foi pensando em abocanhar essa fatia do mercado que a Apple desenvolveu o iPod mini. Com 4 GB de espaço em disco e a mesma aclamada interface do iPod, os novos players são ainda menores, do tamanho de um cartão de visitas, e com pouco mais de um centímetro de espessura. Disponível em várias cores, o iPod mini chegará ao mercado norte-americano em fevereiro, e em abril ao resto do mundo.

A única coisa que os sites de rumores não acertaram foi o preço: enquanto todo mundo esperava algo na faixa de 100 dólares, os novos MP3 players custam US$ 249,00. O iPod tradicional também ganhou uma forcinha: o modelo low-end de 10 GB sai de cena, substituído por um de 15 GB com o mesmo preço.

O que não rolou

Para desapontamento de muitos, novos iMacs não deram as caras. Rumores diziam que novos modelos, com um design unindo o painel LCD e a CPU e um novo gabinete seguindo o estilo alumínio dos G5 estavam na boca do forno. De qualquer forma, está mesmo na hora de reciclar o iMac "girassol", que já tem dois anos de mercado.

Faltou um lançamento de Mac para empolgar a moçada, mas no geral, a MacWorld San Francisco 2004, com seu forte foco em software para o consumidor criativo, acabou com saldo positivo. Agora, que um iPod mini de US$ 100 teria deixado muito mais gente satisfeita, teria...

Rafael Rigues
rigues@magnet.com.br