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O último Mac OS clássico?

Pacote traz grandes novidades, mas não tem dicionário em português

Transição é a palavra que a Apple usa para definir o Mac OS 9.1, a mais recente atualização do sistema operacional clássico. Lançado "na surdina" durante a Macworld Expo de janeiro, a intenção da Apple é de que ele seja o último update do Mac OS lançado em 1984 (talvez essa atitude seja precipitada, conforme veremos). Por fora, pouca coisa muda nas janelas e no visual (não, não tem a interface Aqua), mas por dentro... quanta diferença! Pastas mudam de lugar, programas são apagados e muitas outras novidades cercam esse update.

Você já deve estar se perguntando se deve ou não imediatamente pular do seu sistema atual para esse. Leia esta matéria para tirar suas conclusões.

Novos features

A instalação do 9.1 não é, em si, traumática. Basta duplo-clicar no instalador que ele faz todo o resto (ele apenas avisa que a instalação invalidará o ambiente Classic de quem usa o Mac OS X beta, o que provavelmente não é o seu caso). Mas, depois de religar o Mac, boa parte da organização do seu HD terá sido modificada. Por isso, não se assuste e comece a gritar com seu Mac por causa de programas que foram apagados. Ao abrir o seu disco rígido, o primeiro choque: o update pega as pastas Applications, Apple Extras, Internet, Assistants e Utilities, todas ligadas ao sistema operacional, e as transforma numa outra chamada Applications (Mac OS 9). Por quê? Simples: é assim que vai ser no Mac OS X. A nova disposição é para o macmaníaco se adaptar à nova realidade que será iniciada em 24 de março, quando o X será oficialmente lançado.

Outra novidade está no Finder. Entre o menu View e o Special, encontra-se agora o menu Window, que mostra todas as janelas abertas com a janela ativa assinalada e todas as minimizadas com um traço ao lado do nome (as janelas pop-up aparecem sem nenhuma marcação). Esse novo menu facilita a navegação quando o Finder está cheio de pastas abertas umas sobre as outras. Também foi incluído um novo atalho de teclado para esvaziar o lixo ([?][Shift] [Delete]) e Command T, para adicionar a Favoritos (ambos presentes no X) e outros, relacionados ao menu Window, que podem facilitar a vida de quem precisa ter muitas janelas abertas ao mesmo tempo.

Aliás, o Finder foi um dos programas mais modificados nesse update. Se os novos menus são as mudanças mais aparentes, outras, escondidas, também são importantes para o futuro X que está chegando. Controlar a quantidade de memória para cada software, agora é mais tranquila, pois a mensagem de aviso que você pediu menos memória do que o necessário, por exemplo, só aparece no final da operação e não a todo momento que você mexia nos valores. Três painéis de controle foram reformulados:

  • O General Controls sofreu uma "operação plástica" e no modo multiusuário é possível ter um General Controls personalizado para cada um.


  • O Startup Disk agora mostra os discos com sistema operacional de forma hierárquica (dá para ter mais de um System Folder por partição) e aqueles que não são "bootáveis" ficam inacessíveis.


  • O Memory permite que máquinas antigas salvem o conteúdo do RAM Disk no HD quando o Mac é desligado (isso só era possível nos Macs mais novos).


  • USB Printer Sharing permite compartilhar impressoras USB em rede. O Mac OS 9.1 também trouxe outras novidades. O programa WorldText é um processador de texto simples, mas bem mais efeciente do que o SimpleText. Com uma interface mais inteligente para acessar as funções de fonte (como negrito, itálico e outras) numa palete flutante que permite mudar as características do texto selecionado. O problema é que o software não vem na versão disponível para download, apenas no CD (que é pago, óbvio).

Como todo bom update que se preze, o Mac OS 9.1 corrige bugs da versão anterior, como aquele que não mandava os arquivos temporários para a lixeira, deixando-os se acumularem sem que você percebesse (Aleluia! Aleluia!). Também melhorou a performance do painel de controle File Sharing, que no Mac OS 9.0.4 demorava muito para abrir em certas máquinas. O Finder ficou um pouco mais rápido e o "acordar" do Mac também (principalmente nos portáteis). Outras novidades ficam por conta de versões atualizadas de programas como AppleScript (1.5.5), Desktop Printer Utility (1.3) Open Transport (2.7.4), Help (4.0) e Remote Acess (4.0), entre muitos outros.

Novos bugs?

Então, esse período de transição entre o clássico e o moderno será de bonança e tudo será melhor e mais rápido? Hmmm... A resposta não é simples assim. Para alguns, o Mac OS 9.1 foi tudo que se espera de um sistema operacional eficiente, para outros, foi uma tremenda barca furada. Não ficou provado até o momento se o update é mais rápido e estável que o Mac OS 9.0.4. E quando se fala em atualização de sistema operacional, além de corrigir os problemas anteriores, é normal acontecer pequenos problemas de compatibilidade, afinal, demora um pouco até todos os fabricantes de software e hardware se adaptarem às novidades implementadas. Com o Mac OS 9.1 não foi diferente. Programas como o Suitcase, ATM e Quark enfrentaram dificuldades com o sistema atualizado (como atalhos de teclado que sumiram, impressoras que não imprimiam, entre outros). periféricos como Trackball da Kensington e o Intellimouse óptico da Microsoft também passaram por maus bocados. A lista dos problemas que o Mac OS 9.1 teve é, para dizer de forma complacente, extensa. Quem tiver curiosidade pode acessar o relatório (em inglês) criado pelo site MacFixIt (www.macfixitcom), com detalhes interessantes sobre os bugs e também soluções (vulgo "gambiarras") para resolver grande parte dos problemas. Lembra quando dissemos que o update muda muita coisa de lugar? Pois é, essa reviravolta organizacional pode causar uma dor de cabeça quando documentos específicos, guardados nessas pastas movidas, precisam ser acessadas por aplicativos que memorizam seus endereçoa absolutos (pathnames) no disco. E nem pense em renomear as pastas, pois isso não pode ser feito (ver o Bê-A-Bá desta edição).

Mac OS X e o 9.1

A Apple na época do lançamento do 9.1 foi categórica: o update não era compatível com a versão beta pública do Mac OS X. Mas as coisas mudam de figura quando o assunto é a versão final do OS X. Sem o 9.1 não há como instalar o novo sistema operacional. Várias funções e menus foram alterados no 9.1 para tornar os dois sistemas mais compatíveis.

Vale a pena?

O melhor a fazer é verificar se os programas e periféricos que você usa regularmente podem ser usados no novo sistema. Veja a lista de compatibilidade no site VersionTracker e se ele não estiver, visite o site do fabricante e pergunte ao suporte técnico, seja insistente. Se a resposta for negativa, instale, mas com os cuidados de sempre (becape dos arquivos mais importantes e CD do sistema anterior, caso seja necessário fazer um downgrade). E, se você é um daqueles que participou da Pesquisa da Macmania dizendo que vai instalar o Mac OS X assim que botar as mãos nele, então, a atualização é mais do que necessária. É bem capaz de você não notar grandes diferenças entre um e outro, seja na performance ou nos problemas. Mas uma coisa é certa, nada mais será como antes. As mudanças vieram para ficar e vão ficar mais evidentes depois do X. Agora, não adianta mais sentir saudades. O futuro chegou.

Sérgio Miranda