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Macmania
Resenhas


Programas da Apple na língua pátria.

A Apple Brasil fez, e bem, a lição de casa. Neste início de milênio, ela conseguiu apresentar boas novidades para os macmaníacos brazucas: uma versão em português do Mac OS 9.1 e três aplicativos totalmente traduzidos - AppleWorks, iTunes e iMovie. E não é só. Também será distribuído o Teclado Pro versão ABNT, compatível com o layou... quero dizer, configuração de teclado original do sistema, permitindo acentuação sem traumas e sem usar as teclas Option. Tudo isso já instalado nos novos Macs saídos da fábrica. Com certeza, é uma boa maneira de entrar no século 21.




Ou não?

Muitos dos antigos usuários de Macs nunca se acostumaram ou sequer querem saber da existência de uma versão em português do sistema. Que dirá de um teclado com a maioria das teclas "fora de lugar"? E o pessoal que utiliza o programa QuarkXPress, que só funciona com o teclado e o sistema americano? (Veja como fazê-lo funcionar na seção Simpatips desta edição.)

SO Mac ou Mac OS?

O sistema operacional em português existe desde 1994 (Macmania nº 3, lembra?), quando ainda era o System 7. E desde aquela época ele provoca alegria na gente que veio do mundo Wintel, onde o Windows em português é o padrão, e ao mesmo tempo a ira dos macmaníacos mais tradicionais, que sempre estiveram do lado do sistema em inglês.

A verdade é que é a "localização" (no sentido de tradução) do Mac OS e de programas da Apple é um avanço e deve ser comemorada. E não só no sentido tecnológico da coisa. A Apple Brasil deixou o "nível 3" para tradução no nível mundial e foi elevada para "nível 2". No jargão da empresa, isso significa que somos os segundos na fila de tradução - imediatamente depois do lançamento das versões em inglês, espanhol, italiano, alemão, japonês e holandês, que com o Mac OS X passaram a sair juntas em um pacote único. A "promoção" implica que o mercado brasileiro se tornou mais interessante para a Apple. E não só isso: a tradução, que desde os primórdios era feita por aqui mesmo, agora passou a ser de responsabilidade do pessoal da sede, em Cupertino, com indicações feitas pela equipe brasileira de desenvolvimento.

Será que poderemos vislumbrar um tratamento melhor, vindo diretamente da matriz? Pode ser.

Vc quer tc?

O teclado em português que vem com os novos Macs é uma excelente notícia para o macmaníaco novato que acaba de chegar vindo do mundo Wintel, onde os teclados ABNT são o padrão, ainda que não uma unanimidade. Tradicionalmente, os Macs mais novos vinham com o teclado americano (há casos de iMacs Revisão A com teclados em espanhol - que horror!), exigindo combinações de teclas para conseguir a acentuação. Com certeza, a presença da tecla "ç" e a possibilidade de usar o layout brasileiro sem ter que adivinhar onde estão os acentos vai ser uma boa facilidade.

O teclado ABNT estava previsto para chegar ao Brasil em outubro, mas desde julho a Apple já vem vendendo os Macs com um teclado "abrasileirado" (na verdade, português de Portugal), que tem um pequeno problema. O sinal de arroba @ não aparece em cima do algarismo 2, que é seu lugar tradicional. Isso porque o caractere deve ser digitado como Option-2 e não Shift-2, que é a combinação de teclas usual. Piadas e impropérios dirigidos a esse teclado são inevitáveis. Mas quem não gostar dele pode solicitar sua troca pelo americano.

Mas há quem não goste do teclado ABNT ou já se acostumou a usar o teclado americano. Para esses, uma má notícia. Por questões de logística (as máquinas já saem de fábrica dos EUA com o teclado BR), a Apple Brasil não vai trocar o teclado brasileiro pelo americano. O sistema operacional, no entanto, poderá ser trocado pelo inglês, caso seja solicitado.

Os problemas e as soluções

Muitos dos problemas de compatibilidade foram resolvidos na versão anterior do sistema (a 9.0, apresentada na Macmania 71). O Mac OS 9.1 BR também permite a instalação da grande maioria dos aplicativos em inglês sem qualquer gambiarra ou macete (deixando nossa seção de dicas um pouco mais pobre, é verdade, mas é o preço do progresso!). Até mesmo um bug irritante, que travava o Finder quando se tentava acessar um outro Mac através de um atalho, foi consertado.

Mas melhor do que isso, algumas mancadas de terminologia da tradução anterior deixaram de existir. Réplica ou atalho? Esse problema foi detectado na tradução do Mac OS 9.0, onde no menu do Finder estava escrito Atalho (a mesma denominação utilizada no Windows), mas o que aparecia no nome do arquivo era Réplica (o termo inventado para o Sistema 7). Pois bem: venceu Atalho. Nem mesmo no Help (opa, desculpe: Ajuda Mac) aparece escrita a palavra Réplica. Bem, já vai tarde.

Outra pequena mancada que foi encontrada na versão anterior e também resolvida nessa atualização foi a tradução de crash por quebrar. Então, onde se lia "Se o seu computador quebra", leia "Se o seu computador falha". Ideal? Pode não ser, mas melhorou um bocado.

Ah, e não se esqueça de dizer adeus ao tal "Gerenciador Moderno", que agora se chama Memória Virtual - o nome verdadeiro dessa função do Mac OS.

Queremos programas!

De que adianta ter o sistema todo em português (todo também não: alguns nomes de arquivos, principalmente relacionados ao AppleScript, ainda estão em inglês, por questões de compatibilidade), se ao usar um aplicativo os menus voltam a ficar todos em inglês? Isso é o que perguntam os macmaníacos mais tradicionalistas, defensores do sistema norte-americano.

Bom, esse sempre foi um argumento muito forte contra a "tropicalização" do Mac OS. Era uma daquelas perguntas que não queriam calar nem mesmo se ameaçadas de pancada.

A Apple Brasil resolveu dar o primeiro passo para resolver essa pendência. Estão completamente "localizados" os três aplicativos da Apple mais importantes para o consumidor: iTunes, iMovie e AppleWorks. Finalmente podemos dizer que o AppleWorks tem um corretor ortográfico em português. Podemos digitar textos com errinhos básicos, que o programa corrige tudo no ato. E se ele não conhecer a palavra, você pode ensiná-lo, acrescentando-a ao dicionário. É claro que o corretor não é perfeito; longe disso. Mas finalmente existe.

O iTunes BR funcionou perfeitamente, rodando até em um Mac com o sistema em inglês.

O iMovie ainda tem alguns probleminhas, como caixas de diálogo com texto "estourando" e interrompidas pela metade, mas o tutorial está traduzido, o que é uma mão na roda para quem começar a criar seus próprios filmes. Além da Apple, a Adobe e Macromedia também fornecem versões em português de alguns programas importantes para Mac. O PageMaker 7.0 em português está prometido para setembro. Ou seja, os grandes começaram a se mobilizar para adequar seus produtos de Mac para o Brasil. Bem, nem todos os grandes. Só a Microsoft até agora não se mexeu para "localizar" o seu pacote de produtividade Office.

E o Mac OS X?

O Mac OS X foi lançado no final de março de 2001, revolucionando tudo o que os macmaníacos conheciam em termos de sistema operacional. E os brasileiros não vão ficar de fora dessa evolução. No início de setembro, a Apple Brasil lançou o Mac OS X em português (versão 10.0.3), vendida nas revendas Apple por R$ 330. A grande vantagem é que o novo sistema é multilingual, ou seja, acaba a história de querer o sistema em inglês e receber o brasileiro. Os dois vêm no mesmo CD (junto com o japonês, sueco, chinês, etc).


Cuidado para não pegar o teclado "sem arroba" e virar vítima da gozação eterna dos seus amigos pecezistas

That's it!

Assim como o OS X mudou tudo e é um caminho sem volta, a nacionalização dos produtos Apple também parece seguir essa trilha. A importância dessa estratégia é ampliar o mercado Mac no Brasil, com um computador e programas perfeitamente integrados com o usuário. Isso deverá abrir espaço para a Apple no mercado educacional, em aplicações governamentais e entre os usuários domésticos. E quem acha que isso é apenas uma maneira de cativar os novatos e atrapalhar a vida daqueles que sempre foram fiéis à plataforma e preferiam as coisas como estavam, uma lembrança: apesar de o Mac OS estar traduzido e o teclado ser brasileiro, os atalhos de teclado continuam os mesmos em relação aos originais. "Localizar" é Command-F, não Command-L, e "Obter Informações" é Command-I.
Não é como acontece no Windows, no qual o atalho em português é um e no inglês outro e, quando você roda um programa em inglês sobre um sistema em português, é um God help us (Deus nos acuda) com os atalhos divergentes. Para o Mac ainda falta muita coisa, mas pouco a pouco estamos chegando lá.




Sérgio Miranda
Fala português, inglês, macintoshês e windowzês.