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Macmania
Resenhas

Macmania 110 - agosto de 2003

Esta resenha do Logic foi uma epopéia de um ano. Nessa época recebi, animado, uma cópia de avaliação do Logic 5. Quando a matéria ia ser publicada, saiu a versão que roda no OS X. Porém, já havíamos devolvido o programa, que requer um dongle (proteção de hardware antipirataria) para funcionar, e não conseguimos obter uma nova cópia para avaliação. Nesse meio tempo, a Apple comprou a Emagic, criadora do Logic. Mas mesmo assim não conseguimos ter o produto para publicar a resenha. Por fim, há poucos meses saiu o Logic 6. E eu ainda estava usando a versão 4.7. Quando soube das novidades do programa e cansado de usar o Mac OS 9, decidi: "Chega! Vou fazer o update". E aqui estou, depois de muita enrolação, finalmente usando o programa.

Para quem pegou o bonde andando, estamos falando de um dos principais programas de produção musical - gravação e edição de áudio e MIDI -, oferecendo interface extremamente versátil e recursos avançados. Para os novatos, encarar o Logic 6 é enfrentar muita leitura pela frente, pois o manual é enorme! Para quem já é velho de guerra, a nova versão é um passeio. Porém, como "perdemos" a versão anterior, vamos recapitular primeiro o que veio com o Logic 5.x.

  • Mac OS X - A partir da versão 5.3, o Logic passou a rodar no OS X, embora mantendo um aplicativo separado para o OS 9.

  • XSKey - Certamente, a novidade menos empolgante do ponto de vista do usuário é o dongle XSKey, necessário para rodar o Logic. Ele ocupa uma das poucas portas USB do Mac e você ainda corre o risco de não poder usar o programa caso o pequeno dispositivo seja perdido ou dê defeito. Porém, não há como negar que o XSKey é uma idéia inteligente, pois acabou de vez com a pirataria do Logic (nunca vi uma cópia pirata desde que esse breguete apareceu). Por outro lado, o dongle armazena os códigos de autorização de outros plug-ins e programas da Emagic, de modo que basta plugá-lo em qualquer máquina para sair usando o programa e os plug-ins registrados.

  • Automação melhorada - A Emagic corrigiu a maior deficiência de seu programa. Seguindo o modelo "aprovado clinicamente" do Pro Tools, o Logic passou a contar com o melhor sistema de automação que eu já experimentei; mais eficiente do que o do Pro Tools. Isso porque, além de automação através dos modos Write, Latch ou Touch, você ainda pode visualizar e editar diferentes parâmetros automatizáveis de um canal ao mesmo tempo. E tão importante quanto isso é o fato de ser possível desligar a automação a qualquer momento, o que era impossível nas versões anteriores. Para completar, a caixa de ferramentas traz agora a Broken Arrow, que permite criar curvas de automação convexas, côncavas e em forma de S. Enfim, funciona que é uma maravilha.

  • Plug-ins e Sintetizadores - O Logic vem com uma grande variedade de plug-ins de efeitos, equalização e compressão. Não temos espaço para comentá-los, mas, acredite, dá para se divertir bastante. E a versão 6 traz mais alguns inéditos. Além disso o programa traz três sintetizadores integrados - ES ES Mono, sintetizador de baixo monofônico; o ES Ensemble, com sons de cordas; e o ES Poly para criar sons mais complexos - e você ainda pode testar o simulador de Rhodes EVP88, o leitor de sampler EXS24 II, os sintetizadores ES 1 e ES 2 e por fim o EVOC 20, um sensacional vocoder exclusivo para Logic. Todos esses instrumentos podem ser utilizados por períodos que variam entre 30 e 90 dias. Depois disso, só registrando os plug-ins para obter o código de autorização que será armazenado no seu XSKey. A Emagic de boba não tem nada, porque vai ser difícil passar sem algumas dessas maravilhas.

  • Mixer - A janela Mixer (a mesa de mixagem virtual) ganhou medidor de picos (peak meter) em todos os canais de áudio, incluindo instrumentos VST. Diz inclusive quanto do sinal está "estourando" acima de 0 dB, recurso fundamental para fazer ajustes de ganho nos plug-ins. Outra novidade abençoada é a possibilidade de escolher o que o Mixer deve mostrar: canais de áudio, bus, saídas, MIDI ou instrumentos VST. O Logic passou a integrar também a tecnologia POW-r (Psychoacoustically Optimized Wordlength Reduction), com três opções diferentes de dithering, recurso fundamental na hora de converter a mixagem para 16 (ou 8) bits.


    Configuração mais fácil

    Terminado o resumo das novidades da versão anterior, vamos falar finalmente do Logic 6, que traz recursos notáveis. Atendendo às preces dos mais novatos, o programa agora tem um assistente de configuração, em que você responde algumas perguntas do tipo "quantos canais pretende usar", "quais as interfaces MIDI conectadas", entre outros detalhes. Como muita gente reclama que o Logic tem uma curva de aprendizado muito íngreme, isso foi um bom adendo ao produto. Assim, é bem provável que você nem precise olhar para a tela Enviroment, temida por tantos.

    Em termos de interface, a grande inovação é a inclusão do channel strip na janela Arrange. Clique em qualquer canal de áudio, instrumento virtual, bus, MIDI ou master e você verá a "tripinha de canal" no lado esquerdo da tela. Nem é necessário dizer que isso economiza muitas idas e vindas entre as janelas Arrange e Mixer.

    O Logic 6 também conta com um novo e mais intuitivo plug-in de equalização, o Track EQ. Além de trazer oito bandas de modos fixos, já inclui um analisador de espectro embutido. Perfeito!

    Gerenciamento de memória

    Mas vamos falar das coisas realmente importantes, como os recursos inteligentes de gerenciamento de memória. O botão Freeze (congelar) agora está disponível em todo canal de áudio e instrumentos na tela Arrange. Sabe aqueles canais cheios de plug-ins que estão consumindo muito processamento de seu Mac? Pois então: ao acionar o "congelamento", o Logic processa rapidamente o som do canal em um simples arquivo estéreo, liberando a CPU para outros processos. O mais interessante é que nada muda, aparentemente. Você só não pode editar os parâmetros dos plug-ins nos canais congelados. O resto, como automação de volume ou mandadas de bus, pode ser feito sem problemas. Clique novamente no botão Freeze e tudo imediatamente volta a ser como antes.

    Vale ressaltar que o uso exagerado do Freeze pode gerar outro problema: excesso de fluxo de informação no acesso ao disco. De qualquer modo, esse é um dos recursos mais matadores que já vi num programa de produção musical e já vale o upgrade, pois possibilita que Macs mais antigos possam render muito mais.

    Para melhorar ainda mais, o Logic 6 traz a possibilidade de realizar Offline Bounces, o que significa realizar criar o arquivo final da mixagem mais rapidamente, sem ser necessário escutar a música. E isso ainda evita as mensagens de sobrecarregamento do sistema, como pode acontecer no modo Real Time. E a versão para OS X permite ainda fazer o bounce diretamente no formato MP3 (o Logic ainda pode importar MP3, além de outros formatos suportados pelo QuickTime).

    Canais agrupados

    A introdução de grupos de canais também foi outro grande avanço. É possível criar até 32 grupos de mixagem, edição ou ambos. Isso obviamente facilita muito a automação e ainda acelera incrivelmente a mixagem. Só senti falta de um algum atalho de teclado que permitisse ignorar o grupo e editar apenas um canal sem afetar os restantes, como ocorre no Pro Tools.

    O Logic 6 é capaz de abrir até 15 plug-ins por canal em vez dos oito de outrora. No entanto, a Emagic ainda não foi capaz de introduzir uma forma de mudar a ordem dos plug-ins a partir de um simples arrastar-e-soltar. Ou mesmo copiar o mesmo efeito para outro canal, como no Pro Tools. Como isso faz falta! Tudo tem que ser feito na unha e dificulta bastante o trabalho em alguns casos. Espero que estejam pensando nisso para a próxima versão.

    Sincronização de vídeo

    E o Logic continua a "importar" os bons recursos do Pro Tools. Para facilitar a sincronização de som e vídeo, o Logic cria, na janela Arrange, uma trilha com miniaturas das imagens.

    Melhor que isso é a possibilidade de direcionar um filme QuickTime no formato DV para a porta FireWire, permitindo sua visualização numa TV ou monitor de vídeo, se você tiver uma câmera de vídeo digital ou conversor de vídeo conectado ao Mac. Porém, esse recurso também rola apenas no OS X.

    Outra novidade é o Project Manager, que consolida todos os arquivos de mídia nos discos locais numa mesma janela, reconhecendo as dependências entre arquivos de áudio, instrumentos de sampler e filmes. Você pode realizar buscas, renomear arquivos, editar comentários ou mudar as referências para uma ou mais músicas. Todas as mídias podem ser salvas no novo formato "project", facilitando o arquivamento e transporte de sessões.

    A janela Arrange ainda traz diversos avanços, como a ferramenta Marquee Tool, que permite seleções e edição (mover, copiar, deletar etc.) independentes de sequências ou regiões de áudio. Você também pode aplicar Time Stretching diretamente no Arrange, de modo que o andamento do loop pode ser facilmente adaptado ao compasso escolhido. Além disso, há a possibilidade de esconder canais (Hide Track) sem afetar o playback, e pode-se contar com novos e maiores ícones.

    E quase ia esquecendo: as sessões criadas na nova versão abrem tranquilamente no Logic 5 (que obviamente ignorará os recursos que ele não possui, como o novo equalizador ou grupos de canais).

    Enfim, acho que tudo isso resume bem o que é o Logic 6. Poderia continuar escrevendo, mas acabou o espaço...

    Márcio Nigro
    Ainda não conseguiu se livrar completamente do Mac OS 9, mas está quase lá!

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