Illustrator 9
Transparências, Web e bugs a perder de vista
O que seria dos programas de ilustração se não
fosse a Internet? Durante anos, eles tiveram suas interfaces
refinadas para atender as necessidades dos artistas gráficos,
competindo acirradamente para trazer uma função
exclusiva que logo em seguida era copiada pelo concorrente. Hoje,
FreeHand, Illustrator e CorelDraw - os três principais -
têm praticamente as mesmas funções e ferramentas
de desenho. Escolher um ou outro é uma questão
subjetiva.
Mas eis que chega a Web, e novas necessidades surgem. Agora, todos
os programas que eram focados na produção de imagens
para Desktop Publishing precisam fazer GIFs animados e arquivos
Flash. A Macromedia saiu na frente com o FreeHand 9, totalmente
integrado ao Flash. Agora é a vez da Adobe.
O novo enfoque do Illustrator 9 já pode ser notado ao abrir
um documento: o programa pergunta se você quer trabalhar em RGB
ou CMYK (depois é possível trocar de espaço de
cores). O sistema de gerenciamento de cores é o mesmo do
Photoshop, eliminando, ao que parece, o problema de trabalhos que
mudam de cor de um programa para o outro.
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Finalmente a Adobe implementa transparências no Illustrator
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A palete de ferramentas ganhou mais duas novas aliadas para
facillitar a vida de quem faz desenhos complexos: a Lasso Tool e a
Direct Select Lasso Tool (respectivos correpondentes da Selection
Tool e da Direct Selection Tool). Os nomes são chocantes,
porém o que elas fazem? A mesma coisa que a "setinha preta" e
a "setinha branca", mas só que de uma forma mais
prática, quando você possui uma grande quantidade de
pontos. Elas selecionam objetos e pontos de uma
ilustração ao estilo cowboy, laçando-os.
Contorne o que você quiser e pronto. É provável
que, em ilustrações mais simples, essas duas
ferramentas fiquem empoeiradas, esquecidas.
O programa também ganhou um menu chamado Effect. Os efeitos
que podiam ser aplicados em bitmaps como drop shadows, blur,
texturas, agora são facilmente aplicados a objetos vetoriais.
Os objetos são convertidos em imagens com as devidas camadas
alfa (transparências, glows) mas com uma grande
diferença: o path vetorial continua existindo, e por isso pode
ser editado a qualquer hora. Os efeitos aplicados automaticamente
vão se adaptando e se trasnsformando, o que a Adobe chama de
Live Effects.
Os tais "efeitos vivos" são uma mão na roda.
Não será mais preciso desenhar no Illustrator, exportar
para o Photoshop, aplicar os efeitos e só depois mandar para a
Web. Outra coisa que deve ajudar a vida dos designers digitais
é o comando Pixel Preview, que deixa tudo, vamos dizer assim,
"bitmapeado". Dá para se ter uma idéia de como a sua
ilustração vai ficar quando for rasterizada pelo
Photoshop. Para reduzir a necessidade de anti-aliasing, as
ferramentas de desenho grudam (snap) no pixel mais próximo
quando se está trabalhando no modo Pixel Preview.
Para quem precisa fazer inúmeros objetos com as mesmas
características (sombra, contorno, espessura de linha, cores,
olha aí mais uma ferramenta para os webdesigners), agora
existe a palete Styles. Como o próprio nome diz, ela armazena
só os estilos de um objeto, que podem ser aplicados a outros e
até em textos.
Opções de exportação no Illustrator 9
não faltam, e a Adobe finalmente colocou entre elas o formato
Flash. O recurso é muito bem implementado. Você pode
mandar ver naquela interface cabulosa para aquele site moderninho,
sem correr o risco de perder nenhum detalhe, dimensão ou
cores. Toda a sua ilustração pode ser exportada em um
único arquivo Flash, separado por layers ou até
separado por frames.
Mas nem tudo funciona às mil maravilhas. Exportar fontes
antes de convertê-las para curvas, por exemplo, não
é uma boa idéia. O Flash 4 não conseguiu
reconhecer nem mesmo um texto em Times exportado do Illustrator,
enquanto no FreeHand isso é uma tarefa corriqueira.
Aquele logotipo para sua banda de heavy metal no qual você
aplicou o Gradient Mesh, imitando perfeitamente uma textura
metálica, quando exportado fica irreconhecível. Em
alguns casos, nem aparece. O recurso que foi o grande diferencial do
Illustrator 8 (ainda existe aqui no 9), foi simplesmente esquecido
pela Adobe na hora de criar seu conversor para Flash. Estranho, pois
o plug-in da Macromedia para o Illustrator 8 funciona perfeitamente
com o Gradient Mesh. Deve aparecer um update rapidinho consertando
esse bug.
Ainda aproveitando a deixa, o novo Illustrator gera
animações simples com o comando Release to Layers. Uma
série de objetos pode ser distribuída em layers e
depois exportada para um formato de animação qualquer.
Mais um truque que deverá ser bem recebido pelos criadores de
banners.
Os layers também vêm com novidades: um preview à
la Photoshop com todos os elementos da camada, e ainda sublayers.
Cada novo objeto que é inserido é separado em um
sublayer. Objetos agrupados têm a sua própria subcamada.
Confuso? Só no começo. Quando o susto passa (de ver
toda a sua ilustração separada objeto por objeto em
layers e sublayers), esse recurso se torna muito confortável.
É possível selecionar e consertar só aquele
"quadradinho" que está fora de posição. Uma boa
notícia: a grande decepção do Illustrator 8.0
foi redimida. Agora o programa também traz o recurso de
transparências. Todos os usuários estavam esperando essa
função, já que o FreeHand e o CorelDraw
já fazem isso há tempos. A espera valeu a pena. No
Illustrator, as transparências podem ser aplicadas a objetos,
grupos de objetos e até em layers inteiros como no Photoshop -
tudo feito por uma palete extremamente prática.
Pode-se fazer ao Illustrator a mesma crítica feita ao
FreeHand 9. No afã de fazer seu programa mais
"internético", a Adobe esqueceu de fazer mudanças
há muito pedidas pelos usuários do programa. Ainda
não há suporte para múltiplos layouts de
página e uma ferramenta embutida de autotracing decente. E,
já que estamos uniformizando o programa com o Photoshop, que
tal uma palete History? Bom, pelo menos agora temos a
transparência...
O programa vem com opções para salvar no formato SVG
(Scalable Vector Graphics), baseado no PostScript, que a Adobe vem
tentando emplacar como formato imagens vetoriais para a Web. O
formato nativo do Illustrator agora é um PDF editável
e, segundo a Adobe, será reconhecido nas futuras
versões do Acrobat Reader.
Quem é melhor no Flash?
Quem leva a melhor na hora de exportar um desenho em SWF para ser
editado no Flash 4: Illustrator 9 ou FreeHand 9? As diferenças
no Export to Flash dos dois programas são mínimas; mas,
no final, o Illustrator ganha em praticidade.
Todos os recursos encontrados no FreeHand estão presentes no
Illustrator. Mas a Adobe deu uma refinada a mais na interface e
acrescentou alguns itens interessantes.
No Illustrator é possível escolher se a sua
ilustração vai ser exportada como um arquivo .swf de um
único frame, se cada layer vai ser exportado para um frame, ou
ainda se cada layer será exportado como um arquivos.swf
separado. Mas cadê a opção de exportar os layers
como... Layers?
Quando o assunto é exportar objetos transparentes, o Illustrator
também leva a melhor. Ele manda os objetos com o canal Alfa
já definido, o que permite possíveis
edições no Flash. No FreeHand, o objeto é
recortado em vários pedaços para simular a
transparência, o que pode gerar arquivos maiores. Para piorar,
depois de exportado, ele não pode ser mais editado, a menos
que você tenha a paciência de regular a cor, pedacinho
por pedacinho!
Por outro lado, os bugs relatados com o Gradient Mesh e
exportação de texto do Illustrator irritam qualquer um.
Ou seja, esses programas ficarão bons mesmos para trabalhar
com a Web lá pela versão 10.
André Pires
É o "flasheiro" da Bookmakers.
Illustrator 9
Adobe
11-3061-9525
Preço: US$ 546
US$ 204 (upgrade da versão 8.0)
Transparências, finalmente. Recursos abundantes
para quem mexe com Web
Alguns problemas de estabilidade. Export para Flash
não funciona satisfatoriamente com o Gradient Mesh, nem com fontes
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