Flash 4
Esculpindo sites com maestria
O Flash é a grande mania dos Web designers, é não
é para menos. O fato desse programa, originalmente criado como ferramenta
de animação, trabalhar muito bem com imagens vetoriais, foi decisivo
para ele se tornar tão aclamado. O trabalho finalizado ocupa pouca
memória, o que o torna conveniente para a distribuição na
Web. Além disso, os designers que utilizam FreeHand, Illustrator e Corel
(ferramentas de ilustração vetorial) podem animar os seus trabalhos
sem ter em que mudar o ambiente de criação. Como qualquer nova
tecnologia, no começo apareceu uma infinidade de sites pouco criativos,
tudo com a mesma cara. Mas hoje estão surgindo verdadeiras obras-primas
talhadas a golpes de Flash. É surfar para crer.
O Flash de cara nova
De cara, você já percebe algumas das mudanças do Flash 4.
O novo desenho da timeline reflete a preocupação em reduzir o
número de passos para a execução de tarefas simples como a
de Create motion tween. Além de alguns botões que foram
acrescentados para agilizar o processo de produção, cada objeto pode
ser diferenciado dos que estão em outros layers através de uma
borda colorida (outline color). A palete de ferramentas agora incorpora as
funções hand, circle e retangle. Esta última, para a
alegria de muita gente, permite desenhar retângulos com as bordas
arredondadas. E com o recurso Edit In Place, pode-se fazer edição de
um objeto com todos os outros elementos na tela simultaneamente.
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A nova janela de timeline agiliza o processo de execução de diversas funções
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Como o Flash é em grande parte um editor de animação,
alguns recursos foram adicionados e outros melhorados. Um deles é o recurso
Onion Skin, que permite a visualização da posição do
objeto nos frames anteriores e posteriores ao atual, com a possibilidade de
especificar as quantidades de frames para frente e para trás. Já o
Smart Guide Layer faz com que um objeto percorra um caminho sobre uma guia que
pode ser desenhada e editada utilizando todos os recursos do Flash.
Em qualquer circunstância, quem vai desenvolver um site relativamente
grande não pode deixar de se preocupar com a organização do
conteúdo. Principalmente tendo em vista que algumas páginas precisam
ser redesenhadas ou atualizadas. E como no final os movies de Flash acabam
contendo diversos tipos de mídia (imagens vetoriais, imagens bitmap,
animações, botões e som), a nova biblioteca foi redesenhada
para permitir organizar esses elementos de maneira efetiva. Agora é
possível agrupar os elementos em pastas e ordená-los por nome,
data, tipo ou número de vezes que foram utilizados no movie.
Essa preocupação com a organização se estende
para o uso de paletes de cores. Com o Flash 4 é possível importar
e salvar paletes personalizadas que asseguram a consistência de cores em
todo o desenvolvimento do site.
Chegou a hora de publicar
Quando o projeto é finalizado, chega a hora de publicar. O comando
Publish, além de preparar o projeto em Flash para a Web (incluindo o
próprio HTML), pode criar imagens em diversos formatos que irão
aparecer caso o computador do usuário não possua o Flash Player.
Isso também faz com que o Flash acabe servindo como um ótimo editor
de Gifs animados.
Se a idéia é distribuir em CD-ROM ou até mesmo em
disquetes, o Publish pode criar projetores auto-executáveis para as
plataformas Mac e Windows. Ou seja, você pode criar um Flash Movie no seu
Mac e o usuário executá-lo em Windows sem a necessidade de um
browser.
Outra alternativa é a possibilidade de exportar Flash Movies no formato
QuickTime 4, característica bem interessante para quem trabalha com
vídeo e animação e necessita utilizar recursos animados
de gráficos vetoriais. Quando criamos um arquivo no formato QuickTime 4,
o Flash Movie é copiado para um track separado e todas as suas
características gráficas e de interatividade são mantidas.
Caso o Flash Movie possua um QuickTime em algum track, ele ficará como
um arquivo externo ao movie. A integração entre os dois
é tão grande que podemos utilizar um arquivo Flash sobreposto a um
QuickTime 4 e controlar a navegação do vídeo e adicionar
legendas, letreiros, efeitos de texto e animação. Considerando a
capacidade de streaming dos dois formatos, talvez essa seja uma nova
tendência para a Web.
Diferentes do comando Publish, os comandos Export Movie e Export Image
são recomendados para exportar o conteúdo gerado em Flash para ser
editado em outros aplicativos. Basicamente, existem dois formatos de imagens
passíveis de serem exportados: vetoriais (EPS, FutureSplash Player) e
bitmaps (GIF, JPEG, QuickTime 3, PICT).
Repete! Não ouvi direito
Todo mundo sabe a importância que a faixa de áudio tem em uma
peça multimídia. E o novo recurso que permite comprimir o
áudio no formato MP3 é uma grande sacada do Flash 4. Além da
alta taxa de compressão do MP3, o áudio pode ser disponibilizado em
streaming, o que facilita a utilização de longos trechos de
áudio, como locuções e trilhas incidentais. Existem
várias opções para ajustar a compressão, variando de
8 a 160 kilobits por segundo (nunca é demais lembrar aos desavisados que,
em geral, quanto maior a taxa de compressão maior é a
deterioração do sinal original). Além disso, os áudios
no formato streaming podem ser facilmente sincronizados utilizando a
edição visual da timeline.
Campos de textos editáveis
A crescente demanda de sites voltados para o comércio eletrônico,
bem como a necessidade de aplicações personalizadas, exige cada vez
mais a integração das ferramentas de autoria com os servidores Web.
O recurso de edição de campos de texto incorporado à
versão 4 permite desde a inclusão de campos para a entrada de
dados até a mudança de textos não-editáveis
utilizando fontes específicas que se alteram em função do
valor atribuído a uma variável.
O princípio é bem simples: ao se criar um campo de texto,
vincula-se a ele uma variável que determinará o seu conteúdo.
A alteração do valor da variável pode se dar através
da leitura de um aplicativo rodando no servidor Web ou através da coleta de
um valor qualquer em alguma outra parte do Flash Movie. Por exemplo, pode-se
modificar tabelas de preços, quantidades de produtos em estoque,
números de acessos, previsão do tempo, minutos que faltam para o
ano 2000 e até interessantes padrões de programação
visual que se alteram dependendo da interação do usuário.
Mas como modificar o valor da variável dentro do Flash 4?
Ação!
Através do novo ActionScript, além de se modificar valores de
variáveis, é possível criar coisas do arco da velha, como
interfaces arrastáveis e menus hierárquicos. A idéia por
trás das Actions é permitir graus mais sofisticados de
interatividade sem exigir do Web designer grandes esforços de
programação. Para isso existe um Action Tab onde estão
presentes vários parâmentros pré-definidos.
Caso exista a necessidade de recursos mais refinados, o jeito é
apelar para o editor de Expressions, que trabalha em conjunto com os Actions.
No editor de Expressions pode-se incluir operadores lógicos associados a
funções, que serão adicionados às linhas de
programação dos Actions. Essa quantidade de janelas ajuda
os não-programadores a categorizar os diversos componentes dos scripts.
No entanto, quem é programador pode achar esse ambiente um pouco
complicado demais para tarefas relativamente simples de programar.
Essa complicação bem intencionada sempre foi uma barreira para
quem queria ingressar no Flash e já tinha experiências anteriores
com outros programas de edição de animação/autoria,
como o After Effects, Director e Authorware. Junto com a versão 4,
são distribuídos tutoriais interativos que melhoraram muito em
relação às versões anteriores e cobrem os aspectos
gerais do programa.
Conclusão
O Flash mudou para melhor. Um grande passo foi dado no sentido tirá-lo
do seu estágio de ferramenta de animação vetorial para
ingressar no maravilhoso mundo dos ambientes de autoria. Ainda assim, falta um
pouco para se tornar uma ferramenta madura, principalmente no que se refere a
recursos de programação. Outro buraco que definitivamente falta
ser preenchido é a adição de recursos de 3D que se beneficiem
das imagens vetoriais. Não faltam exemplos na Web de designers que utilizam
o Flash para extrair resultados que simulam 3D, e quem já tentou sabe o
trabalho que isso dá. Por ora vamos nos contentar com o Flash 4
disponível também em português, que já é
uma grande coisa.
Gian Zelada
Programa em Flash na Mamute Mídia.
A caminho da padronização
Para todos os desenvolvedores, a necessidade do plug-in ainda
é uma barreira na hora de se vender um site que utilize Flash.
Mas não faltam argumentos para que cada vez mais as pessoas se
familiarizem com a idéia de incorporar o Flash em seus sites.
Além de ser executável em várias plataformas
(Mac, Windows, Solaris, Linux), de acordo com uma pesquisa divulgada
pela Macromedia, 76,8% dos usuários da Web (mais de 100
milhões de pessoas) estão habilitados para executar
Flash em seus browsers sem a necessidade de download ou qualquer
instalação adicional. Segundo essa pesquisa, esse
número é maior do que o de usuários que tiveram
êxito em visualisar conteúdos em Java (61,9%).
Para que esse número continue aumentando, a Macromedia
disponibilizou gratuitamente em 1998 o formato de arquivos Flash
(SWF) na Internet. Significa que qualquer desenvolvedor pode
incorporar esse formato de entrada e saída de arquivos em seus
produtos. Empresas como Apple, IBM e Quark já integraram essa
tecnologia. Quem quiser saber mais sobre as
especificações do formato deve acessar
www.flash.com/open. Outra iniciativa é a
disponibilização gratuita do código-fonte do
Flash Player, o que significa que desenvolvedores de browsers, web
consoles, palmtops e outras empresas poderão habilitar seus
produtos para a execução de arquivos no formato SWF.
Mais informações:
www.flash.com
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