Com ou sem acento?
Atire a primeira pedra quem nunca digitou uma palavra errada. Quando você escreve em seu Mac,
erros de digitação são impossíveis de evitar. Sempre sobra um "s" ali, fica uma cedilha desnecessária
acolá. São erros bobos assim que podem destruir o seu trabalho, mesmo que você esteja com inspiração
de literato. Há também os casos clinicamente chamados de "síndrome do esquecimento ortográfico".
É aquela situação em que você não lembra de cabeça se aquele "a" leva crase ou se "bagaça" é com "ss" ou "ç".
É por motivos como esse que todo editor de texto que se preze tem entre as suas funções um corretor ortográfico,
e todo grande dicionário dispõe de uma versão eletrônica. O problema é que o Mac, embora seja um computador
largamente utilizado em editoras e agências de publicidade, sempre foi muito fraco em termos de corretores
ortográficos. No entanto, de uns anos para cá a situação melhorou bastante. As opções não são tão variadas
quanto no mundo PC, mas o que há disponível no mercado não decepciona o mais filólogo dos macmaníacos.
AppleWorks
O conjunto de aplicativos para escritório da Apple tem corretor ortográfico para português.
Não há segredo para usar: no Writing Tool (menu Edit), selecione o português como dicionário
padrão. É só teclar Command + = para o corretor funcionar.
Mesmo tendo um bom vocabulário incluído, o dicionário do AppleWorks apresenta um problema fatal:
contém palavras em português de Portugal, mesmo com o nome de "Ortografia Português-Brasil".
Vocábulos como "detetive", "vôo", "idéia", "eletrônica" ou "correção" são acusados como incorretos,
e o programa sugere grafar "detective", "voo", "ideia", "electrónica" e "correcção". Você até pode acrescentar
à mão as palavras brasileiras no dicionário do usuário, mas não consegue remover as portuguesas. Assim
sendo, dá pra usar, mas é meio chato.
O corretor funciona em quase todos os aplicativos do pacote, tanto na versão do Mac OS clássico quanto
na do OS X. Agora, a parte chata: para obter o dicionário em português, não vale ter a versão em
inglês e tentar baixá-lo pelo site da Apple. O verificador só está disponível nos pacotes completos
vendidos em português, que segundo algumas revendas, estão meio difíceis de encontrar. Que tal fazer
um abaixo-assinado para a Apple Brasil liberar o dicionário para usuários do AppleWorks em inglês?
Aurélio Século XXI
Por muito tempo, ele foi considerado sinônimo de dicionário no Brasil. A sua versão eletrônica para
Mac não desmente a fama. São 435 mil verbetes, definições e locuções. E dizem que uma pessoa culta
sabe cerca de 10 mil palavras. Com certeza, é muito mais do que você vai aprender a vida toda, mesmo
sendo um rato de biblioteca. E é a única opção do tipo para macmaníacos, enquanto o Houaiss e o
Michaelis não chegam em sua versão eletrônica para o Mac. Dos dicionários para o Mac, é sem dúvida
o mais completo e mais bem acabado. Dificilmente uma palavra não estará nele. Sua integração com o
Mac OS é muito boa. Para instalar, é só arrastar o ícone do programa do CD para o HD. Depois que
você se acostuma com o Aurélio virtual, fica muito mais prático e fácil do que consultar o "tijolão"
na sua versão física. O único problema dele é não poder ser utilizado como corretor ortográfico, o que reduz sua utilidade.
Um função interessante é a sua capacidade de procurar palavras pelo sufixo ou prefixo. É só digitar
"*logia", por exemplo, que vem uma lista com palavras terminadas assim. Ideal para pretensos poetas
que não sabem rimar. A opção serve também para resolver palavras cruzadas: basta entrar com coisas
como "a++s+". Esse código, por exemplo, acha todas as palavras com cinco letras que começam com
"a" e têm "s" na quarta posição.
A área de transferência (clipboard) é editável e o dicionário contém um editor de texto bem completo.
Faz de tudo: abre e salva arquivos e permite até incluir imagens e movies. Não tem corretor automático,
mas para consultar uma palavra é só dar um duplo clique.
Por enquanto ele só roda no sistema clássico, mas há boatos de que em breve sairá uma versão para o Mac OS X.
Eudora
Já é batido dizer que o email é uma ferramenta de comunicação rápida, etc. e tal. Mas essa velocidade
pode criar o vício de não se corrigir corretamente os textos das mensagens. Eu mesmo às vezes nem
releio o que escrevi. Quando se está conversando com um amigo, erros de ortografia não são problemas.
Mas em assuntos profissionais, a coisa pode complicar. Um corretor em português embutido no cliente de
email é a melhor saída para os preguiçosos inveterados.
A opção para nossa língua é o Eudora 5 (leia mais sobre ele na Macmania 92). Suprema vantagem é o
fato de o programa e o dicionário serem de graça. Ou melhor: você tem que aturar uma pequena janela
de propaganda; mas se você não quiser poluir a sua tela, é só pagar US$ 39,95. Para usar o corretor
em português, é só ir até a página de línguas estrangeiras do site do
Eudora
e baixá-lo. Para instalar, coloque os dois pequenos arquivos do português na pasta Spelling Dictionaries,
dentro da Eudora Stuff. A correção é feita de modo automático. Como no Word, as palavras erradas são
sublinhadas em vermelho. No entanto, também existe um modo manual. É só trocar na opção Settings do menu Special.
O bom é que dá para usar mais de um dicionário de língua ao mesmo tempo.
Quanto ao léxico, ele é razoável; só fica a dever em uma ou outra palavra mais difícil. É possível acrescentar
as suas próprias palavras.
Excalibur
Um corretor ortográfico facílimo de usar, com uma extensa base de palavras, compatível com o Mac OS X
e totalmente de graça. Difícil de acreditar, mas ele existe: é o Excalibur. O vocabulário está em português
de Portugal, mas o programa permite converter seus dicionários em arquivos de texto (genial!). Ou seja,
basta alguém (você, por exemplo) com saco para traduzi-lo para o "brasileiro". De resto, ele funciona
às mil maravilhas, abrindo e corrigindo textos do Word, BBEdit e outros processadores de texto (não abre do AppleWorks).
Também tem uma função muito útil (que por enquanto só funciona no Mac OS clássico), que é corrigir o texto que
está na área de transferência (Clipboard). Ideal para quem quer checar um texto rapidinho antes de mandá-lo por email.
Nisus Writer
Entre os editores de texto para Mac, o Nisus é o que melhor alia simplicidade com funcionalidade.
Além de ser relativamente barato, só o fato de contar com um corretor ortográfico em português e ocupar
pouco espaço na memória o torna a melhor opção para quem não aguenta mais usar o Word. O Nisus está em
sua versão 6.5; ainda não roda no Mac OS X.
A biblioteca original do corretor para português é a mais pobre dentre as que testamos. Termos como
"mamata" ou "prosopopéia" não estão na sua lista. No entanto, é possível adicionar novas palavras no
"dicionário do usuário". Depois de incluir a nova palavra, ela constará como se fosse parte do dicionário
original, para qualquer outro arquivo no qual você pedir para dar uma checada. Com algum tempo de uso, você
terá um dicionário formado na maior parte pelos termos e nomes mais utilizados por você. Só é preciso cuidado
para não incluir palavras erradas.
Além de tudo, o Nisus conta com um belo contador de palavras, que calcula o tamanho médio das frases e
parágrafos, e uma ferramenta de busca/troca que dá nó em pingo d’água. Para fazer a verificação
ortográfica é simples: tecle Command - G ou vá ao comando Check Spelling, no menu Tool. Se o
corretor acusar que a palavra não existe, mas você tem certeza de que ela está certa, é só clicar em Add.
Ultralingua
Não é um dicionário de português, mas um tradutor. Mesmo assim, decidimos incluí-lo nesta matéria,
por ser bastante útil e feito com a ajuda de brasileiros. No mercado educacional norte-americano,
o dicionário Ultralingua é bem cotado no setor de aprendizado de línguas. A versão português-inglês,
feita pelo IEBRAS, tem cerca de 250 mil palavras traduzidas. A vantagem é que ele inclui termos
técnicos, gírias e expressões idiomáticas. A desvantagem é que não há definições das palavras, já
que este não é o objetivo do programa. Ele é uma boa ajuda na hora de tirar dúvidas ortográficas
ou para saber como se escreve por extenso "568.948.933" em inglês.
Usá-lo é o ato mais simples que se pode imaginar. Há um campo para digitar a palavra e embaixo um
lugar para a tradução. Escreva a palavra e aparecerá a correspondente em inglês. O programa roda
tanto no sistema clássico como no OS X. O Ultralingua utiliza até o Speech do Mac OS para você
treinar a pronúncia. É possível baixar uma versão demo e usar de graça por 30 dias.
Word 98
O pacote Office da Microsoft já tem até versão para o OS X (leia matéria nesta edição).
Mas quem quiser tirar a prova dos nove e passar o corretor ortográfico em português nos
seus textos terá que usar o antigo Office 98 mesmo. Esta é a única versão para Mac do mais
famoso editor de texto que inclui um dicionário na nossa língua. O Word 98 não está mais à
venda, mas mesmo assim, resolvemos incluí-lo nesta matéria para ver se alguém na Microsoft
se lembra de que um dia ele já teve dicionário em português e não seria um trabalho tão
avassalador torná-lo compatível com a versão atual.
O modo como ele faz a correção dos textos é conhecido de todos. No processo de escrita, ele
vai sublinhando em vermelho as palavras que o programa desconhece ou julga estarem erradas.
A vantagem é que já dá para ir corrigindo o que está errado durante o próprio processo da
digitação. Mas, com o tempo e para aqueles que escrevem mais fluidamente, o recurso se torna
um pouco chato. O recomendável é desabilitar esse e outros "autômatos" do Word, como mudar
automaticamente para caixa alta (maiúscula) a primeira letra de cada frase. É possível incluir
novas palavras no dicionário, como no Nisus. O maior problema é o mesmo do AppleWorks:
tem palavras em português de Portugal.
Como não é uma versão nova, esse software só roda no sistema clássico. Existe uma gambiarra
que faz o dicionário funcionar (aos trancos e barrancos) no Entourage, do Office 2001; mas se
você estiver tão desesperado, vale mais a pena usar outro dos programas aqui comentados.
Daniel Roncaglia
Passou esta matéria por todos os corretores e verificou nos dicionários pra não sair nada erado.
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