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Macmania
Resenhas


Por Oswaldo Bueno

Cena 1: Você está em um bar, abre seu Titanium e ele se conecta automaticamente ao celular no seu bolso, que, por sua vez, conecta-se à Internet.

Cena 2: Engarrafamento de pelo menos uma hora no caminho para sua casa. Você saca seu celular, baixa seus emails, responde alguns e depois clica na pasta Games para uma partidinha de Doom.

Cena 3: Você está finalizando um trabalho. Toca o celular; imediatamente aparece na tela o nome e o número de quem chamou.

É o seu cliente mala. Você seleciona uma resposta educada na Agenda do OS X, dizendo que está ocupado com um trabalho extremamente importante e não pode atender o telefone. Em seguida, fotografa (com o celular) o material impresso que está sobre a mesa e envia a foto para o cliente, para ver se ele acalma.

Bacana, não? Parece ficção, mas tudo isso é possível hoje.
A Apple saiu na frente nessa história de "wireless" (comunicação sem fio), com o lançamento do AirPort em 2000. Agora ela se prepara para manter sua posição de destaque em uma nova tecnologia, o Bluetooth, que é suportado desde setembro pelo Mac OS X e já vem embutido nos novos PowerBooks. Nos demais modelos, basta plugar um adaptador Bluetooth na porta USB para o seu Mac poder se conectar via rádio com celulares ou outros equipamentos que utilizem essa tecnologia.

Bluetooth é "A" tecnologia da temporada Primavera/Verão de 2003. Conforme veremos a seguir, ela ainda está dando seus primeiros passos (mesmo tendo sido proposta inicialmente em 1994), mas deve amadurecer rapidamente nos próximos meses, com o suporte que vem dado a ela pela Apple, Microsoft e todos os fabricantes de celulares e PDAs.

Ainda no beta

O Bluetooth (homenagem a um rei viking que uniu os povos do Norte da Europa que não costumava escovar os dentes) foi criado por um consórcio de fabricantes de celulares para melhorar a comunicação entre telefones e computadores, substituindo o problemático infravermelho.

Bluetooth e AirPort não são tecnologias concorrentes: são complementares. Se o AirPort é a "Ethernet sem fio", o Bluetooth é o "USB sem fio". Alguns entusiastas acham que em breve surgirão redes locais de computadores via Bluetooth. Mas um pouco disso ainda é especulação, principalmente no mundo Mac. A Apple já indicou que dificilmente suportará redes baseadas em Bluetooth, focando seu esforço de desenvolvimento na conexão de periféricos.

O suporte à tecnologia Bluetooth no Mac OS X ainda está em implantação. É perfeitamente utilizável, mas faltam certos componentes, e alguns paus de conexão podem ocorrer. Até aí tudo bem, porque o próprio padrão Bluetooth também está em desenvolvimento. No entanto, existem muitos recursos já consolidados que já poderiam ter sido implementados no OS X.

A troca de arquivos entre um Mac e um aparelho com Bluetooth é feita por um programinha chamado Intercâmbio de Arquivos Bluetooth (Bluetooth File Exchange, ou, para resumir, BFE), presente no Mac OS X 10.2 dentro da pasta Utilitários (Utilities). Ele é um aplicativo minimalista, que poderia ser melhorado em vários aspectos. Ele não tem interface alguma: a única forma de iniciar uma transferência é arrastando arquivos para o ícone do aplicativo. Colocar o ícone do BFE no Dock para facilitar é uma boa idéia para quem vai usá-lo intensivamente.

Outra característica que incomoda no BFE é ele pedir que você escolha um destino para cada arquivo quando tenta transferir vários de uma vez. Custava perguntar se todos devem ser enviados para o mesmo dispositivo? Durante os testes, o BFE chegou a travar enquanto procurava outros dispositivos, o que obrigou a forçar o encerramento (Force Quit) dele. Mas foi só abrir o programa novamente para tudo voltar ao normal.

Bluetooth no Palm

Além de celulares, outro aparelho em que faz todo sentido ter uma conexão Bluetooth é o Palm. O novo Tungsten T já vem com Bluetooth embutido, mas qualquer Palm com suporte a cartões de memória SD/MMS (como o m130 ou o m515) pode utilizar um cartão Bluetooth. Quando instalado, metade dele fica para fora, porque tem o dobro do comprimento de um SD normal. O software Bluetooth que acompanha o cartão é só para OS 9 e não instala no ambiente Classic. É preciso restartar pelo 9 para instalar. Mesmo assim, tivemos um problema: ele procura a pasta de usuário na pasta do Palm Desktop (como era na versão 3) e não na Documentos (como é na versão 4). Achando a pasta certa, porém, ele instala direitinho. Depois, é só voltar para o OS X para fazê-lo funcionar.

HotSync via Bluetooth é uma maravilha, apesar de ser tão lento quanto via berço (cradle) USB ou IR, mas com a vantagem de você não precisar alinhar visualmente o Palm com o IrDA do Ti. Apesar de o Palm aparecer como item a ser sincronizado no iSync, quem comanda a sincronização é o HotSync Manager.

O maior problema do Palm é o preço do cartão Bluetooth: US$ 130, nos EUA. Por esse preço, é bom analisar se não vale mais a pena vender seu Palm atual e comprar um Tungsten T com Bluetooth embutido.

Mac e celular

Com o Bluetooth, um novo elemento se junta ao esquema do Hub Digital (nome dado à estratégia da Apple para tornar o Mac o centro de sua vida digital). É o telefone celular. Não aquele seu velho celular que serve apenas pra chamadas telefônicas, mas uma nova geração de celulares, que embute capacidades dignas de um computador de verdade - os tais SmartPhones. Eles mandam e recebem email, rodam programas variados, tiram fotos e podem ampliar em muito a mobilidade dos usuários de laptops.

OK, o celular é o mais novo e importante membro do tal Hub Digital, e você não pode deixar de ter um. Mas o que é possível fazer com um celular na mão e um PowerBook no colo? Algumas sugestões:

  • Usar o telefone como modem para navegar na Internet de qualquer lugar (desde que esteja na área de cobertura, é claro).
  • Sincronizar a lista de contatos e compromissos entre Agenda, iCal e o celular.
  • Transferir arquivos (Fotos, ring tones, programas) para o celular.
  • Usar o Mac como interface do telefone.

Cool! E como fazer isso?
Bem, vamos por partes.

O celular como modem

Para quem usa um PowerBook ou iBook e quer acessar a Internet de qualquer lugar, é necessário adquirir um telefone (ou cartão PCMCIA para dados) que suporte uma das tecnologias abaixo - cada uma com suas vantagens e desvantagens

GSM CSD
Circuit Switched Data
O telefone se comporta como um modem comum. A velocidade é bem baixa, variando entre 9,6 e 14,4 kbps (dependendo da operadora). Você pode se conectar a um provedor de acesso, como faria com uma linha discada convencional. A tarifa é baseada no tempo de uso e você não poderá receber nenhuma ligação enquanto estiver conectado, como ocorreria durante um telefonema normal.
Além de conexões entre computadores, você pode usar o CSD para receber e enviar fax.
Em uma conexão CSD, dizemos que um circuito telefônico foi aberto entre dois pontos, e ele é mantido não importando se os dados estão sendo transmitidos ou não.
Normalmente é cobrado por tempo de uso, o que não é muito barato.

GSM HSCSD
High Speed Circuit Switched Data
Evolução do CSD, com mais de um canal usado para se comunicar com a operadora. Por exemplo, a indicação 2+1 mostra que o celular é capaz de usar dois canais para download (28,8 kbps) e um para upload (14,4 kbps). Também é tarifado por tempo.

GSM GPRS
General Packet Radio Services
O GPRS, diferente do CSD/HSCSD, não mantém um circuito telefônico aberto, mas opera com "pacotes" de dados, como em uma rede Ethernet. Você compartilha o canal de dados enquanto não estiver transmitindo dados/pacotes, permitindo que sua conexão à Internet esteja sempre ativa, mesmo que você não esteja navegando. Normalmente, conexões GPRS são tarifadas por quantidade de dados transmitidos (KB/MB). Para usar o GPRS, você precisará que a operadora informe o APN (Access Point Name), usuário e senha.

CDMA 1xRTT
One Carrier Radio Transmission Technology
Tecnologia de pacotes disponível para redes CDMA, com conexões de até 153 kbps. Assim como o GPRS, é tarifado por quantidade de dados transmitidos e necessita de login e senha.

Além desses, dois tipos de conexão de "banda larga" devem estrear no início de 2003: o GSM/TDMA EDGE, uma evolução do GPRS com conexões de até 473 kbps, permitindo transmissão de vídeo; e o CDMA 1XEVDO (1X Evolution Data, também chamado de CDMA 2000), que pode chegar a 2,4 Mbps.

Ligando o Mac ao Celular

Os tipos de conexão disponíveis para fazer seu celular falar com o Mac

Cabo RS232
O popular "serial de PC". Você precisará de um adaptador RS232/USB (como os da Keyspan, vendidos no Brasil pela MacDataLands) para conectar-se a um Mac de modelo recente. Se você ainda tem um Mac com interface serial, será necessário um adaptador DB-9 para MiniDIN-8. É o tipo de conexão mais propenso a dar erros, por depender de adaptadores, drivers e gambiarras. Fuja deles.

Cabo USB
É a interface mais simples de usar: ao se plugar o telefone no USB, o Mac o reconhece automaticamente como um modem USB. Não é tão chique como o Bluetooth, mas funciona.

IrDA
Alguns PowerBooks, iBooks e os primeiros iMacs (Rev. A e B) possuem interface infravermelha (IrDA). Nenhum Mac vendido atualmente possui essa interface, o que prova que a Apple se convenceu de que o Bluetooth é o melhor caminho. A comunicação é sem fio, mas obriga você a manter o notebook e o telefone com os transmissores infravermelhos alinhados. O IrDA pode ser interessante para quem quer usar o telefone com um PDA.

Bluetooth
Em janeiro, a Apple lançou os primeiros PowerBooks com Bluetooth embutido. É provável que os modelos mesa também passem a vir com essa tecnologia. Um pequeno adaptador USB implementa o Bluetooth no seu Mac. Há os da D-Link (não vendidos no Brasil) e os da MSI (US$ 70). Desvantagem: ocupam uma porta USB e deixam o laptop com um "rabinho". O modelo da MSI, na verdade, deixa um "rabão", com mais do dobro do tamanho do D-Link (na foto, ambos estão na mesma escala). O MSI foi o único que achamos no Brasil, mas a tendência é aparecerem logo várias outras marcas disputando esse mercado. Como a Apple não desenvolveu driver para adaptadores Bluetooth no formato PC Card, vai demorar para aparecer um adaptador nesse formato.

PC Card (PCMCIA)
Interface encontrada nos PowerBooks. Basta inserir o cartão que o Mac o reconhece como um modem PC Card. Só que isso não é garantia de que ele vá funcionar direitinho.

Não importa a interface usada: para o Mac, ela é sempre uma conexão serial. Se você escolher a opção "Connect Using a Terminal Window", ou usar um programa de terminal como o ZTerm, verá que o celular responde a comandos AT (por exemplo, ATZ, ATD, ATI), como faria um modem tradicional. No GSM CSD/HSCSD, basta escolher a opção Null Modem 115200 e preencher os campos de login, senha e número do telefone do PPP para efetuar a conexão. Para conexões 1XRTT, entre com #777 como número do telefone. Já para conexões GPRS, você precisará de um script de modem ou usar a opção "Connect Using a Terminal Window". Vários scripts podem ser baixados so site do Ross Barkman (www.taniwha.org.uk). Para conexões GPRS, você deve informar a APN no lugar do número de telefone. Consulte sua operadora para obter esses dados.
MacDatalands: 11-3662-2733
Digitat (MSI): 11-3887-8797 www.digitat.com.br
BellMicro (MSI): 11-3266-6583 www.bellmicro.com

Sincronize seus dados

Programas que podem ajudar a passar seus dados do Mac para o celular e vice-versa


iSync
www.apple.com/isync
Atualmente o iSync é compatível somente com alguns telefones da SonyEricsson (há uma lista exata dos modelos no site da Apple), e somente via Bluetooth. Embora Steve Jobs tenha, durante o lançamento do iSync, anunciado que ele suportaria SyncML, a versão 1.0 ainda não é compatível.
Dos telefones em que tivemos oportunidade de testar o iSync, ele só funcionou com o SonyEricsson T68i. O Nokia 7650 e o SonyEricsson P800, ambos com Bluetooth e SyncML, não foram reconhecidos pelo iSync.
No teste com o T68i, o iSync foi muito fácil de configurar e usar. Enviamos cerca de 250 contatos (Agenda) e uma pequena lista de eventos (iCal). A operação levou vários minutos, muito mais do que esperávamos. Ao termino, o T68i estava com todos os contatos e seus vários telefones.

É a cura para o trauma de quem já precisou cadastrar dúzias de telefones através do teclado de um celular. Mas é uma pena que a versão 1.0 não seja compatível com mais modelos de telefones.


SIM Express
www.idexpress.fi/en/index.html
Shareware finlandês (em se tratando de telefonia, isso não é de surpreender) para OS 9 e X. Bem rústico, mas funcionou com o Siemens S45, via IrDA.
Permite editar diretamente a lista de telefones, sendo possível usar o teclado do Mac para cadastrar os telefones. Ele importa e exporta a lista em arquivo texto (no esquema Nome [Tab] número), o que, dependendo do programa onde estão cadastrados os seus telefones, pode ajudar a transferi-los.


Phone Manager
www.macmedia.sk
Para aparelhos da Nokia (6210, 6310, 6310i), este programa de origem sueca (também não surpreende) permite sincronizar a agenda de telefones, gerenciar mensagens SMS e instalar programas, logos e ringtones. A versão não registrada só possibilita conexão através de cabo serial com o adaptador USB da Keyspan. Bluetooth e IrDA ainda não suportados. A Macmedia também produz o LogoSender X, que envia arquivos para aparelhos Nokia.


T68iDialer
https://homepage.mac.com/smertz/public
Permite discar para um número de telefone de dentro de qualquer programa Cocoa.


T68 Theme Edit
https://homepage.mac.com/tobiaslidskog/T68ThemeEdit/index.html
Editor de temas do T68, para personalizar imagens e cores de texto e fundo.



Ericsson Client e MobileSync SE
https://homepage.mac.com/jonassalling/Shareware/index.html
Para os que não querem gastar uma grana com um adaptador Bluetooth, o MobileSync permite sincronizar telefones e eventos entre seu telefone Ericsson e o Entourage. O Ericsson Client instala ringtones e imagens de fundo.

logoBEAMER X
https://nanuk.at/logobeamerX
Programa austríaco que envia arquivos para aparelhos da Siemens.