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Problemas de acentuação?

Como evitar a via crucis da conversão de textos entre Mac e PC

Talvez você seja daqueles que vivem tentando abrir em seu Mac documentos de texto criados em programas de PC que vêm com a acentuação toda zoneada - isso sem falar nos emails em que acontece a mesma coisa. E você deve se perguntar freqüentemente por que raios isso acontece.

O primeiro grande problema da conversão de textos entre plataformas reside em algo chamado ASCII, termo que significa American Standard Code for Information Interchange (código padrão americano para intercâmbio de informações). Trata-se de um sistema de código padronizado utilizado nos computadores e impressoras para letras, números, sinais de pontuação e caracteres invisíveis como Return, Tab, Backspace etc. O ASCII é o que permite o intercâmbio de informações entre programas e computadores diferentes. O problema é que ele padroniza os caracteres ocidentais utilizados na língua inglesa, o que significa que os acentos ficaram meio de fora do padrão. Ou seja, ele não é um padrão internacional de fato para acentuação, de modo que Mac, Windows, DOS e outros sistemas interpretam os acentos de formas não equivalentes.

Existem outros padrões adotados por diferentes plataformas, como os ISO-8859, que foram adotados pelo mercado PC e por todos os protocolos modernos de troca de dados via Internet. Há também o todo-poderoso Unicode, que compreende caracteres não-ocidentais. Embora esteja sendo gradativamente adotado, ele ainda deve demorar para ele entrar efetivamente em prática.

É claro que você não terá nenhum problema se possuir a versão Mac do Microsoft Word instalada. Sendo o Word o processador de textos dominante na plataforma Windows, é quase certo que qualquer documento de texto que você receber de um usuário de PC terá sido feito nele. E aí basta passar o documento de uma máquina para outra no formato .DOC, mesmo, que ele vai abrir com todos os acentos no lugar.

Mas quem não tem o Word, o que faz? Obviamente, a solução mais fácil - e cara - seria comprar o Office 98. Mas, se você está contente com seu AppleWorks, comprar o Office só para converter arquivos não é muito sensato. Então, o que fazer?

Bem, mudar para os Estados Unidos e escrever só em inglês não é a saída mais prática nem barata (sem contar que é preciso o visto do consulado). Voltar para a máquina de escrever também parece estar fora de cogitação. Assim, a primeira coisa a se fazer é aprender a salvar os textos que vão do seu Mac para um PC e vice-versa.

Você já deve saber que quase todos os processadores de texto oferecem a opção Save As (Salvar Como) no menu File. Se você vai mandar um documento para alguém que usa Windows, é bem provável que essa pessoa use ou pelo menos tenha o Word 95 ou 97, da Microsoft (alguém usa outro processador de texto no Windows? O Notepad não vale).

Caso tenha certeza de que a pessoa vai abrir o arquivo no Word, a melhor coisa a fazer é salvar o documento nesse formato. Se você não possui o Office 98 e nem está a fim de comprá-lo, o negócio é utilizar o AppleWorks 5.0 (sucessor do ClarisWorks), que vem no CD dos iMacs. Para fazer isso no AppleWorks, basta selecionar Save As e, na janela que aparece, selecionar no menu pull-down inferior a opção Microsoft WinWord. Acredite, testamos as várias opções desse menu e essa foi a que deu mais certo. Não se esqueça de nomear o arquivo com a extensão .DOC, para que o Windows identifique o arquivo como um documento de Word. Evite também usar acentuação em nomes de arquivos, afinal, para que complicar?


Formatos alternativos

Porém, poderá haver ocasiões em que será necessário passar um texto para alguém que vai abri-lo em outro processador de textos ou programa de editoração eletrônica que não consiga importar documentos do Word.

Aí existem duas alternativas mais comuns: os formatos RTF (Rich Text Format) e TXT (Text). Este último não é o mais recomendável, pois ele utiliza o padrão ASCII, e os acentos não serão mantidos na hora de fazer a troca entre as plataformas.

Já o RTF foi desenvolvido pela Microsoft como um meio "universal" de trocar arquivos entre programas de diferentes plataformas, preservando a aparência do texto, como fontes, cores, negrito, itálico etc. Também retém as informações referentes ao layout dos parágrafos (margens, espaçamento de linhas e estilo). Ele funciona freqüentemente para passar arquivos de Mac para PC, mas não é tão "universal" quanto diz a Microsoft, e pode não funcionar em alguns casos.


Do PC para o Mac

Mas a questão se complica mesmo quando falamos em arquivos de PC que têm de ser abertos num Mac sem Word. Tentamos, aqui na redação, abrir no ClarisWorks o mesmo texto gerado no Word 97 de Windows e gravado em três formatos diferentes: DOC, TXT e RTF. Resultado: o formato DOC nem abre e os outros apresentaram problemas com acentuação.

O ASCII Converter é a salvação na hora de converter a acentuação

A situação é difícil, mas não há motivo para desespero. Para resolver esse impasse, uma alternativa simples é baixar o ASCII Converter, um shareware (US$ 10) bem prático e funcional que faz a conversão de acentos nos arquivos de PC para Mac OS e vice-versa. Você ainda pode selecionar o tipo de arquivo que vai ser gerado depois da conversão, sendo possível escolher entre Word, Excel, SimpleText, BBEdit, Nisus Writer, QuarkXPress, PageMaker e vários outros. Basta arrastar um ou mais documentos para o ícone do ASCII Converter e pronto! Os acentos estarão todos no lugar certo.

É claro que existem alguns inconvenientes. Você talvez tenha que limpar vários caracteres estranhos que podem aparecer antes e/ou depois do texto convertido (coisa comum, principalmente quando se converte arquivos tipo DOC). Além disso, o texto vai perder sua formatação original. Mas isso são apenas detalhes e, pelo menos, você não terá que corrigir todos os acentos na unha.

Se você tiver email, uma outra solução - menos adequada - é pedir para a pessoa lhe mandar o texto no corpo da mensagem de email, para que você possa depois copiá-lo e colá-lo em um documento do ClarisWorks, por exemplo. No entanto, esse processo também implica em perda da formatação de texto, e também corre-se o risco de ocorrer erros na conversão dos acentos, caso alguma das máquinas por onde passa a sua mensagem pela Internet não faça a conversão de caracteres. Além disso, as mensagens de email costumam vir com as linhas quebradas. Para corrigir isso, o melhor é usar um shareware como o TextSoap, que limpa todos os caracteres esquisitos que costumam aparecer em mensagens de email.

Resumindo: mesmo sem o Word é possível sobreviver à selva da acentuação, onde cedilhas e vogais acentuadas tomam formas esquisitas. Em último caso, comece um abaixo-assinado para abolir a acentuação da língua portuguesa. Daí, todos esses problemas vão ser, enfim, resolvidos. É difícil, mas pode ser mais barato que comprar o Officce 98.


ISO ou aquilo?

Cada tabela definida no padrão ISO-8859 contem até 256 caracteres, incluindo os 128 da tabela ASCII básica, atendendo às necessidades de alguns idiomas que utilizam escritas alfabéticas (mas não ideogramas). Por exemplo, a tabela ISO-8859-2, chamada de "Latin-2", é usada em países como Polônia e Eslováquia, que adotam o alfabeto latino com letras e acentos especiais; a ISO-8859-5 contém o alfabeto cirílico, usado na Rússia e outros países da Europa oriental. O padrão Unicode define uma megatabela que poderá ter até 65.536 caracteres, incluindo todas as tabelas do padrao ISO-8859, os alfabetos não-latinos de idiomas como árabe, hebraico e sânscrito, e milhares de ideogramas chineses, japoneses, coreanos etc. Enfim, todas as principais línguas usadas no mundo são representadas no Unicode. Pena que, por enquanto, ainda sejam raros os sistemas operacionais, e mais raros ainda os aplicativos, que "entendem" a codificação Unicode. O Mac, por exemplo, está no meio do caminho. O Mac OS tem suporte ao Unicode desde o Mac OS 8, mas os programas ainda não o suportam.

A tabela de caracteres padrão usada pelos browsers de Mac, PC ou Linux, em todo o mundo, é a ISO-8859-1, ou "Latin-1", que contém os caracteres acentuados do português e de todas as línguas da Europa ocidental. Há vários anos o Windows adotou uma tabela, chamada pela Microsoft de "Codepage 1252", que inclui todos os símbolos da ISO-8859-1 e mais 24 símbolos especiais como "bullet", TM (trademark) e travessão. Infelizmente a Apple, por ser pioneira no mercado de DTP, teve que resolver o problema da acentuação antes de surgir o padrao ISO-8859, e adotou uma tabela incompatível com essa norma.

Márcio Nigro
Acha que os acentos são como as multinacionais: tão aí e não dá para negar.