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O rei do blues no sábado 20, no Via Funchal, em São Paulo |
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Na quarta-feira 17, no Rio: bluesman sem idade |
O CASACO DE VELUDO MARROM cobria o colete dourado enquanto B.B. King ajeitava-se numa cadeira vermelha, de onde não se levantou até o final do show, às 23h50, no sábado 20. “Eu voltarei!”, prometeu o rei do blues, pouco depois de enxugar “as lágrimas” de sua lendária guitarra com um lenço branco. “Lucille começa a chorar”, brincou ele, no encerramento da terceira apresentação em São Paulo. Do início ao fim do espetáculo, o bluestar de 84 anos emocionou a plateia que lotou o Via Funchal. Foi um show bonito, cheio de graça, de papo e improvisos. Inesquecível.
O tempo não existe para Riley Ben King. Ou existe de outro jeito que não conhecemos bem. Sua música parece deixá-lo atemporal. Não há diabetes, nem hipertensão, nem joelhos comprometidos que lhe arranquem a alma de garoto. Ele se requebrava sentado, atirava palhetas e colares da turnê a fãs de 13, 20 e 50 anos e elogiava mulheres bonitas na plateia. “Não estou morto”, mencionou mais de uma vez, provocando risos. E fazia caras e bocas ao produzir os sons mais incríveis na velha e companheira guitarra, que parecia repousar como um bebê em seu colo. A voz poderosa de B.B. King estava ali, intacta, mesmo que menos frequente em quase duas horas de show. Trazido pelo Bourbon Street, ele se apresentou no Rio, em São Paulo, em Brasília e encerraria a passagem pela América Latina em Buenos Aires. Pelo grau de disposição do bluesman, não vai parar por aí. Se era para ser uma turnê de despedida, B.B. King parece ter desistido.