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Paulo Betti e Cristina Pereira comandam a montagem
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A PARTIR DE UMA SITUAÇÃO surreal - a tartaruga Harriet, às vésperas de completar 200 anos, relata a um historiador os marcos que testemunhou no decorrer do tempo -, Juan Mayorga expõe em A Tartaruga de Darwin a perpetuação da perversão do ser humano.
O autor relaciona acontecimentos como o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, com a falta de escrúpulos dos personagens de sua peça, todos (com exceção de Harriet) interessados em agir unicamente em proveito próprio. A "mensagem" de Mayorga é clara e pertinente. Entretanto, há problemas de construção que prejudicam o texto, em especial no que se refere às transições nem sempre muito críveis por que passam os personagens.
O rendimento do elenco sofre com as fragilidades do material original. Cristina Pereira apresenta um trabalho de composição minucioso para a tartaruga que evoluiu(?) para a forma humana, valendo destacar o registro de voz. Paulo Betti e, principalmente, Rafael Ponzi (ambos acumulam a direção do espetáculo) fornecem leituras convencionais de seus papéis. Vera Fajardo defende com garra uma figura ingrata. A cenografia, composta por uma grande casca de tartaruga, e a iluminação despontam como destaques de uma produção bem cuidada.
(14 anos) D.S.W.
Sesi - av. Graça Aranha, 1, Rio, tel. (21) 2563-4164. Até 15/11.