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O cantor e compositor apresenta ótimo nível melódico e poético
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AO SURGIR EM 1982, o grupo Titãs se chamava Titãs do Iê-Iê, numa alusão ao Iê Iê Iê, o rótulo criado para designar a música pop produzida na primeira metade dos anos 60.
Vinte sete anos depois, um dos cérebros mais criativos daquele grupo iniciante, Arnaldo Antunes, já em carreira solo desde 1993, lança ótimo disco intitulado... Iê Iê Iê.
Produzido por Fernando Catatau, um dos melhores guitarristas da cena pop nacional, o álbum tem um tom dançante e desencanado que contrasta com o som experimental, de inspiração concretista, feita por Arnaldo no início de sua trajetória individual. A faixa-título é de autoria do ex-titã com Marisa Monte e Carlinhos Brown, parceiros também na funkeada canção "Vem Cá".
Em Iê Iê Iê, Arnaldo filtra sob ótica inteligente influências de rock romântico, twist, surf music e de trilhas de filmes de faroeste, entre outros elementos que moldaram o pop seminal dos anos 60.
O mérito do disco é não patinar no terreno pueril dessas referências - tal como feito pela Jovem Guarda, a versão tupiniquim do Iê Iê Iê. A cultura pop dos anos 60 é revitalizada com a inspiração que norteia a obra autoral de Antunes. As 12 inéditas ostentam ótimo nível melódico e poético, com destaque para a canção "Longe" e para "Invejoso", faixa na qual salta aos ouvidos o toque personalíssimo da guitarra de Catatau. Um dos discos do ano. Mauro Ferreira