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Ben Thomas (Smith) se torna presença constante na vida de sete pessoas |


DESDE Independence Day, que estrelou em 1996, Will Smith se tornou sinônimo de gordas bilheterias. Com exceção de Lendas da Vida e Ali (que não foi bem mais lhe rendeu uma indicação ao Oscar), todos os seus filmes ultrapassaram a barreira dos 100 milhões de dólares – e Smith faz pelo menos um por ano. Os mais recentes, Eu Sou a Lenda e Hancock, bateram os 200 milhões. Seja comédia, drama ou ação, seu carisma atrai multidões e o astro faz questão de diversificar. Difícil prever o desempenho de Sete Vidas. Seu personagem mais melancólico até hoje, Ben Thomas pode tanto conquistar os fãs do melodrama quanto afugentar o público que, em tempos de crise, busca o cinema como escapismo. Sob a batuta do italiano Gabriele Muccino, que o dirigiu em À Procura da Felicidade, Smith interpreta um funcionário da receita federal deprimido e traumatizado por algo mantido em suspense até o fim da narrativa. Fica claro, contudo, se tratar de uma jornada com pretensões redentoras.
Thomas se torna presença constante na rotina de sete pessoas sem nenhum vínculo aparente, a não ser o fato de terem graves problemas de saúde ou pessoais. Woody Harrelson está ótimo na pele de um cego e Rosario Dawson brilha como a doente cardíaca que vai suscitar emoções para as quais Thomas não estava preparado. O romance entre eles rende momentos ternos, o problema é que Muccino eleva o tom dramático ao limite do insuportável. Da música aos personagens, tudo é triste ao extremo. Smith é convincente. Seus atos despertam compaixão mesmo quando ainda se desconhece sua verdadeira natureza. A charada em torno das motivações do protagonista se revela um tanto óbvia. O astro merece crédito pela ousadia do desencanto mas, desta vez, pode ter criado uma armadilha para si mesmo. (14 anos) Suzana Uchôa Itiberê