 |
Sergio Britto protagoniza um dos trabalhos mais interessantes em cartaz no Rio |
PEÇAS DE SAMUEL BECKETT, A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras 1 são contrastantes no que se refere às indicações para suas ambientações: na primeira, um refúgio sombrio, onde Krapp revive o passado ao ouvir a própria voz num gravador; na segunda, um espaço desértico habitado por um homem que não consegue concretizar o desejo de beber água. Mas há pontos de conexão entre os textos. Um deles reside na questão da impotência - diante da passagem do tempo ou da morte - através de figuras confinadas em espaços pré determinados, ainda que em situações diversas. Em Krapp, o personagem simplesmente não sai, ao passo que em Ato 1 é controlado por uma invisível instância superior.
A diretora Isabel Cavalcanti conduz Sergio Britto com segurança, valendo destacar a expressão algo perplexa e o discreto movimento das mãos em Krapp. A concepção da montagem resulta da integração entre as oportunas atmosferas criadas por Fernando Mello da Costa e a iluminação de Tomás Ribas. Talvez se possa questionar apenas o acabamento da cenografia na lateral esquerda do palco em Krapp e a complicada (e demorada) mudança espacial na passagem entre as peças. A música de Tato Taborda reforça em excesso o caráter de tensão na cena. Restrições, porém, que não ameaçam um dos trabalhos mais interessantes em cartaz no Rio. (16 anos) Daniel Schenker Wajnberg
Oi Futuro - r. Dois de Dezembro, 63, 7º andar, Rio, tel (21) 3131-3060. Até 28/9.