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Drica Moraes em cena de peça que critica o acúmulo de informações |
ESTRELAS: 

A FIGURA da pesquisadora, que cumpre solitariamente a tarefa de ler e organizar notícias reveladoras do caos que impera no mundo contemporâneo, suscita observações perspicazes em A Ordem do Mundo - algumas delas relacionadas ao fascínio pelo acúmulo de informações que as torna cada vez mais descartáveis.
O quadro apresentado pela autora, Patrícia Melo, ilustra com precisão o contexto atual, mas o texto sucumbe justamente ao excesso que parece criticar. A sobrecarga verborrágica estéril (na maior parte do tempo) impede que o material dramatúrgico adquira fluência em cena.
Dirigida por Aderbal Freire-Filho, a atriz Drica Moraes demonstra competência na execução técnica exigida para a alternância de composições bastante marcadas, ainda que o momento em que sua voz se desarma, já próximo ao final do espetáculo, seja particularmente bem-vindo.
Restrições à parte, A Ordem do Mundo não surge destituído de interesse. É possível traçar analogias, mesmo que longínquas, com a dramaturgia de autores como Samuel Beckett e Harold Pinter, devido, em especial, ao estabelecimento da situação algo nonsense e também à concentração da ação num único ambiente. A personagem permanece, pelo menos até certo ponto, confinada numa espécie de abrigo apocalíptico, concepção cenográfica de Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque. (D.S.W.)
Teatro Clara Nunes - r. Marquês de São Vicente, 52, 3º andar (Shopping da Gávea), Rio, tel. (21) 2274-9696. Até 30