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Heath Ledger (à dir.): Bob Dylan foi um dos últimos papéis do ator, morto em janeiro |
EXIBIDO na última Mostra Internacional de Cinema de SP, Não Estou Lá dividiu os críticos. Muitos consideraram- no, não sem razão, um dos filmes mais instigantes do ano. Outros simplesmente não gostaram, derrubados pela total despreocupação com a biografia de seu objeto (no caso, o cantor Bob Dylan), pelo tom quase anárquico da montagem não-linear, bem como pelo uso de seis atores diferentes para interpretar o músico (incluindo uma mulher, Cate Blanchett – genial – e um negro).
O uso de diferentes atores pelo diretor Todd Haynes (Velvet Goldmine), traduz as metamorfoses de Dylan, um músico que descobriu a liberdade antes da técnica. Não há preocupação em entender seu estilo de vida. Cada fase é mostrada como se ele fosse alguém diferente, perfeita tradução para suas contradições. Detalhe: os personagens têm nomes diferentes, e Dylan só é citado numa imagem.
Não Estou Lá desafia nossa tendência a buscar definições para tudo. Qualquer tentativa de síntese é reducionista. É como ir a uma Bienal de Arte e parar diante do novo quadro de algum artista genial. Uns odeiam, outros apenas não entendem, mas muitos vão parar e se deixar imantar pela contagiante pulsão criativa. Vale comparar com No Direction Home (disponível em DVD), documentário mais tradicional, feito em 2006 por Martin Scorsese. Marcelo Lyra |