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Atores se desdobram em vários personagens |
EM LIGAÇÕES PERIGOSAS, de Choderlos de Laclos, a história da marquesa de Merteuil e do visconde de Valmont se passa no final do século 18, em Paris. Em Quartett, a peça de Heiner Müller baseada no livro, a mesma trama se ambienta em qualquer tempo, em qualquer grande cidade, mostrando que liberdade de comportamento ainda pode chocar.
A versão brasileira do espetáculo traz Beth Goulart e Guilherme Leme nos papéis principais. Beth, em interpretações vigorosas, além da provocadora e manipuladora marquesa, é também a ingênua Cécile e mesmo Valmont. Leme é o visconde nos embates com Merteuil e Cécile, mas se transforma ainda na delicada madame de Tourvel.
A iluminação ajuda a mostrar ao público quem são os personagens em cena, porque não há os artifícios das mudanças de cenários e das trocas de figurinos - que, aliás, lembram peças de Jean Paul Gaultier dos anos 80. Mas são os atores os responsáveis por tornar críveis as mudanças de personalidade. E eles fazem isso muito bem.
Na montagem, falta tempo apenas para que o envolvimento emocional do visconde com Tourvel seja mais que uma mera provocação à marquesa, e isso diminui um pouco o impacto do enredo, que já foi contado no cinema, mais recentemente, por Stephen Frears. A trilha sonora também não tem brilho. A idéia de mesclar música erudita a guitarras pode até sugerir que desde o século 18 até hoje uma história como essa é possível. O problema é que lembra aqueles grupos chatinhos do chamado metal melódico.
CCBB - r. Álvares Penteado, 112,
São Paulo, tel. (11) 3113-3651. Até 20/04.
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