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Johnny Depp e Helena Bonham Carter protagonizam o filme, baseado em musical da Broadway |
MUSICAL
O CINEASTA Tim Burton é um caso raro de profissional atuante há 20 anos nos grandes estúdios de Hollywood e que construiu uma filmografia autoral e inconfundível - sempre em tons sombrios e fantásticos e com poucos verdadeiros sucessos de bilheteria. É um diretor para ser cultuado, assim como sua fascinante parceria com Johnny Depp, que se tornou astro também criando uma persona cinematográfica esquizóide. De Edward Mãos de Tesoura a A Fantástica Fábrica de Chocolate, passando pelo admirável Ed Wood, esta associação chega ao sexto capítulo com o corajoso musical dark Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.
Em seu primeiro musical com atores reais - depois das experiências com bonecos cantantes em O Estranho Mundo de Jack (que produziu) e A Noiva-Cadáver -, Burton adapta aqui o vencedor do prêmio Tony, de autoria de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler, e leva às telas uma sangrenta e trágica história de amor e vingança. É preciso gostar do formato e não se incomodar com o clima pesado para embarcar nessa magnífica aventura cinematográfica.
A belíssima fotografia de Dariusz Wolski veste-se de tons frios e esmaecidos para ganhar vida toda vez que o intenso vermelho-sangue jorra nas telas. Figurinos e direção de arte foram indicados ao Oscar 2008. E o humor negro da trama vem de encomenda para o estilo de Burton e Depp. Este, não à toa, também foi indicado ao Oscar, repetindo o feito com o primeiro Piratas do Caribe (Oscar 2004), quando igualmente recebeu a indicação de ator principal por um papel caricato.
O trio principal fecha-se com a também ótima presença de Helena Bonham Carter, mulher de Burton desde que trabalharam juntos em O Planeta dos Macacos e que desenvolveu forte química em cena com Depp. Além disso, é impossível não se deliciar com os talentos coadjuvantes de Alan Rickman, Timothy Spall (ambos da série Harry Potter) e Sacha Baron Cohen (Borat). Burton arma um filme de perturbadora beleza e afiado senso estético, um acréscimo digno e relevante a uma das mais interessantes carreiras do cinema atual. Christian Petermann
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