Perfil
Ricardo
Soares emplaca ‘salsicha’ em festival
Divulgação
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O
vencedor Ricardo Soares |
Cristian
Avello Cancino
Além
de ter produzido a chuva de balões de gás que caiu sobre o público
do Credicard Hall no encerramento do Festival da Música Brasileira,
sábado 16, a Globo também foi responsável pela criação da banda
do vencedor do concurso, Ricardo Soares, 33 anos. “Foi o Renato
Ladeira, diretor artístico do festival, quem sugeriu os nomes dos
músicos”, diz o autor de “Tudo Bem Meu Bem”, uma espécie de iê-iê-iê
pós-moderno que nasceu de uma briga entre o autor e sua mulher,
Maria Inês.
De
seu apartamento em São Paulo, Soares elogia o júri que foi hostilizado
em coro no último sábado, quando, entre vaias, o público gritava
“é marmelada”. “Eles foram corajosos. Gostaram da música e não tiveram
vergonha de gostar. Num banquete francês, o júri preferiu comer
um hot-dog”.
A salsicha,
no caso desse hot-dog, foi fabricada com referências pop das mais
variadas, temperada com jovem guarda, Caetano Veloso e Wilson Pickett.
“A música é um produto que remete a referências consagradas, pois
minha intenção não é criar algo novo, mas um produto agradável”,
explica Soares. O que não necessariamente pode se tornar vendável.
É o que responderá João Araújo, diretor da gravadora Som Livre e
também presidente do júri, que vai produzir o primeiro disco de
Ricardo Soares.
Assim,
Soares não vai mais trabalhar criando páginas na web ou programando
computadores, sua atual ocupação. Na sala de estar de sua casa,
o motivo: reluz o troféu de vencedor do festival, significando os
R$ 400 mil de prêmio. O que vai fazer com o dinheiro? “Não tenho
idéia. Quero trabalhar no disco, já tenho 15 músicas prontas para
ele.” Quem diria.
Soares
chegou a São Paulo há dez anos, diretamente de Sapucaia do Sul,
no Rio Grande do Sul, com um tio. Tinha uma proposta de emprego
na área de informática. Lá na cidade pequena tinha banda, tocava
em bares, mas em São Paulo, quando tentou alguma coisa com música,
não teve sucesso. Só computadores. Há cerca de um mês deixou o trabalho
e se concentrou em “Tudo Bem Meu Bem”. “Queria só projeção, mas
não acreditava que ganharia o festival”, conta.
Depois
de ter sido avaliado por um júri de onze especialistas como melhor
compositor que Luiz Tatit ou Walter Franco, Soares abre um sorriso:
“Tá todo mundo querendo entender o que aconteceu e eu tô me divertindo”.
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