Perfil
Patrícia
Melo sobe o morro
Alessandro
Giannini
Luciana
de Francesco |
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A
autora: subida informal ao morro da Rocinha ajudou a compor
cenário |
Apontada
como um dos novos valores da literatura policial brasileira, a paulistana
Patrícia Melo também atua como dramaturga e roteirista de cinema
e televisão. Inferno é seu quarto romance e o que considera
o de maior fôlego. “Esse é o meu livro que pára em pé”, diz ela,
fazendo referência ao tamanho do volume e a uma anedota clássica
envolvendo a escritora Rachel de Queiroz.
Patrícia
escolheu como temas o Rio de Janeiro, as favelas e a organização
do tráfico. Queria falar da periferia e de situações-limite. “Em
São Paulo, esse tipo de coisa acontece muito distante de onde a
gente está”, afirma ela. “No Rio, os morros estão muito próximos
e isso faz com que a cidade participe ativamente de tudo.”
Nascida
e criada em São Paulo, Patrícia morou em um luxuoso apartamento
no bairro de Higienópolis até julho do ano passado, quando mudou-se
para um apartamento no Rio de Janeiro, no bairro Jardim Botânico.
Garante que a troca de cenário em sua vida privada nada tem a ver
com o livro. “Eu estava trabalhando nele quando me mudei”, afirma.
“Tinha escrito pelo menos vinte capítulos.”
Acostumada
a trabalhar com pesquisa de campo, limitou-se neste romance aos
livros e aos noticiários. Aventurou-se nos morros somente uma vez,
quando foi ao aniversário de uma de suas empregadas no morro da
Rocinha. “Foi uma visita informal”, revela. “Quando mergulhamos
muito nas pesquisas, corremos o risco de fazer reportagem. Eu queria
evitar isso.”
Paralelamente
ao lançamento do livro, Patrícia aguarda o resultado de suas adaptações
para o cinema de O Caso Morel, cujas filmagens foram interrompidas,
e Bufo e Spallanzani, que o diretor Flávio Tambellini está
finalizando nos EUA – ambos de Rubem Fonseca. Há também a adaptação
de O Xangô de Baker Street, romance de Jô Soares, pelo diretor
Mauro Faria. “Foi um ano de muito trabalho”, diz ela.
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